Notícias



Coluna da Maga

Magali Moraes e as flores pra ninguém

Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

15/03/2021 - 09h00min


Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

Você já se acostumou com as prateleiras do súper cobertas por lonas? E os corredores bloqueados? Me pergunto qual vai ser a próxima novidade. Pra quem me lê fora do Estado, eu explico: desde a semana passada, o governador proibiu a venda de produtos não essenciais nos supermercados. É pra que a gente compre o básico rapidinho e volte logo pra casa, sem o perigo de cruzar com o coronavírus nos corredores dos travesseiros ou dos copos. O que não for essencial, só comprando online.

Será que isso vai ajudar a diminuir o contágio e a aglomeração nas UTIs? No desespero, vale tentar de tudo. Pior é que muita gente aproveita a ida ao súper pra dar uma voltinha a mais e procurar nas pontas de gôndola uma oferta de vacina (imagina que sonho). Muitos questionaram se pilhas, lâmpadas, panelas e bebidas alcoólicas são ou não itens essenciais. E o que dizer dos tetos forrados de ovos de Páscoa? Brinquedo não pode vender. Mas aglomerar nos chocolates pode?

Leia outras colunas da Maga 

Estufa

De todos os produtos que estão fora do nosso alcance, escondidos atrás dessas lonas, o que mais me sensibilizou foi o setor da floricultura. Aquilo virou uma grande estufa. Os cactos vão aguentar. Já as violetas enclausuradas vão acabar no lixo. As mudinhas de tempero vão ficar sem gosto. Os vasos de folhagens não serão regados. Os botões de rosas vão secar. Que desperdício murchar sem antes alegrar uma casa. Flores pra ninguém. Arranjos com fitinhas coloridas que perderam a razão de ser.

Minha amiga Clarissa foi sortuda. Ao sair de um grande supermercado que é seu vizinho, ganhou de presente um buquê de Astromélias amarelas. Sobrou do Dia da Mulher? E isso importa? Outros clientes (homens e mulheres) que estavam lá na hora da distribuição de flores também chegaram em casa felizes. "Foi agridoce a cena das pessoas de máscara com um buquezinho na mão ou saindo da sacola", ela me disse. Vida longa às gentilezas pandêmicas. Mais do que nunca, estamos precisando.  



MAIS SOBRE

Últimas Notícias