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Coluna da Maga

Magali Moraes: rir e chorar

Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

10/05/2021 - 09h00min


Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

Paulo Gustavo se foi, e continua nos emocionando. Era uma potência no humor, sabia usar tão bem sua habilidade de fazer rir. O que ninguém jamais imaginou era que ele faria o Brasil inteiro chorar com a mesma força. Nos últimos dois meses, nós acompanhamos as notícias sobre seu estado de saúde como se fosse alguém da família ou grupo de amigos. O humor tem essa capacidade de aproximar as pessoas. Gera identificação, quebra barreiras, coloca o pobre e o rico pra rirem do mesmo jeito.

Seja na TV, teatro ou cinema, lá estava o Paulo Gustavo arrancando gargalhadas até dos rostos mais sérios. Cada personagem criado era uma nova ponte entre a ficção e a realidade. Que mãe não se enxergou na Dona Hermínia dizendo (cheia de convicção) para os filhos o clichê "Você não é todo mundo"? Que filhos crescidos nunca se sentiram na pele da Marcelina e do Juliano, ainda tratados como crianças por suas mães? Paulo Gustavo enxergava o óbvio: toda mãe é uma peça.

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E a gente achando que ele só nos faria chorar de rir. Mas a vida mudou o roteiro. Juntou coronavírus e descaso. A gripezinha que já matou mais de 400 mil brasileiros fez as cortinas baixarem mais cedo pro Paulo Gustavo. Saiu de cena aos 42 anos, quando poderia envelhecer nos palcos. Agora só nos resta aplaudir de pé até cansar. Agradecer não só o seu talento, mas também as muitas doações pra entidades sociais e de saúde que fez e nunca se vangloriou disso. Só virou notícia depois da sua morte.

Através do humor, ele ajudou inúmeros filhos a saírem do armário para suas mães e pais. Mesmo de peruca e saltão, era um baita homem. Amou, casou, viveu cercado de amigos, formou uma família linda, gerou empregos, foi um exemplo de ser humano e mostrou que orientação sexual não define nada nem ninguém. Vai levar um tempo até que a gente sinta vontade de rir de novo. Paulo Gustavo merece cada homenagem que recebeu em vida e vai seguir recebendo. Essa aqui é pequeninha. De coração.  



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