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Seu Problema é Nosso

No Dia do Índio a luta atual é pelo sustento: comunidades indígenas criam redes de apoio em meio à pandemia

Dois projetos visam não só incentivar o comércio artesão como também criar ações de apoio a mulheres indígenas, com doações de roupas e de alimentos

19/04/2021 - 14h51min

Atualizada em: 08/11/2021 - 20h13min


Lauro Alves / Agencia RBS
Daniela decora máscaras vendidas por comunidade

Para as comunidades indígenas, o 19 de abril é muito mais do que o Dia do Índio. 

A data simboliza a luta de resistência e ancestralidade ao mostrar suas identidades culturais no Brasil por meio de suas artes e ritos. Com o impacto da pandemia no seu sustento, o comércio de artesanatos, muitos desses grupos precisaram se reinventar para levar o que comer às suas casas. 

Pensando nisso, dois projetos visam não só incentivar o comércio artesão como também criar redes de apoio a mulheres indígenas, com doações de roupas e de alimentos. 

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Nhande 

O projeto Nhande é uma ação independente entre apoiadores da causa indígena e membros da comunidade Guarani da Tekoá Jataí’ty do Cantagalo (terra indígena do Cantagalo), em Viamão. Por conta do isolamento social, as famílias não puderam vender sua única fonte de renda nos centros urbanos: os artesanatos. Pensando nisso, o trabalho voluntário, realizado em prol da difusão de produções artísticas das artesãs, visa comercializar máscaras de proteção individual confeccionadas pela comunidade indígena. 

Lauro Alves / Agencia RBS
As máscaras são feitas pela comunidade Guarani da Tekoá Jataí’ty do Cantagalo e vendidas via Instagram

Desde cedo, a artesã Daniela Jaqueline, ou Jaxuka Mirin, em Guarani, 36 anos, trabalha com artesanato. Idealizadora do Projeto Nhande, ela e sua comunidade confeccionam máscaras com grafismos indígenas, e toda a renda obtida é direcionada ao povoado. 

Cada item custa entre R$ 17 e R$ 50, e são feitos a partir de materiais como miçangas, sementes de plantas e taquaras. Os tecidos são de algodão cru. 

– Os trabalhos que fazemos são inspirados em nossa Mãe Natureza – detalha. 

Segundo a bacharel em Museologia Daniela Mei, 24 anos, administradora do projeto, a venda dos produtos teve de ser adaptada ao ambiente virtual. Agora, os pedidos de compra das máscaras são realizados via Instagram. 

Daniela explica que a Nhande realiza também ações para arrecadar alimentos e roupas. Com a proximidade do inverno, eles buscam agasalhos para serem distribuídos à aldeia. 

Rede 

A Rede Indígena Porto Alegre nasceu em março de 2020 para apoiar mulheres indígenas que, em função da pandemia, não encontraram outra fonte de renda. Fazendo parte do Centro de Referência Afro-Indígena do Estado, com sede no bairro Cidade Baixa, na Capital, a Rede tem o objetivo de atender as necessidades dessas mulheres por meio de doações de cestas básicas, roupas, agasalhos e alimentos não perecíveis. 

Neste cenário, a Rede buscou realizar ações também com doação de produtos de higiene e equipamentos de proteção contra a covid, como máscaras e álcool em gel. 

A estudante de Pedagogia Alice Martins, líder da iniciativa e descendente dos povos Guarani e Caingangue, destaca ainda que o coletivo já doou cerca de 770 cestas básicas às integrantes. 

Luciana Lee / Arquivo Pessoal
Alice está a frente do projeto

O coletivo aborda pautas e discussões sobre a importância da luta dos indígenas em defender seus direitos étnicos no cenário atual. A Rede auxilia três aldeias em Camaquã, Itapuã e Cantagalo, em Viamão. 

COMO AJUDAR?

Projeto Nhande
/// Para encomendas de máscaras, doações de alimentos e roupas, acesse o Instagram @nhande.mascaras
/// Mais informações: (51) 98183-8844. 

Rede Indígena POA
/// Doações em dinheiro podem ser feitas pelo PIX 00178715069.
/// As doações de roupas, agasalhos e alimentos podem ser entregues no Centro de Referência (Travessa Comendador Batista, 26, bairro Cidade Baixa), na Capital, mediante agendamento pelo telefone (51) 98491-3118.
/// Outras informações pelo Instagram: @redeindigenapoa.

Produção: Vitória Fagundes



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