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Novembro Azul

Lista de espera da Capital tem 3,9 mil solicitações para proctologia e urologia

Para uma consulta com o urologista, o tempo pode chegar a quase um ano. Já a média de espera para ser recebido por um proctologista é de mais de sete meses

27/11/2019 - 11h00min

Atualizada em: 27/11/2019 - 11h02min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Durante o mês de novembro, uma série de ações busca prevenir e conscientizar sobre o câncer de próstata, que atinge os homens. O principal especialista médico relacionado a este atendimento é o proctologista. Ainda em se tratando da saúde do homem, há o urologista, que atende casos relacionados aos órgãos do trato urinário e do sistema reprodutor. 

Porém, enquanto há um intenso estímulo e campanhas para que os homens procurem o médico e reforcem o cuidado com a saúde, a espera por atendimento nestas áreas é longa em Porto Alegre. Para uma consulta com o urologista, o tempo pode chegar a quase um ano. Já a média de espera para ser recebido por um proctologista é de mais de sete meses.

As duas perspectivas são para casos gerais, não os considerados urgentes. Os dados são sistema de regulação de consultas especializadas (Gercon) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Para secretaria, números vêm diminuindo

O tempo de espera para consultar com  um médico não é o único item extenso desta lista. Conforme os dados da SMS, em outubro – período mais recente divulgada pela pasta –, 3.974 solicitações esperavam por atendimento. Destes, 1.122 pedidos eram para consulta especializada com proctologista e 2.852 com urologista.

Os número ainda são altos, até mesmo no entendimento da SMS, mas vêm diminuindo. Em relação ao mesmo mês do ano passado, a fila da proctologia diminuiu 65,7% – eram 3.278 solicitações em 2018. No caso da urologia, a redução foi de 55,9% – em outubro passado, havia 6.480 pedidos aguardando atendimento. 

– Na verdade, essas duas filas ainda estão em fase de resolução. Elas já foram maiores e, agora, estão sendo qualificadas pela regulação, principalmente com revisão de casos antigos, na tentativa de priorizar quem precisa ser atendido – explica a coordenadora da Regulação Ambulatorial da SMS, Fabiane Mastalir.

Atendimento de alta complexidade

Conforme a coordenadora, o município sabe das dificuldades enfrentadas nas duas especialidades. Fabiane diz que a maior dificuldade está nos casos que precisam de atendimento de alta complexidade, como os casos cirúrgicos.

– Quando conseguimos contemplar o atendimento dentro dos nossos centros de especialidades, a espera é reduzida. Os casos mais complexos são os que encontram dificuldade. Mesmo assim, temos uma meta de atender casos prioritários em até 25 dias – explica Fabiane.

A coordenadora ressalta que a classificação do paciente pode ser revista no sistema pelo clínico da atenção primária. Assim, caso um paciente seja colocado na lista de casos gerais, mas apresente piora, seu médico da UBS pode lhe encaminhar novamente, pedindo prioridade no atendimento. 

Burocracia que desencoraja

O recepcionista Adriano Couto da Cruz, 44 anos, teve problemas relacionados à próstata em 2007. Com o atendimento no Hospital de Clínicas (HCPA), conseguiu manter o tratamento com remédios. Depois que seu quadro melhorou, Adriano acabou colocando os cuidados médicos em segundo plano. Agora, o morador do bairro Cristal, na Zona Sul, está tentando encaminhamento no posto de saúde do seu bairro.

– Fui duas vezes tentar pegar ficha no posto, mas a espera era tanta que desisti. Não posso perder um dia de trabalho. Fazem tanta campanha de prevenção, mas é um burocracia imensa para conseguir atendimento, além da demora. Esse tipo de atendimento, como o exame de toque ou de dosagem do PSA (feito por meio de exame de sangue) devia estar disponível em hospital, que pudéssemos procurar direto o atendimento – critica Adriano.

O recepcionista afirma que, se não conseguir um encaminhamento ágil pelo posto, tentará juntar dinheiro para uma consulta particular:

– Acredito que não tem cabimento esperar quase um ano por uma consulta.

Mais serviços contratados para melhorar a oferta

Para atacar esse gargalo das situações cirúrgicas, o município ampliou o atendimento, contratualizando mais serviços. Segundo Fabiane, esta contratualização foi por meio da entrada do Hospital da Restinga – administrado pela Associação Hospitalar Vila Nova – no sistema de saúde da Capital. 

Tadeu Vilani / Agencia RBS
Hospital da Restinga foi incluído no sistema para ampliar atendimento

– São medidas que estão sendo implantadas. Por isso, precisamos de tempo para os prestadores avaliarem estes pacientes e encaminhar o atendimento. A fila está diminuindo, mas é um processo que leva tempo.

E para desafogar o restante da fila, a SMS segue com o postura adotada para todas as outras especialidades compreendidas no município: uso de programas federais, principalmente, do teleatendimento. 

– Também temos feito um trabalho intenso de educação com os agentes da atenção primária, nas UBSs. O objetivo é mostrar que nem todos os casos precisam ser encaminhados diretamente para um especialista. Com o uso do teleatendimento, o médico da UBS pode fazer consultoria com um especialista. Assim, muitos casos são resolvidos ainda na atenção primária – explica Fabiane.

Ainda houve qualificação nos processos regulatórios. Com auxílio de médicos do programa Regula Mais Brasil, do Governo Federal, a análise dos pedidos de encaminhamento ficou mais rigorosa. Assim, a fila acumula menos demandas.

Diminuição da fila

Como o Diário mostrou em agosto, a reorganização das demandas do Sus na Capital gerou diminuição de 40% na fila entre 2018 e 2019. Comparando os meses de outubro do ano passado e deste ano, o índice já chega a 49,6% – eram 82.424 e, hoje, são 41.474. No total, são 166 especialidades atendidas.


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