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Lomba do Pinheiro

Após financiamento coletivo, Orquestra Villa-Lobos retoma atividades

Aulas de música, agora, são feitas a distância, em função da necessidade de distanciamento social imposta pela pandemia

16/09/2020 - 05h00min

Atualizada em: 16/09/2020 - 05h00min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Marco Favero / Agencia RBS
Agora, Richard assiste às aulas com a ajuda do seu celular

Um dos projetos sociais mais conhecidos de Porto Alegre, a Orquestra Villa-Lobos voltou às atividades depois de um hiato gerado pela pandemia e pelo fim do convênio com a prefeitura, que repassava verbas para a Organização Não-Governamental (ONG) parceira da turma de músicos. As aulas, que não eram realizadas desde março, estão sendo feitas por plataformas virtuais. 

A ideia, conforme a regente e coordenadora do projeto, Cecília Silveira, é fazer com que o maior número de alunos seja contemplado.

A Orquestra Villa- Lobos existe há 28 anos e tem sua sede e boa parte dos 250 alunos na Escola Municipal de Ensino Fundamental Heitor Villa-Lobos, instituição tradicional da Vila Mapa, no bairro Lomba do Pinheiro. 

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Há cerca de 15 anos, o projeto fez parceria com o Centro de Promoção da Criança e do Adolescente São Francisco de Assis, que atua no bairro da Zona Leste. Por meio desta ONG, foi possível ao grupo captar recursos e ter o convênio com a  Secretaria Municipal de Educação (Smed). 

O cenário mudou com a chegada da pandemia do coronavírus, que interrompeu as aulas. No final de abril, a prefeitura optou por não renovar o convênio com a entidade pela primeira vez em 12 anos, o que ocasionou a demissão de todos os professores, parte deles ex-alunos da própria orquestra.

– Esse dinheiro da prefeitura é que custeava os professores. Do corpo docente, 14 são cria da própria orquestra, que agora são formados ou estão cursando sua formação em Música no Ensino Superior. Como eles dependem muito desse trabalho, nos mobilizamos em maio para conseguir um financiamento coletivo, já que a prefeitura não tem previsão de renovar os convênios – recorda Cecília, citando a vaquinha virtual criada pela instituição

Recontratação

Depois de atingir a meta estabelecida na campanha, o grupo seguiu angariando recursos e contou com ajuda de outros doadores, pessoas que inclusive, tem ajudado de forma anônima.

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– Graças a essas doações, conseguimos ter uma tranquilidade para planejar o orçamento até o final deste ano, retornando as aulas. Foi possível trazer nossos 20 professores de volta – conta Cecília.

Para manter os trabalhos, a instituição mudou a forma de pagamento aos professores. Agora, todos eles são Microempreendedores Individuais (MEIs) e recebem por meio de prestação de serviço. Assim, o grupo conseguiu diminuir custos, pois mesmo com as doações, os valores ainda são inferiores aos patamares com os quais a orquestra trabalhava antes. E, no momento, a ideia é garantir que a operação chegue até o final do ano, explica Cecília:

– Nosso objetivo é 31 de dezembro. Janeiro do ano que vem já teremos outra luta para enfrentar. 

Marco Favero / Agencia RBS
Foi necessário adaptar-se à nova realidade, mas, agora Richard já consegue acompanhar as lições

Em uma comunidade carente, onde nem todos têm internet ou até mesmo um celular com memória suficiente para instalar um aplicativo de videoconferências, cada detalhe foi pensado para a retomada das aulas, incluindo o melhor horário para os alunos.

Morador da Lomba do Pinheiro e integrante da Orquestra Villa- Lobos há oito anos  – quatro como aluno e os outros quatro já como músico –, Richard Cavalheiro da Rosa, 18 anos, nunca tinha estudado de forma remota. Mas, já estava com saudade das aulas de percussão, que voltaram em agosto.

– Sem os professores, o costume de praticar em casa é pouco. Eu tocava mais samba, mas temos os outros estilos na aula. Então, foi muito importante este retorno – conta ele.

Nos primeiros encontros, Richard diz que foi difícil se acostumar com a mecânica das aulas. Mas nada que não ficasse fácil depois pouco tempo.

Quem também está se acostumando com as aulas online é o professor de Richard, Yago Souza Lima, 25 anos. Mesmo morando na própria Vila Mapa, perto dos alunos, é só pela tela do computador que o mestre repassa seus conhecimentos desde o retorno das aulas. 

E assim a banda se ajusta, pois superar cenários adversos para ensinar música numa comunidade carente está no DNA da Orquestra Villa-Lobos.

Como ajudar

/// Interessados em doar podem contribuir pela plataforma Catarse, acessando o site: www.catarse.me/bloco–na–rua

/// Por telefone, é possível fazer contato pelo (51) 99954-8897.

/// Também é possível escrever um e-mail para orquestravillalobos@terra.com.br.


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