Religiosidade
Transmissões ao vivo ajudam religiões de matriz africana a manter cultura ativa
Com os encontros em casas e terreiros suspensos, fiéis de religiões de matriz africana aproveitam a tecnologia para se reinventar
Com a pandemia do coronavírus alterando a rotina de todos, a prática da fé também teve limitações impostas. Com a indicação de distanciamento social e limitação do contato físico, as casas e terreiros de religiões de matriz africana, por exemplo, estão com atividades interrompidas.
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Um dos motivos para isso é que o contato físico e a aproximação entre os frequentadores são algumas das principais características destas celebrações, como explica Israel Ávila, adepto do batuque e criador do Kizomba, plataforma que reúne conteúdos voltados às religiões de matriz africana na internet.
— Mesmo que pudéssemos funcionar, as medidas de distanciamento propostas para as igrejas não se adaptam aos terreiros, pois o contato físico nas religiões de matriz africana é nosso principal instrumento. Um exemplo disso é nosso cumprimento, que é beijar as mãos do irmão, um pedindo a bênção ao orixá do outro — explica Israel.
Os canais digitais do Kizomba reúnem mais de 200 mil pessoas na internet, principalmente na página do Facebook, onde mais de 175 mil perfis acompanham o que Israel publica. Fora do mundo digital, o Kizomba tem um projeto que reúne alabês, como são chamados os instrumentistas e cantores no batuque e outras religiões de matriz africana.
Como boa parte destas pessoas está em casa durante a pandemia do coronavírus, o criador do Kizomba uniu o útil ao agradável.
Ao vivo
Para que os fiéis não percam tanto a ligação com a religião durante este período de quarentena, a página do projeto no Facebook está fazendo transmissões ao vivo com apresentações dos alabês, numa ação batizada de “live das 8” — live é o termo em inglês para “ao vivo”, também é como estas transmissões são conhecidas na internet.
— Uma vez por dia, cada um entra na página, cantando, rezando e levando uma palavra de esperança as pessoas, para que fortifiquem sua fé e não caiam em depressão — conta Israel, ressaltando ainda a abertura para que pessoas de fora do projeto participem do rodízio de transmissões ao vivo:
— Além dos nosso alabês, abrimos espaços para outros tamboreiros, inclusive da Argentina e do Uruguai, reforçando o elo que nos une, a nossa fé.
Quem quiser acompanhar ou consultar o Kizomba para possibilidade de também transmitir sua fé adiante, pode entrar em contato pela página no Facebook (veja o endereço no quadro).
Acompanhe o trabalho do Kizomba
— É possível encontrar o Kizomba no Facebook.
— No Instagram, o perfil é o @kizomba_tv.