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Com leite especial em falta no Estado, mães dependem de doações do alimento

O leite Fortini é destinado a crianças que não podem se alimentar por via oral

06/05/2021 - 17h38min

Atualizada em: 06/05/2021 - 19h56min


André Ávila / Agencia RBS
Desde março, Luciana (D) não consegue retirar a fórmula

Mais uma vez, mães que dependem do Estado para suprir o leite especial que utilizam na dieta de seus filhos estão tendo que encontrar outras formas de conseguir o produto. Há dois meses, a fórmula Fortini está em falta no Estado – ela é destinada a dietas de crianças que não podem se alimentar por via oral. 

Em julho de 2019, o DG contou a história de Luciana Souza, 37 anos, que enfrentava o mesmo problema. Novamente ela passa por essa situação. Sua filha de seis anos, Agatha Souza, tem paralisia cerebral e só pode se alimentar por meio de sonda. Antes, a menina precisava de 18 latas de Fortini por mês, mas hoje já são necessárias 24 latas.  

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A moradora do bairro Restinga, na Capital, conta que a última vez que conseguiu o leite foi em fevereiro, e desde então não há previsão de quando o produto voltará a ser distribuído. Cada lata custa em média R$ 50, valor que ela não teria condições de pagar. Para cuidar de Agatha, Luciana não trabalha, e sua única renda é o benefício que a menina recebe.  

– Em março, já não consegui mais (retirar o Fortini), e quando eu ligo para a Farmácia, eles só dizem que não tem previsão de quando irá chegar. Eu estou contando com a colaboração de alguns amigos e parentes, que estão me ajudando. Algumas latas, tive que comprar, porque eu só tinha cinco. Para a Agatha, uma lata dura um dia e meio, porque ela faz uso exclusivo desse leite – comenta. 

André Ávila / Agencia RBS
Carine tentou dar outro leite para o filho, mas ele não recebeu bem a substituição

Doações  

Luciana chegou a pedir ajuda em grupos do Facebook, e de lá conseguiu a doação de 17 latas da fórmula. Ela integra um grupo no WhatsApp formado por mais de 80 mães de crianças com algum tipo de necessidade especial. Todas elas dependem do Fortini. A saída que encontraram para amenizar a falta foi ajudarem-se umas às outras. Quem tem leite sobrando doa para quem está sem nada. 

São essas doações que têm garantido a alimentação de João Vitor Antunes, sete anos. Sua mãe, Carine Pereira da Silva, 33 anos, mora com seus seis filhos e o marido no bairro Mario Quintana, na Capital. Ela explica que João tem nanismo e, ainda em seus primeiros meses, aspirou leite. Isso fez com que passasse a maior parte da vida, até os quatro anos, internado em hospitais. Mesmo em casa, ele ainda se DEsdepende da fórmula que está em falta. 

Carine conta que chegou a dar para o filho leite comum, de vaca, mas ele não recebeu bem o produto.  

Carine e o marido, Mauri Antunes, tiram sua renda da venda que fazem de roupas e outros produtos. Para poderem se ajudar nos cuidados das crianças, os dois trabalham de casa. Mas o valor que ganham não é suficiente para manter a família e comprar o leite que o Estado não está distribuindo. 

Secretaria de Saúde não dá prazos 

A reportagem entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), que confirmou a falta do leite. Segundo o órgão, o processo de licitação para aquisição do produto “ainda está em tramitação junto à divisão de compras da SES”. Não foram informados prazos para a regularização do caso.  

Ainda segundo a SES, em março havia nova remessa de Fortini na Farmácia de Medicamentos Especiais do Estado e, no dia 9 de abril, também houve entrega de leite em Porto Alegre. A pasta declara que medicamentos, produtos e insumos “não acabam nos municípios ao mesmo tempo”.

Produção: Émerson Santos

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