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Cris Silva: "É meu! Lá vem a fase do egoísmo"

Colunista escreve sobre maternidade e família todas as sextas-feiras

18/06/2021 - 08h00min

Atualizada em: 18/06/2021 - 08h00min


Agência RBS / Agência RBS
Cris Silva

Eu já tinha percebido algumas atitudes do Teteu, meu filho de três anos, que me fizeram acreditar que ele estaria na fase do egoísmo. Esses dias, lá em casa, estávamos sentados vendo um desenho e comendo pipoca. O Paulo, meu marido e pai do Matheus, fez duas bacias de pipoca. Teteu pegou uma, o pai ficou com a outra e eu fui pegando pipoca da bacia do Teteu. Até que ele me olhou e falou: 

– É meu, é minha pipoca!

Eu perguntei: 

– Não posso pegar?

Ele me olhou e disse:

– Só uma.

– Mas, Teteu! Tu tens todas essas aí... Não posso ir pegando para comer junto? – disse eu.

– Melhor, não – respondeu ele.

Fiquei sem reação, foi a primeira demonstração escancarada de egoísmo. Mas assim que me dei conta do que tinha acontecido, conversamos. Sem briga, eu e o Paulo explicamos que era importante compartilhar, dividir as coisas. 

Obviamente ele não concordou, mas educar é isso. É explicar, ensinar e saber que outras situações vão aparecer e que precisaremos mais uma vez explicar tudo de novo.

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Quando surge

Normalmente, a partir dos seis meses, essas características “pouco nobres” aparecem a todo instante: ele não quer dividir os brinquedos, sente ciúme das pessoas próximas e, quando você menos espera, vai passar a maior vergonha no playground porque o seu filho acha que o escorregador é só dele.

A maioria das crianças vai viver a fase do “é tudo meu!”, que atinge o ápice aos três anos. Faz parte do desenvolvimento, do amadurecimento e da formação da personalidade. 

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Crianças podem não querer dividir

– Com o passar dos anos, por meio das experiências, ela vai perceber que não dá para viver sozinha e aprende a compartilhar – diz o psicólogo Yves de La Taille, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo e especialista em desenvolvimento moral. 

O importante é dar o exemplo e ser paciente: 

– Como o processo é natural, a insistência em querer que a criança empreste o brinquedo não melhora em nada. Por isso, vá com calma. O adulto precisa administrar a situação, e não resolver pela criança – conclui.

Egoísmo não é egocentrísmo

Egocentrismo e egoísmo são coisas diferentes. 

O egoísta é aquele que não gosta de emprestar nada. Já o egocêntrico quer ser o centro das atenções. Mas ele não é necessariamente egoísta – só não quer mesmo é dividir a atenção dos outros.

Todo bebê nasce egoísta

A ciência já comprovou o motivo: a área do cérebro responsável por nossos impulsos e autocontrole é muito imatura em um recém-nascido e pouco se desenvolve até os seis anos. 

Só a partir daí, essa região, chamada de córtex pré-frontal dorsolateral, começa a amadurecer.

Pérola

– Mãe, sabia que quando você fica brava pode ter um ataque encardido?
Felipe, sete anos



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