Papo Reto
Manoel Soares: mais grave do que o corona é a falta de humanidade
Colunista escreve nas edições de final de semana do Diário Gaúcho
Nesta semana, fiz uma reportagem para o programa Encontro na qual falamos com empregadas domésticas sobre esse período de pandemia. Fique espantando com a atitude de algumas patroas.
Uma delas descobriu que a empregada estava grávida de dois meses e sugeriu que a moça tirasse o filho, dizendo que ela ajudaria a congelar os óvulos da funcionária. Mas o pior não foi essa sugestão de intervenção na vida dela, mas a razão: disse que, quando contratou a moça, não estava em sua previsão ter alguém grávida fazendo o trabalho.
Monstruosa
Outra situação monstruosa foi uma doméstica que contraiu Covid-19 do patrão. Estava mal em casa, com febre, sem receber nenhuma assistência. Para sua surpresa, os patrões ligaram pedindo para que ela voltasse ao trabalho naquela semana. Ela argumentou que estava com covid, e eles disseram que ela poderia ir, porque todos na casa estavam também.
A falta de sensibilidade de muitos empregadores nesse período revela uma herança do período da escravidão onde quem prestava serviços domésticos não era visto como ser humano. Achar normal esse tipo de situação é a prova que temos uma doença mais grave do que o corona: a falta de humanidade.