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Após corte da Caixa

Veja qual é o juro do cheque especial dos principais bancos

Confira também simulação de quanto fica uma dívida de R$ 1 mil pago um ano depois em cada instituição bancária

13/11/2019 - 19h50min

Atualizada em: 13/11/2019 - 19h52min


Erik Farina
Erik Farina
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O corte da Caixa Econômica Federal no juro do cheque especial - modalidade acionada quando se entra no limite da conta - acendeu o alerta para a volúpia do custo deste tipo de operação no Brasil. Ainda que o banco tenha anunciado redução de 50% a partir de 1º de dezembro - de 9,99% para 4,99% ao mês -, a modalidade continua mais cara do que outras opções de crédito para pessoa física, como empréstimo pessoal ou consignado.

Em outros bancos, a situação é ainda mais crítica. Conforme o Banco Central do Brasil, o juro médio varia de 11,94% a 14,74% ao mês nas principais instituições do país. Nos cálculos da consultora financeira Camila Bavaresco, taxas assim geram o efeito bola de neve e podem levar o consumidor a perder o controle de seus gastos. Se alguém usa R$ 1 mil do cheque especial e deixa para pagar um ano depois, a dívida terá saltado para R$ 5.206,89.

— Isso mostra como o cheque especial pode ser nocivo para o orçamento, mesmo que seja usado só de vez em quando — alerta Camila.

Os próprios bancos sugerem que o limite deve ser usado como saída de emergência para momentos de aperto, e não uma linha de empréstimo convencional. Isso porque a contratação é automática, sem burocracia, e o valor é ressarcido tão logo a conta do cliente receba novo crédito.

Em posicionamento enviado à reportagem, o Banco do Brasil reforça que a linha tem caráter emergencial. O Santander orienta os clientes para que a utilização seja apenas em emergências e por pouco tempo.

Nenhum dos bancos confirmou planos para reduzir suas taxas no curto prazo - além de ambos citados acima, a reportagem procurou Itaú, Banrisul (que diz já ter cortado este juro) e Bradesco, que foi o único a não se pronunciar.

Por isso, é importante evitar a armadilha do cheque especial. Consultores financeiros sugerem que o consumidor busque um empréstimo mais barato quando estiver próximo de atingir o limite da conta. Outra estratégia é manter uma reserva de emergência em aplicações de fácil acesso, como CDBs e poupança, para evitar, no desespero, usar o limite.

— Quem faz aplicações como um CDB, por exemplo, tem de onde tirar dinheiro quando há contas extras, como impostos de início de ano e rematrícula, que podem levar a pessoa a entrar no cheque especial — explica o gerente de produtos financeiros do Banco RCI Brasil, Renato Negrão.

Dicas

Fuja do juro mais alto

- O juro cobrado quando entra-se no limite da conta, chamado cheque especial, é um dos mais caros do sistema financeiro brasileiro, comparado ao rotativo do cartão de crédito.

- No Brasil, a taxa média é de 11,56% ao mês, conforme a pesquisa mensal da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) - bem acima do empréstimo pessoal (3,54% ao mês) ou do crédito consignado (em torno de 1,7% mensal), por exemplo.

- Alguns bancos oferecem carência no uso do limite, sem cobrar taxas nos primeiros dias. Nesses casos, podem ser opções para momento de aperto financeiro. O Santander, por exemplo, informa que há carência nos primeiros 10 dias.

- Também há modalidades de contas com juros mais baixos para clientes com bom relacionamento e perfil de bom pagador. Neste caso, é preciso pesquisar e se informar sobre as condições. O Itaú, por exemplo, afirma que cobra juro mínimo de 2,6% ao mês, o Banrisul, de 2,5%, e o Banco do Brasil, de 1,85%.

- Em geral, entretanto, as taxas são salgadas e é preferível recorrer a um empréstimo pessoal diretamente no banco do que cair no limite da conta.

- Caso seja inevitável entrar no limite, este deve ser encarado como uma modalidade de empréstimo de curtíssimo prazo, para ser pago imediatamente. Deixar a dívida crescer pode multiplicá-la em demasia (veja simulação abaixo).

- Para evitar que um aperto financeiro o leve a ter de recorrer ao limite de conta, tenha sempre uma reserva de emergência equivalente a pelo menos duas vezes seu salário mensal.

Simulação

As taxas mensais do cheque especial nos principais bancos

Santander: 14,74%

Quanto fica uma dívida de R$ 1 mil pago um ano depois? R$  5.206,89

Itaú Unibanco: 12,46%

Quanto fica uma dívida de R$ 1 mil pago um ano depois? R$ 4.092,38

Bradesco: 12,24%

Quanto fica uma dívida de R$ 1 mil pago um ano depois? R$ 3.997,35

Banco do Brasil: 12,18%

Quanto fica uma dívida de R$ 1 mil pago um ano depois? R$ 3.971,78

Banrisul: 11,94%

Quanto fica uma dívida de R$ 1 mil pago um ano depois? R$ 3.871,00

Caixa: 9,41% (taxa atual)

Quanto fica uma dívida de R$ 1 mil pago um ano depois? R$ 2.942,28

Caixa nova taxa: 4,99% (taxa nova)

Quanto fica uma dívida de R$ 1 mil pago um ano depois? R$ 1.793,80

Fonte: Juros registrados pelo Banco Central do Brasil (BCB) e simulação de dívida realizada pela consultora financeira Camila Bavaresco


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