Cinema em Alvorada
De sumiço de figurino a marmita perdida em acidente de moto, confira os perrengues que a Alvoroço já superou para produzir seus filmes
Produtora independente existe há 11 anos e já contou com famosos em suas produções
Em Alvorada, um grupo de pessoas, há 11 anos, supera todas as pindaíbas possíveis para realizar um sonho: produzir cinema.
À frente da Alvoroço Filmes, está Evandro Berlesi, 42 anos, morador do bairro Sumaré. Ele acumula as funções de roteirista, cinegrafista, editor, produtor executivo, produtor de elenco, figurinista e o que mais for necessário. De 2007 até hoje, a Alvoroço já produziu cinco longas-metragens – alguns deles, exibidos na TV, em canais como o Cine Brasil TV, ou em praça pública em Alvorada, para milhares de pessoas.
Abaixo, confira alguns dos "perrengues" superados pela Alvoroço em seus 11 anos de produção cinematográfica:
O figurino sumiu
Por motivos financeiros, cada ator é responsável por cuidar de seu figurino. Jerry Lucas, na noite de 24 de outubro, perdeu, ou teve furtada, em um bar, a mochila com todo o look do detetive Tony Dodói: calça, camisa, relógio, óculos e distintivo. O que mais deixou a equipe chateada foi o sumiço da camisa, ao estilo Agostinho Carrara, de A Grande Família. Dificilmente, se encontrará outra igual. Sem figurino, Jerry ficou arrasado porque não poderia gravar as cenas finais de Algo de Errado Não Está Certo ao lado de Werner Schünemann. O roteirista Evandro Berlesi deu um jeito: Tony Dodói foi colocado em uma missão secreta, disfarçado de mendigo.
De limousine e a pé
Na cena final de Eu Odeio o Orkut (2011), os personagens saem de limousine da cidade. Porém, após passarem pelo pórtico de entrada de Alvorada, acabou o tempo de aluguel do veículo, que precisou ser devolvido. Os atores, incluindo duas jovens de vestidos de festa, precisaram voltar a pé para o Centro.
Flagrado no bailão
Dá um Tempo! (2008) foi lançado no auge da pirataria do DVD. Cópias do filme circularam por toda Alvorada, sendo assistidas por milhares de moradores do município. Diz a lenda que uma das cenas, gravada em um bailão conhecido da cidade, acabou causando o fim de um casamento. O marido foi flagrado pela esposa dançando com outra.
Lucro minguado
Cidade Dormitório (2018) é o único drama lançado pela Alvoroço. O filme foi, recentemente, selecionado para o MoziMotion Film Festival, na Holanda – a equipe, por motivos óbvios, não viajou à Europa para acompanhar o evento. Levou dois anos para ficar pronto e rendeu apenas R$ 800.
Perda da marmita
Em uma das filmagens, o colaborador Paulo Ricardo Amaral, mais conhecido como Gaúcho Amaral por sempre andar pilchado, saiu para buscar o almoço da galera – garantido graças à parceria com uma churrascaria. Na volta, Amaral caiu de moto com as marmitas, espalhando-as pelo asfalto. Ainda meio tonto, ligou para avisar que, apesar do tombo, “de nove, havia conseguido recuperar oito”.
No Rio, sozinho
Eu Odeio o Big Bróder (2014) conta a história de um flanelinha que tenta entrar no reality show. A cena final do filme se passa no Rio de Janeiro, mas o orçamento, obviamente, não permitia a viagem da equipe para gravar. Evandro conseguiu apenas uma passagem aérea, que foi cedida para o ator da cena, Marcelo Maresia. O ator viajou sozinho para o Rio, levando consigo a câmera do filme. Após um apelo via Facebook, Evandro contatou um cinegrafista carioca, que se prontificou a pegar Marcelo no aeroporto, levar até o Projac (os estúdios da TV Globo) e realizar as tomadas restantes. O diretor salienta que, para complicar a missão, não tinha autorização da TV Globo para filmar no Projac. Mas tudo acabou dando certo.