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Seu Problema é Nosso

Mulher espera há quatro meses por consulta de urgência com especialista, em Cachoeirinha

Laudo emitido por médico, em junho, destaca o risco iminente de insuficiência renal e sequelas permanentes nos rins de Elisete 

20/11/2019 - 10h36min

Atualizada em: 20/11/2019 - 13h17min


Arquivo pessoal / Arquivo pessoal
Elisete acumulou papelada, e a consulta não saiu do papel

Já faz um ano que as dores passaram a fazer parte da vida da faxineira Elisete Ramires Ouriques, 59 anos, moradora do bairro Jardim Betânia, em Cachoeirinha. Com histórico de problemas renais – há cerca de dez anos, ela passou por uma cirurgia nos rins –, foi em novembro do ano passado que notou a presença de sangue em sua urina e começou a sofrer com dores abdominais e ardência ao urinar. 

Com o surgimento dos sintomas, Elisete mudou-se de onde morava, na praia de Quintão, para Cachoeirinha, na esperança de conseguir um melhor atendimento médico na Região Metropolitana. Contudo, a realidade tem sido bem diferente do esperado.

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Desde fevereiro, ela faz acompanhamento na Estratégia Saúde da Família (ESF) Jardim Betânia, tendo realizado diversos exames. Porém, nenhum dos testes foi conclusivo quanto ao diagnóstico. 

Diante disso, em 27 de junho, a faxineira, que está afastada do trabalho por conta dos problemas de saúde, recebeu encaminhamento para consulta na especialidade de Nefrologia – área que se dedica ao estudo dos rins. O laudo emitido pela médica da ESF deixa clara a urgência para o atendimento com um nefrologista, destacando o risco iminente de insuficiência renal e sequelas permanentes. 

Contudo, mais de quatro meses se passaram e ela ainda não conseguiu consultar com o especialista.

Exames

Em 26 de setembro, Elisete consultou com um urologista no Centro de Saúde do Idoso, também em Cachoeirinha. Na ocasião, o especialista solicitou a realização de dois tipos de cintilografia renal – procedimento que permite avaliar a função dos rins por meio da injeção de substâncias radioativas. 

Com o encaminhamento em mãos, a moradora foi até a Secretaria de Saúde do município, a fim de formalizar o requerimento do exame. Porém, relata que, cerca de um mês depois, esteve novamente na Secretaria para informar-se da marcação quando foi orientada a levar o encaminhamento consigo. Segundo ela, a equipe lhe informou que o exame não seria marcado, sem dar mais esclarecimentos. 

Sem ter como pagar pela realização dos procedimentos, que custam cerca de R$ 300 cada, e diante da demora para o atendimento com um nefrologista, a moradora se sente decepcionada.

— Fico triste, pois penso que isso é um descaso, uma falta de amor às pessoas. Acho uma vergonha, porque tu vê que os médicos se esforçam e atendem bem, mas o sistema não ajuda. Estou há um ano lutando e é decepcionante, pois estou com minha vida parada —desabafa Elisete, que cogita processar o município. 

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"Quero voltar a viver" 

Sem conhecer seu diagnóstico, Elisete não consegue realizar um tratamento efetivo. A cada crise de dores, a faxineira busca atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Moacyr Scliar, na zona norte de Porto Alegre. Segundo ela, já foram mais de dez passagens pela emergência, apenas esse ano.

— Toda vez, me medicam pra dor e mandam tomar antibióticos. Estou me entupindo de antibióticos que não dão resultado algum, sem saber realmente o que tenho — relata Elisete, afirmando que, hoje, seu maior sonho é conseguir um tratamento adequado para o problema de saúde:

— Só quero voltar a viver e poder ter uma vida normal, como qualquer pessoa que consegue fazer suas coisas, sem sentir dor. 

Secretaria estadual diz que não há previsão


De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Cachoeirinha, a especialidade de Nefrologia é regulada pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). Segundo a pasta, apenas em Cachoeirinha, 181 pacientes aguardam por consulta com nefrologista no âmbito da regulação estadual. 

Quanto ao exame, a SMS explicou que a cintilografia é um teste de alta complexidade, realizado apenas em hospitais. Como Cachoeirinha está classificada na categoria de atenção básica em saúde, não cabe ao município arcar com o exame, mesmo que o encaminhamento tenha sido dado por médico da rede municipal. 

Segundo a assessoria do órgão, a paciente tem a opção de realizar as cintilografias de forma particular ou "aguardar a agenda de consultas de especialidade no Estado e realizar o exame no hospital em que fosse encaminhada pelo médico, caso esse ache necessário". 

Contatada pela reportagem, a SES informou que Elisete foi cadastrada na Central de Regulação do Estado em 1/7/2019. Segundo a pasta, não há previsão para a consulta. 

Produção: Camila Bengo

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