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Com redução de até 90% nas corridas, taxistas de Porto Alegre aguardam auxílio emergencial de R$ 600

Com menos pessoas circulando pelas ruas, categoria foi atingida em cheio. Para sindicato, consequências podem ser irreversíveis.

28/04/2020 - 05h01min


Alberi Neto
Alberi Neto
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André Ávila / Agencia RBS
Ponto da Rodoviária é um dos poucos que ainda registra movimento na Capital

Mais de um mês depois de ações que paralisaram e isolaram boa parte do Brasil dentro de casa, parece até repetitivo dizer que diversos setores da sociedade estão sendo afetados. Mas é o que ocorre. Em Porto Alegre, por exemplo, uma classe que está sentindo fortemente os efeitos da pandemia de coronavírus é a dos taxistas. 

Se antes da crise, a classe já protestava a perda de passageiros para os carros de aplicativo de transporte, agora, o taxímetro ficou ainda mais no vermelho. Presidente do Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintáxi), Luiz Nozari, aponta para uma redução superior a 90% no número de corridas realizadas na cidade, se comparado com o período anterior à crise do coronavírus.

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As dificuldades na classe não atingem só a Capital. Na semana passada, o Senado aprovou uma alteração no texto que trata do auxílio emergencial, incluindo mais de 20 categorias entre as passíveis de receber os R$ 600. Neste grupo, aparecem os taxistas e também os motoristas de aplicativo, além de classes como artesãos, barbeiros, cabeleireiros, manicures, ambulantes que comercializem alimentos, diaristas, garçons e catadores de recicláveis. Só que a mudança ainda precisa ser sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro.

Mesmo com a possibilidade de os taxistas serem beneficiados pelo auxílio emergencial, o presidente do Sintáxi ainda acredita que o valor não será suficiente diante do cenário que está sendo enfrentado pela classe. Luiz ressalta que o que os taxistas querem é voltar a trabalhar. 

Atualmente, conforme ele, a demanda dos táxis é somente por corridas realizadas com empresas conveniadas no aplicativo do sindicato. As chamadas corridas de rua “sumiram”, lamenta Luiz.

– Boa parte dos taxistas ainda tinha uma renda razoável. 

André Ávila / Agencia RBS
Parte da categoria sequer sai às ruas para trabalhar

Se o auxílio tiver muitas limitações quanto à renda, boa parte não vai conseguir nem receber – diz o presidente do Sintáxi.

Atualmente, Luiz cita que boa parte da classe está sem trabalhar, com o táxi em casa. Isso porque mesmo saindo para a rua, por vezes, os profissionais não conseguem nem cobrir o custo do gasto com combustível:

– Dia desses, por exemplo, recebemos apenas uma corrida pelo aplicativo do Sintáxi em quatro horas. É algo inimaginável. Estamos passando por uma situação que nunca imaginei. Os motoristas que ainda seguem saindo para a rua são aqueles que realmente não tinham nenhuma renda guardada, dependem só do que tiram no dia para sobreviver. 

Diante das dificuldades enfrentadas pelos profissionais com a situação financeira mais delicada, o Sintáxi tem recebido e distribuído doações de cestas básicas e alimentos recebidos na sede da entidade. Na Capital, um dos poucos pontos onde o fluxo de táxis ainda existe é na rodoviária, onde os carros têm ficado estacionados.

Ainda não há previsão para quando os taxistas possam entrar na lista do auxílio emergencial. A reportagem consultou o Ministério da Cidadania, mas não recebeu previsão de quando o texto enviado pelo Senado deve ser sancionado. Nem se os  procedimentos para obter os R$ 600 serão os mesmos de agora.

Crise não afetou permissões, diz EPTC

Mesmo com a possibilidade de transformar sua permissão de operar em autorização, podendo repassá-las a terceiros, os taxistas ainda não têm abrido mão de sua operação. Quem garante isso é a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), que não notou aumento nos pedidos de mudança.

 Para preservar a segurança dos profissionais, as vistorias e renovações estão prorrogadas por decreto municipal. A EPTC ainda ressalta que, diariamente, são realizadas operações de fiscalização relacionadas ao coronavírus, focando no cuidado com a higienização e cumprimento do decreto que abrange o transporte individual de passageiros na Capital, além do atendimento de reclamações relacionadas ao modal.



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