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Coluna da Maga

Magali Moraes: brilhos e paetês

Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

29/03/2021 - 09h03min


Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

Por onde andam as roupas de festa? Esquecidas e mofadas. Perderam a razão de ser. Não me refiro às absurdas festas clandestinas que seguem acontecendo e o desrespeito de jovens negacionistas (quem se importa com o look deles, só com a falta de bom senso). O assunto aqui é festão de casamento, formatura, 15 anos e outras comemorações que pedem roupas à altura da ocasião. Brilhos e paetês, tecidos esvoaçantes, terno e gravata, sapato social, scarpin, make e cabelo de salão.

Lembra do tempo em que a gente se arrumava pra festas? Parece que faz um século. Confirmar o convite. A expectativa ao chegar o grande dia. A preparação. Lustrar sapatos, passar camisas, arejar vestidos. O corre pra comprar de última hora meia-calça ou cinto, conseguir emprestada uma bolsinha chique ou brincos poderosos. Ir como convidada? Bem mais tranquilo do que organizar uma festa assim. Rever amigos, brindar, dançar até os pés doerem, rir, voltar pra casa ao amanhecer.

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Espelho

Eu, que nunca fui uma pessoa festeira, hoje sinto falta até disso. De separar o look em cima da cama. Depois me olhar no espelho e pensar "olha elaaa!" Devo ter algum paetê abandonado no armário. Os sapatos de festa estão empoeirados, e duvido que eu consiga usar por cinco minutos. Lantejoula, só se for em alguma camiseta de andar em casa. Moletom é o novo tafetá. Brilho só o da pele, de tanto trabalhar. Fila pra se servir nas travessas do bufê? Mesa de docinhos? Mal dá tempo de almoçar. 

Saudade de me emocionar ao ver a noiva entrar na igreja. Cumprimentar o formando e desejar um futuro lindo. Abraçar a amiga aniversariante e elogiar a festa. Apostar que o DJ vai tocar New York, New York (senão não é casamento) e mais tarde alguma música da Veveta. Um dia, teremos tudo isso de volta. As festas que esperem. Agora a vida fala mais alto. Pela nossa saúde, estamos tão presos em casa quanto os brilhos e paetês. Mas ninguém nos segura quando a gente puder festejar de novo.   



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