Piquetchê do DG
A gaita ganhou os gramados
Diego Dias, que toca o instrumento há mais de 30 anos, gravou música-tema do Gauchão e fez apresentações em dois jogos
Quem acompanha os jogos do Campeonato Gaúcho 2020 já deve ter percebido a novidade: uma trilha sonora, reproduzida sempre no início do protocolo dos jogos. Iniciativa da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), a música-tema tem inspiração em grandes ligas mundiais, que possuem um som característico, usado durante a entrada dos times em campo, por exemplo.
O som do Gauchão, composto por Airton Ruschel Júnior, foi inspirado nas batidas da música gaúcha, é claro. Para tanto, além de instrumentos como bombo leguero e percussão, a gaita está presente. Quem recebeu a incumbência de tocar o instrumento na composição foi Diego Dias, 40 anos, que mora Porto Alegre.
– Acredito que o compositor fez uma leitura perfeita do que foi pedido: uma música que transmitisse a emoção dos jogos, com elementos da música gaúcha. Uma pitada de gauchismo. Depois da gravação, surgiu a ideia de tocar no estádio – conta o artista, também integrante da banda Vera Loca.
Estreia
A primeira apresentação foi na Recopa Gaúcha, no confronto entre Grêmio e Pelotas, em janeiro, no Estádio Boca do Lobo, em Pelotas. Poucos dias depois, Diego também tocou na abertura do Gauchão, quando jogaram Grêmio e Caxias, na Arena. Apesar de ser um músico experiente, que já se apresentou nos mais diversos palcos, ele nunca havia misturado seu trabalho com o futebol.
– Tenho uma ligação muito forte com o futebol, sou apaixonado. E, por meio do acordeom, tive a oportunidade de entrar em um gramado, de conhecer ídolos, realizar esse sonho. Foi muito legal – conta.
Além da música-tema, Diego também tocou nas duas oportunidades o hino do Rio Grande do Sul.
– Aí, é quando o Estado canta em peso! – relata, animado.
A versão dele para o hino, aliás, foi gravada em estúdio e tem sido reproduzida antes dos jogos. Segundo a FGF, mais uma apresentação de Diego no gramado está prevista: deve ser no confronto entre os campeões do primeiro e do segundo turno, caso ocorra, ou no momento da premiação do grande campeão.
Corneta
Diego conta que as reações do público diante de suas apresentações foram positivas. Porém, o gremista fanático também teve de lidar com algumas cornetas. Isso porque os dois jogos do seu time do coração dos quais ele participou terminaram em derrota para o Grêmio.
– Fiquei com fama de pé-frio (risos)! O pessoal fez piada disso, até fizeram um montagem com a minha foto e o rosto do Mick Jagger – conta ele, referindo-se ao vocalista da banda The Rolling Stones, conhecido por dar azar às equipes pelas quais torce, principalmente em Copas do Mundo.
Trajetória de longa data
Natual de Tupanciretã, Diego começou a tocar gaita bem cedo, aos seis anos, dentro de um CTG. Seu pai, Alciomar Dias, também tocava, e foi grande influência e inspiração. Diego participou de inúmeros festivais nativistas e só deixou de frequentar o CTG aos 14 anos, quando mudou-se para Santa Maria para estudar.
– Com meu pai, aprendi a tocar canções de artistas clássicos da música gaúcha, como Os Serranos e Os Monarcas. Depois, descobri que o acordeom é um instrumento mundial, usado por vários artistas em gêneros diferentes. Nenhum de Nós, Abba, Elvis Presley... Foi nesta época que comecei a usar a gaita para tocar rock, mas do meu jeito. Sem esquecer as minhas raízes – diz.
De lá pra cá, Diego chegou longe. Neste ano, ele se apresentou no quadro Ding Dong, do Domingão do Faustão, ao lado dos músicos que fazem parte do projeto The Beatles no Acordeon. Quando retornava ao Rio Grande do Sul, ele tocou algumas músicas da banda inglesa dentro do avião, e o vídeo do momento fez sucesso nas redes sociais.