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Seu Problema é Nosso

Avenida que leva o nome de Gildo de Freitas, em Viamão, tem obra deixada pela metade

A pavimentação da via, iniciada em 24 de março de 2014, deveria ter ficado pronta em seis meses

21/01/2020 - 08h00min


Félix Zucco / Agência RBS
Moradores perderam as esperanças

Se ainda estivesse entre nós, Gildo de Freitas (1919 - 1982) provavelmente mudaria os versos da composição Pedidos de um Gaúcho ao cavalgar pelo bairro Querência, em Viamão. Na nova letra, o tradicionalista clamaria pela conclusão da obra de pavimentação da avenida que leva seu nome. Com o início datado de 24 de março de 2014, o asfalto da Avenida Gildo de Freitas jamais ficou pronto – sendo que, de acordo com a previsão estampada na placa de anúncio da empreitada, os trabalhos deveriam ter sido concluídos em seis meses.

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Segundo a cozinheira Simone Villanova, 51 anos, vice-presidente da Associação Comunitária da Vila Querência (Ascoque), a batalha pela pavimentação iniciou em 2010, via Orçamento Participativo. Quando, em 2014, a comunidade finalmente conquistou a obra, todos ficaram contentes. Porém, a moradora relata que a alegria durou pouco, uma vez que, até agora, a obra foi ao estilo “começa e para” – situação mostrada pelo Diário Gaúcho em 29 de março de 2017 e em 3 de abril de 2019.

“Às traças”

Segundo Simone, pouca coisa mudou após a última reportagem do DG. À época, a prefeitura de Viamão atribuiu a paralisação à falta de recursos repassados pelo Estado – que, por meio da Metroplan, é responsável por 85% do valor da obra. Contudo, contatada, a Metroplan explicou que não havia falta de verbas, mas que os recursos não estariam sendo repassados porque o município não cumpria o cronograma de obras. Enquanto o impasse não se resolve, os serviços que já foram feitos no local acabam se deteriorando.

— É dinheiro público jogado fora, porque a obra começa e para. Aí, o que já foi feito acaba estragando, porque fica atirado às traças. O dinheiro que está sendo desperdiçado aqui poderia ser usado em outras ruas — desabafa Simone.

Diante do problema, a vice-presidente da associação de moradores afirma que a comunidade vem “colecionando protocolos e visitas ao prefeito”, mas sem nenhuma solução:

— Vemos outras ruas sendo iniciadas, enquanto a nossa está abandonada. Sempre dão um novo prazo, mas nunca é cumprido. São sucessivas desculpas que a gente já está cansado de ouvir.

Obra parada atrapalha comunidade

Para quem vive no bairro Querência, a Avenida Gildo de Freitas é crucial. Além de ser o principal acesso para a RS-040 – onde passa a maioria dos ônibus da região –, os mais importantes serviços e comércios do bairro também estão ali. Porém, diante das más condições, a comunidade enfrenta dificuldades e prejuízos.

— Os carros quebram e há vários casos de pessoas que caíram e torceram o pé nos buracos. Não dá nem para chamar de buracos, pois são crateras — conta Simone, que vive há mais de 40 anos no local.

Nesses quase seis anos vendo a obra avançar e parar, a cozinheira acabou perdendo as esperanças de que, algum dia, consiga pisar sobre o tão sonhado asfalto na Gildo de Freitas:

— Tenho muita vontade de que termine, mas todos estamos desesperançosos. Troca a administração e só mudam as desculpas, não se vê uma luz no fim do túnel.

Prefeitura: finalização à vista

Questionada sobre o motivo atual para a obra estar parada, a prefeitura de Viamão explicou que está apresentando à Metroplan os documentos necessários para a prestação de contas da 8ª e da 9ª fase da obra, já executadas –uma vez que os repasses são feitos após o cumprimento do cronograma. Até o momento, já foram feitos os serviços de terraplenagem, drenagem, construção de meio fios e parte da pavimentação, com investimento de R$ 502.971,16.

De acordo com a prefeitura, os trabalhos devem ser retomados após a conclusão dos trâmites de prestação de contas. Na sexta-feira, representantes de Viamão reuniram-se com a Metroplan, quando foi feita uma avaliação da documentação. A previsão do município é de que esta etapa burocrática seja concluída até o final do mês. Com isso, tendo os repasses em caixa, a finalização da obra deve ocorrer em até dois meses.

Produção: Camila Bengo

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