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Novembro Azul

Espera por consulta com urologista em Porto Alegre via SUS é de cerca de seis meses 

Apesar da demora, fila diminuiu 37% segundo a Secretaria Municipal de Saúde

25/11/2020 - 05h00min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Tadeu Vilani / Agencia RBS
Hospital da Restinga passou a oferecer atendimentos na área

No mês dedicado a prevenir e conscientizar sobre o câncer de próstata, que atinge os homens, os pacientes de Porto Alegre têm boas e más notícias. Isso porque o número de solicitações de atendimento para duas das principais especialidades voltadas à saúde masculina reduziu em relação ao mesmo período do ano passado. Entretanto, a fila ainda é grande – e com longa espera. 

Conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que mostram a fila do Sistema Único de Saúde (SUS) em Porto Alegre, em outubro,  2.891 solicitações aguardavam atendimento. Destas, 1.776 para a especialidade urologia adulto e outras 1.115 para consulta na área de proctologia adulto. No mesmo mês de 2019, eram 3.974 solicitações esperando atendimento. Destas, 1.122 pedidos eram para proctologista e 2.852 com urologista. Ou seja, no período de 12 meses, a fila para as duas especialidades reduziu 27,2%.

Vale ressaltar que isso não significa que foram realizados somente os pouco mais de mil atendimentos de diferença neste período. Como a fila é móvel, todo mês entram novas solicitações e consultas são ofertadas. 

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Secretário adjunto da Secretaria de Saúde, Natan Katz explica que a redução se deve a um trabalho iniciado em janeiro de 2019, com a ajuda da tecnologia. Desde então, a Capital atua em duas frentes. 

A primeira delas oferece teleconsultoria aos médicos nos postos de saúde, com auxílio de profissionais do programa Regula Mais Brasil, do governo federal.

– Nesta modalidade, o médico do posto discute com um especialista da área o caso do paciente. Juntos, os dois decidem se esta pessoa precisa ser encaminhada para um exame, se deve iniciar um tratamento ou se seu caso já está resolvido ali mesmo, sem que ela precise esperar pela consulta com o especialista. Isso aumentou a resolutividade da atenção primária – explica.

Em outra frente, passaram a ser oferecidas teleconsultas para aqueles que realmente precisam do urologista. Nesta modalidade, o especialista entra em contato com o paciente a distância, para uma avaliação. Para os casos nos quais a tecnologia não é suficiente, a solução é aumentar a oferta de atendimentos.

– Foi o que fizemos no Hospital da Restinga, por exemplo, que hoje conta com serviço de urologia. Isso aumentou os atendimentos de média complexidade – acrescenta o secretário.

Tempo ideal x pandemia

Olhando separadamente para os dados, a mudança mais significativa está na urologia. No último ano, esta especialidade reduziu sua fila em 37,7% – eram 2.852 solicitações em 2019 e caíram para 1.776 no mês passado. Com isso, o tempo de espera por atendimento também diminuiu. Em 2019, a média de dias para ser atendido em casos gerais era de 341 dias, quase um ano. 

Agora, essa média de tempo está em 161 dias – ou seja, pouco menos de seis meses. Porém, mesmo com a redução significativa, o tempo é maior do que o ideal, que, segundo a SMS, é de até 30 dias para casos prioritários e de 90 dias para casos gerais.

– Pretendíamos alcançar este nível ainda em 2020. Porém, com a pandemia, tivemos de diminuir os atendimentos. Por isso, o tempo de espera não caiu – analisa o secretário Natan.

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No caso da proctologia, em outubro de 2019, eram 1.122 solicitações acumuladas. No mesmo mês deste ano, são 1.115 – apenas sete casos a menos. 

O tempo para atendimento está dentro do que planeja a SMS. Nos casos gerais, a espera média é de 12 dias. Enquanto nos graves, esse número cai para nove dias.

Para que as filas sigam diminuindo, a estratégia da SMS é seguir com a regulação, para que seja possível identificar os casos que realmente precisam do especialista, e com a tecnologia.

– A pandemia não deve acabar tão logo. A telesaúde aumenta a resolutividade e ainda diminui os riscos da covid-19, já que evita as aglomerações, sem precisarmos reduzir muito os atendimentos – finaliza o secretário.

Resultados na ampliação da oferta

No Novembro Azul do ano passado, quando o Diário Gaúcho mostrou a situação das duas especialidades, a prefeitura explicou que o problema estava “em fase de resolução”. Segundo a administração, as filas eram maiores e, na época, estavam iniciando sua regulação, “principalmente, com revisão de casos antigos, na tentativa de priorizar quem precisava ser atendido”.

E a melhoria notada nos números atuais tem ligação também com a ampliação do atendimento, com a SMS contratualizando mais serviços. 

O Hospital da Restinga – administrado pela Associação Hospitalar Vila Nova –, por exemplo, foi um dos que assumiu atendimentos nas especialidades, ampliando o número de consultas ofertadas.

Ainda houve qualificação nos processos regulatórios. Com auxílio de médicos do programa Regula Mais Brasil, do Governo Federal, a análise dos pedidos de encaminhamento ficou mais rigorosa. Assim, a fila acumula menos demandas.



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