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Coluna da Maga

Magali Moraes e o cemitério de botões

Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

26/08/2020 - 09h00min


Fernando Gomes / Agencia RBS

O que você faz com aquele botão extra que vem costurado na etiqueta interna da roupa? Retira dali e guarda? Deixa onde está e segue a vida? Ou nunca reparou nele? Da próxima vez que a camisa nova pinicar na cintura, dá uma conferida pra ver se não tem um botão a mais entre o tecido e sua pele. Eu ainda não descobri se isso é uma gentileza do fabricante ou obrigatoriedade. Será que é pra roupa ficar à prova de mau gosto, caso a gente perca o botão original e improvise? 

Sempre guardo todos. Sabe o que acontece? Raramente preciso. A caixa onde estão esses botões extras só é aberta pra receber mais deles. Quem entra nunca sai. É como se fosse um cemitério de botões. Esquecidos, inúteis, sem vida. Nem as flores de uma estampa eles podem ter. Fora do contexto, um botão perde sua identidade. Preso na roupa, tem histórias pra contar. Quantas decisões importantes já foram tomadas porque alguém pensou com os seus botões? O ditado popular não mente. 

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Golas

E quem garante que eu vou achar o botão certo na caixa? Às vezes não tem outro na roupa pra comparar. Até os botões minúsculos das golas e punhos nem sempre são iguais. Como se já não fosse difícil o suficiente ter a cor certa da linha pra costurar o botão. E acertar a linha no buraco da agulha. Um cemitério de botões confunde a gente. Peraí… Quando esse troço dourado e espalhafatoso foi moda?! Pior é pegar um botão marinho achando que é preto e perceber tarde demais. 

A confusão só aumenta se a tal caixa guardar os botões da família inteira. Gerações diferentes, gostos diferentes, e mais botão extra pra atrapalhar. As crianças cresceram, as roupas já passaram pros primos menores, mas o cemitério segue lotado. Vai ver tem até botão perdido das visitas. Outra coisa que incomoda é tanta etiqueta costurada na roupa. Algumas parecem livros! E ainda tem a etiqueta-alarme, aquela comprida. Essa merecia uma coluna. Só não escrevo senão a minha raiva pode apitar.



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