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Preço do frango sobe 16% em 12 meses na região metropolitana de Porto Alegre

Custos de produção elevados e aumento nas exportações ajudam a explicar o movimento, segundo especialistas

16/06/2021 - 09h38min

Atualizada em: 16/06/2021 - 09h40min


Anderson Aires
Anderson Aires
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Edi Pereira / Divulgação ABPA
Produto é uma das primeiras alternativas escolhidas pelos consumidores na tentativa de driblar altas nos preços dos cortes de carne bovina

O frango, uma das principais fontes de proteína na mesa dos brasileiros, está mais caro na região metropolitana de Porto Alegre neste ano. No acumulado de 12 meses fechados em maio, o frango em pedaços registrou crescimento de 16,85% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O produto é geralmente uma das primeiras alternativas escolhidas pelos consumidores na tentativa de driblar altas nos preços dos cortes de carne bovina. 

O avanço no preço desse tipo de carne é mais do que o dobro da inflação da Grande Porto Alegre no mesmo período, 8,20%. Na comparação com a costela bovina (32,69%), um dos principais cortes na lista dos consumidores, o salto verificado no frango em pedaços ainda é menor. O movimento registrado na Região Metropolitana acompanha o cenário nacional. O país fechou o período de 12 meses com variação de 14,69% no preço do frango em pedaços. 

O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, afirma que o crescimento no preço do frango ocorre na esteira da elevação nos custos de produção. Santin cita aumentos de 100% no preço do milho e de 60% no farelo de soja, dois dos principais componentes da ração das aves, nos últimos 12 meses. 

— É inexorável, inevitável esse reflexo para a prateleira e para a mesa do consumidor. Se o milho sobe 100%, não tem como você aguentar e segurar o preço — explica Santin.

O dirigente também cita outros fatores mais gerais, como o aumento no preço da energia elétrica e das embalagens, que ajudam a explicar o frango mais caro, mas destaca que o preço dos grãos ainda ocupa a maior parcela nessa matemática. 

O economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), avalia que, além do preço alto dos insumos de produção, o mercado mais atrativo para exportação também pressiona o preço do frango. Braz afirma que o volume maior de vendas de carne para o Exterior em um cenário de taxa cambial mais favorável acaba desabastecendo o país no âmbito de carne bovina e também das chamadas carnes substitutas. 

— Se, por um lado, isso é bom para a balança comercial, por outro, é um desafio a a mais para inflação, porque desabastece o mercado brasileiro — salienta o economista.

Braz afirma ainda que uma alternativa para os consumidores nesse cenário é comprar um pouco menos de cada produto, substituir as proteínas no cardápio, quando isso for possível, e aproveitar as promoções. O uso mais racional dos produtos também ajuda nesse processo, segundo o especialista:

— Eventualmente usar menos os itens mais caros. Não dá para substituir eternamente a carne, mas dá para substituí-la entre os animais, eventualmente usar um pescado ou ovo.

No acumulado do ano até maio, o frango em pedaços concentra alta de 8,30% na Região Metropolitana. Analisando a variação no preço do frango inteiro, é verificado movimento inverso no acumulado do ano na Grande Porto Alegre, mas parecido no período de 12 meses (veja mais abaixo). O presidente da ABPA afirma que é difícil apontar o que explica o impacto menor nesse tipo de produto neste ano. No entanto, afirma que os custos menores com mão de obra, energia e embalagens em relação ao frango em pedaços podem influenciar nessa diferença.  

Alta deve continuar nos próximos meses

Braz destaca que a demanda mundial por produtos aquecida pela pandemia de coronavírus deve seguir nos próximos meses. Diante desse cenário, o economista estima que o preço das carnes deve permanecer um desafio para o orçamento das famílias.

— Eu não vejo uma tendência de redução nas exportações da carne brasileira. Acredito que isso vai continuar tanto pelo aquecimento da economia asiática, principalmente da China, que é a nossa principal compradora, quanto pelo encarecimento dos custos de produção desses animais — pontua. 

O presidente da ABPA também traça uma previsão menos otimista em relação ao preço do frango nos próximos meses. 

— A estrutura de produção ficou mais cara como um todo. E não é uma questão como foi no passado, perto da safra, porque exportava muito. Não é. É uma questão global, o aumento do milho já é uma pressão global e vai se manter mais ainda por aspectos especulativos, que estão acontecendo no Brasil e pela eventual quebra de safra, que pode potencializar isso aí.  

Dicas para economizar na hora das compras

Veja as recomendações de Wendy Haddad Carraro, professora do Curso de Ciências Contábeis da UFRGS e coordenadora de programa de extensão em educação financeira na universidade para economizar na compra de alimentos:

  • Consulte promoções antes de ir ao mercado. Fazer uma lista e comprar apenas o que está nessa seleção e dentro do limite financeiro disponível
  • Verifique a existência de clube de fidelidade de mercados que, além de informar as promoções, oferecem descontos especiais
  • Organize cardápios antes de ir às compras, principalmente quando há itens em promoção. Na internet, é possível encontrar receitas práticas e de baixo custo
  • Evite desperdícios de alimentos. Busque utilizar tudo o que será comprado. Na compra de um frango inteiro, por exemplo, é possível fazer um caldo para ir em sopas e no arroz
  • Envolva toda a família nesta organização. Isso ajuda a economizar nas compras

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