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Transferência de famílias da Vila Nazaré aumenta número de animais abandonados na comunidade

Entidades de voluntários têm se esforçado para seguir ajudando cães e gatos deixados para trás na hora da mudança. Mas, grupos precisam de doações e ajuda

30/06/2020 - 15h34min

Atualizada em: 30/06/2020 - 16h21min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Marco Favero / Agencia RBS
Bichinhos são vistos com fome e, muitas vezes, machucados

Muita gente considera os animais de estimação como parte da família. Porém, para outros, são um item que pode ser deixado para trás. Essa segunda opção está se tornando frequente na Vila Nazaré, em Porto Alegre. A comunidade da Zona Norte está sendo reassentada para outros pontos da cidade, para liberar espaço para as obras do Porto Alegre Airport — antigo Aeroporto Internacional Salgado Filho, rebatizado pela empresa alemã Fraport. Abandonados, os amigos de quatro patas ficam vagando pelas ruas da comunidade.  

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Em regiões periféricas, como é o caso da Vila Nazaré, muitas vezes, algumas residências tem mais de um pet. E mesmo que o Departamento Municipal de Habitação (Demhab) diga que até cinco animais de estimação podem ser levados para os novos lares, alguns acabam não indo na mudança. Uma das motivações pode ser o espaço para comportar os bichos. É que, diferentemente da Nazaré, onde viviam em casas, nos novos lares, a maioria das pessoas ficará em apartamentos. 

Mesmo as casas — direcionadas aos idosos e pessoas com dificuldades de locomoção — não têm grandes pátios. Outra razão é a própria criação dos animais. Mesmo não sendo de rua, em bairros, é comum que os cães circulem livremente. Com as mudanças, alguns ficam para trás. 

Voluntariado

O foco do Demhab é na transferência de famílias. Por isso, organizações de voluntários protetores de animais têm criticado a falta de assistência do município aos bichos abandonados. 

A dificuldade está sempre na falta de previsibilidade do problema. Mesmo os grandes projetos não levam em conta essa consequência: os animais de estimação que podem ser abandonados. 

Agora, a prefeitura tenta lidar com a situação dentro das possibilidades. Bem mais forte que o trabalho público, porém, é a ação de voluntários na região. Seja na distribuição de ração, transporte dos animais para castração, adoção ou tutela.

Um dos projetos que auxilia na Vila Nazaré é a ONG Bicho de Rua. A entidade criou um projeto chamado Barriguinha Cheia — Edição Corona, que auxilia diversas entidades, grupos e protetores independentes.

— A gente faz a divulgação, chama a campanha e repassa as doações para estes protetores.

Alimentação

Em relação a Nazaré, a atuação da Bicho de Rua foi com o grupo SOS Nazaré, que tem repassado remessas de ração para  que os protetores alimentem os animais de rua na comunidade. Estes voluntários lutam para mostrar a situação e conseguir mais simpatizantes à causa. Além de doações, também são bem-vindos os tutores temporários, que se disponibilizam a ficar com os animais enquanto eles esperam por uma adoção.

Conforme Claci Johann, 52 anos, cerca de 20 pessoas se envolvem diretamente com as ações da SOS Nazaré. Ela diz que o grupo foi criado em fevereiro, depois que pedidos de moradores da região começaram a surgir. 

— É de partir o coração o que está acontecendo na Vila Nazaré. São grupos de animais que vemos pelas ruas, alguns machucados, com visível falta de alimentação, precisando de cuidados — diz Claci. 

Márcia Simch, uma das responsáveis pela ONG Bicho de Rua, ela diz que a situação da Vila Nazaré está em evidência pelo crescente número de abandonos em razão das mudanças. Porém, em outros pontos da Capital, a situação é semelhante.

Nova política para situações semelhantes

Conforme a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Smams),  a prefeitura publicou, em abril, um decreto instituindo a política pública de “resgate, controle populacional, ressocialização e adoção de animais domésticos”. Isso será exigido para o licenciamento de empreendimentos em locais onde são necessários remoções e reassentamentos. Ou seja, se a Fraport, responsável pelo custeio da remoção das famílias, estivesse fazendo o projeto atualmente, teria de se preocupar também com os animais. 

O decreto, porém, não afeta a ação que já está em andamento. Neste caso, a Smams garante que vem auxiliando na castração dos animais das famílias que estão sendo transferidas para seus novos lares. 

O trabalho é feito com apoio de voluntários que atuam na região. Segundo a secretaria, até o momento, os procedimentos, iniciados em dezembro do ano passado, possibilitaram um total de 219 esterilizações, sendo 94 durante o período de pandemia. 

As ações de castração, porém, são para aquelas famílias que levaram os bichinhos. Para os que estão em situação de abandono, a Smams informou que há “um plano de ação que está em andamento e que seguirá depois do processo de remoção dos moradores da Vila Nazaré ser concluído”. Conforme a nota, estes animais serão atendidos e encaminhados para adoção. 

Como ajudar

SOS NAZARÉ

/// A SOS Nazaré é uma ação local, com foco em animais que estão afetados pela transferências na Vila Nazaré.

/// Uma vaquinha virtual está disponível neste link.

/// Contato com Claci, no telefone: (51) 99278-7449.

ONG BICHO DE RUA

/// A ONG Bicho de Rua recebe doações e repassa para 29 entidades de protetores da Capital, beneficiando cerca de 1,6 mil cães e 180 gatos. A ONG também auxilia diretamente animais de rua.

/// É possível ajudar por meio do site Sítio do Bem, onde interessados podem apadrinhar os animais com valores a partir de R$ 10. Clique aqui para fazer a doação.

/// Mais detalhes sobre como ajudar podem ser encontrados no site da ONG Bicho de Rua.

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