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Lá em Casa

Cris Silva: "Mas tem um monstro lá!"

Colunista escreve sobre maternidade e família todas as sextas-feiras

02/07/2021 - 09h00min

Atualizada em: 04/07/2021 - 14h16min


Agência RBS / Agência RBS
Cris Silva

Meu filho, Matheus, está com três anos. Os últimos meses foram de intensas transformações no desenvolvimento. Tenho quase certeza de que ele está na tal “terrible twos”, a chamada adolescência dos bebês. Especialistas dizem que é a fase em que a criança passa a se perceber como indivíduo, com desejos e opiniões próprias, e vive a necessidade de tomar decisões e fazer escolhas por si mesma.

Só que acho que ele também entrou na fase do medo. E é do escuro. Se um quarto está na escuridão, não tem jeito: ele não vai entrar. Pode ter o brinquedo mais incrível lá dentro.

Perguntei porque ele não entrava, e a resposta foi rápida: 

– Tem um monstro lá.

– Lá, aonde Teteu? – perguntei.

– Lá embaixo da cama! – respondeu.

Uma hora é embaixo da cama, outra dentro do guarda-roupas, nem ele sabe bem onde o monstro se esconde. 

O medo do escuro tem a ver com o medo do desconhecido, do que pode ser uma ameaça. Na medida em que as crianças passam a fantasiar, o vazio é preenchido com o que a imaginação permitir, sem que elas tenham controle. 

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Palavra da especialista

Segundo a pedagoga Mariana Kroeff, o medo infantil se apresenta de acordo com a capacidade de desenvolvimento da criança, de uma forma lúdica: “Tem um monstro no meu armário, tenho medo do escuro”.

O medo é uma emoção, um sentimento necessário para a sobrevivência. Ele precisa ser sentido e é uma ferramenta de proteção. Portanto, é importante validá-lo, porque isso é real para a criança.

Então, como mediar isso? Diga que entende o medo dela. Isso fortalecerá a sua autoestima, ela entenderá que é compreendida pelos seus medos e que sentir medo, todo mundo sente.

Por exemplo, se ela acha que tem um monstro sob a cama, que tal um borrifador contra monstros? Basta usar a imaginação, colocar água num frasco e usá-lo para repelir esse “inimigo”. Se tem medo de ficar sozinho no quarto, que tal usar objetos e brinquedos (urso de pelúcia, super heróis)? 

Superar esse momento, lidar com o medo na infância é importantíssimo para vida..

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Medo vem manifestado com ludicidade

Dicas para ajudar a lidar com o medo do escuro

1. Ser bom ouvinte

/// Não ridicularizar o medo dos pequenos é importante para que eles sintam confiança em lhes contar sobre suas angústias e medos, e, assim, começar a enfrentá-los.

2. Não ser indiferente ao seu sofrimento

/// O medo de algo real é sentido com a mesma intensidade do que o medo de algo irreal. As sensações de apreensão, ansiedade e temor são as mesmas, independentemente de o nosso medo ser justificável ou não. Portanto, dê atenção aos sentimentos de seu pequeno, mostre que, embora você não os entenda, você os respeita e está lá para ajudar como puder.

3. Adultos também sentem medo

/// É reconfortante saber que não estamos sozinhos. Conte ao seu pequeno sobre suas experiências de quando era criança. Conte sobre seus medos e sobre os meios que encontrou para superá-los. 

4. Realize mudanças no ambiente

/// Garanta que seu pequeno sinta-se confortável em sua própria cama e que a iluminação esteja adequada. Vocês podem combinar de deixar um abajur ao alcance, uma luz fraca acesa ou uma porta entreaberta, para que ele sinta-se mais seguro. 

5. Procurar ajuda de um profissional

/// Caso o medo tenha se tornado algo que venha a incomodar muito seu pequeno e a prejudicar seu desenvolvimento, vale a pena procurar um profissional. 

6. Ler uma história antes de dormir

/// Além de estabelecer um ritual que favorece o sono, pode promover imagens mentais agradáveis para afastar o medo e, de quebra, fortalecer o laço afetivo entre vocês.

Amanhã: último Posso Entrar?

Neste sábado, estarei pedindo para entrar pela última vez nesta temporada. Passou tudo tão rápido e foi tão legal que te convido a acompanhar esse último episódio, na RBS TV, depois do Jornal Hoje. 

Félix Zucco / Agencia RBS
Reta final!

Duas histórias: a da arquiteta Karol que se formou e abriu um escritório para atender sua comunidade na Restinga, e tem ainda a cumplicidade entre tutora e animal, a amizade da dona Suzana e cachorrinha Nina. Mais: uma entrevista com o cantor Serginho Moah, falando sobre carreira e novos projetos, e uma conversa com a apresentadora do Se Joga, na Globo, Fernanda Gentil. 

Tudo isso e muito mais, a partir das 14h. Até lá!

Pérola

– Filha, você já vai fazer seis anos. Precisa aprender a dormir na sua cama.
– Mamãe, você já tem 30 e ainda dorme com o papai...
Rafaela, cinco anos



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