Teu Bolso
Tomate é o vilão do mês na cesta básica
Levantamento do Dieese mostra que o item teve aumento de 29,1% no mês. Já o arroz é o campeão de alta do ano, com 67,5% acumulados.
Se você está tendo a sensação de que, a cada vez que vai fazer compras no supermercado, os produtos estão mais caros, saiba que não é só uma impressão. Conforme o levantamento mensal do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), dos 13 itens que compõe a cesta básica, 10 apresentaram alta em setembro, levando em conta os dados referentes a Porto Alegre.
A pesquisa foi divulgada nesta semana e apontou o tomate como o grande vilão do mês. Em relação ao levantamento de agosto, o item teve uma alta de 29,11%.
E quem tinha já apresentado alta no mês passado, cresceu mais ainda na nova pesquisa. Depois do tomate, arroz e óleo tiveram aumento nos preços de 19,75% e 19,41%, respectivamente.
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No total, a cesta básica da Capital ficou custando R$ 552,86. Em relação ao levantamento do mês anterior, quando o valor era R$ 528,61, houve alta de 4,59%. No ranking das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese, Porto Alegre seguiu com a quarta cesta básica mais cara do país, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis, que lidera o índice, com o valor de R$ 582,40. A cesta básica mais barata do Brasil é a de Natal, no Rio Grande do Norte, que custa R$ 422,31.
Em Porto Alegre, desde janeiro, a cesta básica apresenta uma elevação de 9,2% no seu preço. E, ainda conforme o Dieese, no acumulado dos últimos 12 meses, essa elevação salta para casa dos 20,64%.
Um dado interessante do levantamento é a variação de cada produto no acumulado do ano e dos últimos 12 meses. No acumulado dos primeiros nove meses do ano, o campeão de alta é o arroz, que subiu 67,51% desde janeiro. No lado oposto, a batata reduziu seu preço em 11,28% neste mesmo período. Em relação aos últimos 12 meses, quem mais subiu de preço foi o óleo de soja, que está 75,96% mais caro do que no mesmo período de 2019. A batata também foi a que mais perdeu valor no acumulado deste período, com redução de 28,64%.
Para se ter ideia de como a alta é significante no bolso do consumidor, nestes mesmos períodos, a inflação foi bem inferior aos aumentos. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – que aponta a inflação no país – até setembro, havia acumulado alta de 1,34% em relação a janeiro. E no acumulado dos últimos 12 meses, a inflação foi de 3,14%.
Entre os motivos, pandemia e entressafra
Como apontam especialistas, a pandemia, o aumento do consumo e períodos de entressafra, além de períodos de estiagem mais severos no início do ano, prejudicaram os produtos e afetaram ainda mais os preços. E, nos últimos meses, o cenário global também afetou os preços brasileiros.
Conforme Daniela Sandi, economista do Dieese, o dólar alto, o aumento das exportações e ausência de estoques reguladores de grãos para minimizar as altas são motivos que mantiveram arroz e óleo de soja entre os produtos com maior elevação novamente neste mês.
Já em relação à batata, que teve redução no preço, o avanço do período colheita e a volta do calor aumentaram a oferta do produto, possibilitando a queda nos preços, como explica Daniela.
Quanto ao grande vilão do mês, o tomate, a razão da elevação é a baixa oferta no mercado, pois boa parte da produção já foi colhida, aponta a economista:
– E com alguns dias de temperaturas ainda baixas, o processo de maturação de novas safras se torna ainda mais lento, demorando para regular a oferta do produto.
Quanto variou cada produto no mês
Tomate: 29,11%
Arroz: 19,75%
Óleo de soja: 19,41%
Banana: 17,76%
Feijão: 4,89%
Manteiga: 3,87%
Leite: 2,97%
Café: 2,42%
Farinha de trigo: 2,05%
Açúcar: 0,39%
Pão: -0,32%
Carne: -0,49
Batata: -22,11%