Notícias



Coluna da Maga

Magali Moraes e o cheiro de goiaba

Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

24/04/2020 - 11h46min

Atualizada em: 24/04/2020 - 12h37min


Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

Ele entrou nas minhas narinas assim de repente. Foi de manhã, quase no almoço. Cheiro de goiaba numa hora dessas?! Podia ser cebola e alho, mas foi campo e infância. Peraí, não lembro de comer goiaba quando criança. Muito menos de frequentar o campo. E importa? Aquele cheiro de fruta docinha mexeu com minha memória olfativa. Cheguei mais perto da janela. Queria identificar de onde vinha um perfume tão bom. Respirei fundo, o aroma invadiu os pulmões. Quem tem rinite não confia no próprio nariz.

Saí da janela e fui cuidar da vida. Voltei um minuto depois, encafifada. Era mesmo goiaba? Inspira, expira… sim! O cheiro não deixava dúvida. Por que eu nunca tenho essa certeza no curso de vinhos? No passo a passo da degustação, é sempre tenso. Preciso enfiar o nariz dentro da taça e identificar mil aromas de frutas, flores e outras coisas. Faço cara de ponto de interrogação. É como se o meu nariz se negasse a colaborar. Ah se eu sentisse a clareza daquele perfume de goiaba num tinto ou rosé. 

Leia mais colunas da Maga 

Fruta no pé

Que vizinha compraria goiaba? Parece coisa de vó. Cheiro de fruta no pé, em pleno Menino Deus. Será que um conhecido trouxe do sítio? Devia ser goiaba se desmanchando em fogo baixo, doando sua existência a uma maravilhosa geleia. Aquela doçura toda que senti vinha só da fruta ou de generosas colheres de açúcar? Pelo bem que me fez, eu comeria ajoelhada. Goiabada cascão não era, que também adoro. Era goiaba fresquinha se transformando em manjar.

Os cheiros fabricados nunca fazem jus aos verdadeiros. Esses dias comprei essência de lavanda porque ajuda a dormir. Pinguei gotinhas no travesseiro, como ensinaram. O que aconteceu? Veio uma tosse alérgica e me tirou o sono. Se eu estivesse num campo de lavandas, a experiência seria outra. Tipo no pomar carregado de goiabeiras, que nunca frequentei. Preciso achar a vizinha da goiaba! Vai que sobrou uma. Comer seria pouco. Eu a guardaria na mesinha de cabeceira pra alimentar meus sonhos



MAIS SOBRE

Últimas Notícias