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Questionados em 2020, hospitais de campanha têm ocupação elevada

Estruturas têm se mostrado como saída para cidades suportarem a sobrecarga do sistema de saúde devido ao coronavírus.

20/03/2021 - 05h00min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Divulgação / Prefeitura de Cachoeirinha
Hospital de campanha de Cachoeirinha

O mês de março tem se apresentado como o mais complicado no enfrentamento do coronavírus desde o início da pandemia. Com o sistema de saúde sobrecarregado e entrando em colapso, estruturas de emergência voltam a ser um caminho para desafogar o sistema. Em julho do ano passado, antes da chegada do inverno, o DG mostrou que entre 12 cidades da Região Metropolitana, somente três contavam com estruturas de campanha: Canoas, Cachoeirinha e Gravataí. Agora, no pior momento da crise de saúde, a situação é diferente. Em locais onde não foram montadas oficialmente estruturas de campanha, espaços de hospitais e de prontos-atendimentos estão dando lugar a leitos para pacientes com a covid-19.

Em Gravataí, uma estrutura junto ao Hospital Dom João Becker é mantida desde o ano passado. Em 2021, sem apoio federal ou estadual, a prefeitura decidiu manter o local funcionando com verba própria, cerca de R$ 1,5 milhão por mês. A decisão se mostrou útil com o novo pico da doença. Só no espaço, a cidade tem 10 leitos de UTI exclusivos para covid-19 – dentro do hospital são mais 10. Ontem, todos os leitos do hospital de campanha estavam ocupados.

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– Não temos nenhum tipo de previsão nessa pandemia, então, não há segurança para reduzir leitos. Por exemplo: até janeiro, nunca havíamos tido mais de 40% de ocupação, ainda assim, mantivemos (o hospital de campanha). Agora, rapidamente teve esse salto e tivemos precisamos ampliar ainda mais. Há 20 dias, eram 20 pacientes internados, hoje são 150, todos os leitos estão ocupados. O principal problema neste momento é o extrapolamento da capacidade, imagine sem as estruturas de campanha – pontua o secretário de Saúde de Gravataí, Régis Fonseca. 

Em Canoas, a prefeitura manteve dois hospitais de campanha durante o ano passado, mas as estruturas foram fechadas com a troca de governo, no início deste ano. Conforme a nova administração, o foco agora está em criar leitos dentro de estruturas fixas, nas unidades hospitalares, com a intenção de que fiquem para os hospitais depois da pandemia. 

Segundo a prefeitura de Canoas, desde janeiro houve a criação de 276 leitos, ampliando a capacidade de internação da cidade para 389 leitos exclusivos de covid-19. Ainda estão previstos mais 50 leitos clínicos em um prédio do campus da Ulbra, em Canoas, como um centro de referência para atendimento em coronavírus.

Natacha Oliveira,Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Divulgação
Em Gravataí, hospital de campanha aberto desde junho do ano passado

A outra cidade que criou estrutura de campanha em 2020 foi Cachoeirinha. Por lá, o Ginásio Municipal virou base para leitos de pacientes com covid-19. A estrutura foi pouco usada no ano passado e a prefeitura chegou a ser questionada pela contratação de duas empresa terceirizadas para gerir o local, com auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS) e uma sindicância aberta pela própria prefeitura. Entretanto, sem comprovação de irregularidades, o espaço seguiu em uso e, neste momento, está sendo salvaguarda para a situação da covid-19 na cidade da Região Metropolitana. 

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Nos últimos dias, chegaram a ser feitos 200 atendimentos num único dia. No final de semana, a ocupação máxima dos leitos também ocorreu – são 40, mas 42 pessoas chegaram a estar internadas no local ao mesmo tempo. Com isso, o estoque de cilindros de oxigênio foi reforçado na quarta-feira. 

– Nos leitos nós temos o oxigênio “de parede”, que vem encanado da torre externa, que era abastecida uma vez por mês, mas que agora está sendo abastecida semanalmente. 

Com a aquisição de 20 cilindros, nós temos condições de ampliar o atendimento e ter mais tranquilidade, garantindo oxigênio para quem precisar – esclarece o diretor do Hospital de Campanha (HC), Vanderlei Marcos. 

Conforme a prefeitura, estão sendo realizados cerca de 150 atendimentos por dia no local. A equipe de saúde do espaço recebeu reforços nos últimos dias, com a contratação de médicos, enfermeiros e técnicos. Ontem, 39 pessoas estavam internadas no HC, sendo 24 em leitos clínicos os demais em leitos de enfermaria.

Alternativa em outros municípios

Para atender ao aumento da demanda, Eldorado do Sul transformou o pronto-atendimento 24h da cidade em hospital de campanha. A prefeitura explica que a medida auxilia na redução de gastos com uma estrutura que a administração já possui e pode aproveitar. “Compramos os equipamentos, medicamentos e montamos os leitos”, explica, em nota, a administração. Somente casos graves são encaminhados para internação no local.

Em Alvorada, estruturas de campanha foram implantadas somente para atendimento, não internação. São dois centros de enfrentamento à covid-19, que prestam atendimento clínico para gestantes, pacientes vindos de testagem privada que necessitam de medicação, pessoas com atestados e que não são atendidas pelas unidades Básicas de Saúde (UBSs). Também foi criada uma unidade móvel para testagem de pacientes encaminhados da rede básica.

Na cidade de Esteio, só em duas semanas, a capacidade de atendimento precisou ser reforçada. Entre 22 de fevereiro e o início de março, o número de leitos para atenção a pessoas com coronavírus, somando UTI, emergência e internação, passou de 49 para 75. Só o número de leitos de UTI mais do que dobrou, eram oito, agora são 18 leitos exclusivos covid.

Ampliações nos hospitais

No ano passado, o hospital de Guaíba foi inaugurado apenas para atendimento de casos de covid-19. O cenário ainda segue. Conforme a prefeitura, ontem, eram 38 internados Hospital Nelson Cornetet – antigo Berço Farroupilha, rebatizado pela nova gestão. São 10 leitos de UTI, todos ocupados. A capacidade é de 30 leitos, mas a prefeitura ampliou em mais 10 neste momento da pandemia, chegando a 40 vagas, incluindo as 10 de UTI.

André Ávila / Agencia RBS
Hospital Nelson Cornetet, em Guaíba

As cidades de Novo Hamburgo, Sapucaia do Sul, São Leopoldo e Viamão também não criaram estruturas de campanha, ampliando a oferta dentro de seus próprios complexos de saúde, como hospitais e prontos-atendimentos. E essas remodelações foram intensificadas com a nova explosão de casos. Em Sapucaia do Sul houve ampliação de leitos de UTI, indo de 9 leitos no ano passado para 29 durante o mês de fevereiro. 

Em São Leopoldo, em dezembro do ano passado, a enfermaria para covid-19 estava estruturada com 23 leitos, ampliados gradualmente até esta última terça-feira, dia 16, quando chegou a 54 leitos clínicos. A ampliação representa um aumento de 134% na oferta de leitos clínicos. Além disso, há 18 leitos de UTI para pacientes de coronavírus. 

Em Novo Hamburgo, foram criados mais oito leitos de UTI na última semana, chegando a 33 deste tipo. Uma área provisória para mais leitos clínicos também está sendo montada, ainda sem data de entrega. 


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