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Eu Sou do Samba

Conheça o grupo de estudantes que deu um "chega pra lá" no preconceito e valorizou as coisas boas da Tinga

Colunista escreve para o Diário Gaúcho às quintas-feiras

03/12/2020 - 05h00min


Liliane Pereira
Liliane Pereira
Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Alunas estudan na Escola La Salle Pão dos Pobres

Uma das coisas que mais me encanta no Carnaval é o quanto ele nos leva a lugares e saberes diferentes. Mas me emociona quando isso se torna um caminho para que crianças e jovens façam novas descobertas. Foi isso que aconteceu com um grupo de meninas que está no sexto ano do Ensino Fundamental: elas levaram para a sala de aula um pouco da história do bairro Restinga.

A iniciativa se deu em função de um projeto interdisciplinar da Escola La Salle Pão dos Pobres realizado durante todo o ano letivo, o Projeto Delfos, conforme explicaram os professores Niúra Ramires Faria e Alan Machado. O objetivo, fazer um trabalho cujo tema era lugares e pessoas da cidade de Porto Alegre a serem revisitados.

Foi aí que as alunas Amanda Lavinia Freitas Collares da Silva, Ana Júlia Werus, Eduarda Isidoro dos Santos, e Marcela Melo Yokota, todas de 12 anos, resolveram falar sobre a Restinga.

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Amanda participa do Carnaval desde pequena, já foi rainha mirim e hoje dança na ala Mini Divas da Imperadores do Samba. Para ela, ir até a Restinga é normal, já que a mãe dela, Hélida Freitas, é a primeira porta-bandeira da Estado Maior da Restinga.

Mas, para quem não mora na região, ir até lá não é tão natural. Não só pela distância, mas também pela ideia deturpada que muitos têm do bairro ao acharem que é um local em que a violência se sobressai às coisas boas. Por isso, mostrar as qualidades da Restinga, incluindo a escola de samba, foi um dos objetivos do trabalho. 

Amanda relatou que pesquisar permitiu que elas levassem um pouco da cultura e da história da escola de samba e da comunidade para a sala de aula:

– Eu já conhecia lá, mas não sabia de algumas coisas como, por exemplo, o que significava o monumento do Super Tinga e a história da escola Renascer da Esperança, criada pela dona Roseli. Mas o que eu mais aprendi foi que não devemos julgar pessoas ou lugares sem conhecermos o que há de bom. Esse bairro tem uma linda história de luta contra o preconceito e coragem para manter sua cultura viva com respeito e dignidade.

Ana Júlia não conhecia a Restinga, e ficou impressionada com muita coisa:

– Muitos bairros não têm hospital nem posto, e lá na Restinga tem os dois. Aprendi que nem tudo é como pensamos. A Restinga tem muita fama de ser um lugar perigoso, mas ir até lá me mostrou que não é bem assim.

O resultado do trabalho foi uma grande surpresa para os professores. Conforme as alunas, o relato é de que foi uma apresentação emocionante pelo fato do grupo ter buscado conhecer a história do bairro e se preocupado em desmistificar o preconceito com o lugar.


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