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Coluna da Maga

Mulheres pandêmicas

Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

08/03/2021 - 09h00min


Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

Lembra o que você estava fazendo há 365 dias, no 8 de março do ano passado? Eu não, mas aposto que comi churrasco porque caiu em um domingo. Deve ter sido o de sempre: metade das mulheres gostando de receber rosas (e tá tudo bem). A outra metade reclamando das homenagens, já que a data significa luta e conscientização. Muito foi conquistado de um passado distante pra cá. A questão é que ainda falta um mundaréu de coisas pra gente poder de fato celebrar. Resumindo: respeito e igualdade. 

Dessa vez, acho que o Dia da Mulher não vai gerar polêmica por causa da loucura que virou a nossa vida. Esquece as flores ou protestos: eu quero é vacina. Imagina que incrível se no dia de hoje acontecesse uma vacinação em massa pra mulheres de todas as idades no mundo inteiro? Eu nem peço tanto. Só que as pessoas usem a maldita máscara. Principalmente que os jovens que se acham invencíveis (e também estão morrendo nas UTIs) caiam na real e parem de aglomerar em festas clandestinas. 

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Cientistas

Aqui e agora, o que eu posso fazer é dizer muito obrigada para as mulheres que estão fazendo a sua parte nessa pandemia sem fim. As médicas, técnicas e enfermeiras, cientistas, tias da limpeza hospitalar e todas as gurias que atuam na linha de frente da saúde. As mães que conseguem segurar seus adolescentes em casa. As professoras que seguem se virando pra ensinar à distância. As mulheres que trabalham no comércio e estão sofrendo pra manter seus empregos. As vizinhas que se ajudam. 

Mulheres pandêmicas somos nós, que perdemos o sono de noite e só queríamos sonhar um pouquinho. Que tentamos ser otimistas apesar de tudo. Que engordamos de ansiedade no último ano. Que enfiamos vitaminas em quem amamos pra aumentar a imunidade. Que estamos assustadas e cansadas. Que nos sentimos sozinhas. Que estamos vendo o tempo passar e adiando planos. Que não sabemos o dia de amanhã. Bora sobreviver. Ano que vem a gente fala de flores ou protestos.  



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