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O Brasil vai à Lua? O DG te ajuda a entender esta viagem

Quem explica é o colunista de GZH Rodrigo Lopes.

01/07/2021 - 05h00min

Atualizada em: 01/07/2021 - 05h00min


Rodrigo Lopes
Rodrigo Lopes
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Marcelo Camargo / Agência Brasil
Assinatura do acordo teve até cerimônia no Palácio do Planalto

O presidente Jair Bolsonaro assinou recentemente um acordo com o governo americano, que permite ao Brasil participar do projeto que pretende levar, de novo, seres humanos à Lua. O colunista de assuntos internacionais de Zero Hora e GZH Rodrigo Lopes explica.

Por que é importante voltar à Lua?
A Lua é um satélite natural do planeta Terra que, por décadas, alimentou o sonho de cientistas de explorarem o lugar. A primeira vez que seres humanos pisaram lá foi em 1969. Foi um momento histórico quando os três astronautas americanos a bordo da nave Apollo 11, Neil Armstrong, Michael Collins e Edward Aldrin, chegaram à Lua. Até 1972, outras missões levaram outros astronautas até lá. Mas, depois, nunca mais, devido à falta de dinheiro, ao risco das viagens e ao desenvolvimento de outras tecnologias que permitem explorar o espaço à distância, como telescópios mais poderosos, sondas espaciais e robôs. Também havia interesse em explorar outros lugares, como os planetas Marte e Mercúrio. Em 2005, a Nasa, a agência espacial americana, anunciou a retomada do projeto de voltar à Lua para conhecer lugares ainda não visitados e como ideia de usá-la como base para voos mais longos, para Marte, por exemplo, onde nenhum ser humano pisou até hoje.  

Só os EUA estão tentando chegar à Lua?
Não. Nas últimas semanas, uma série de movimentos envolvendo Rússia e China mostrou que esses países também estão tentando chegar lá, em uma espécie de corrida para ver alcança a Lua primeiro. Os dois maiores projetos dividem o mundo em blocos de países – um liderado pelos EUA e outro comandado por Rússia e China. Essa “corrida” lembra muito o que havia no tempo da Guerra Fria, entre 1945 e 1991, quando dois blocos tinham interesses diferentes na política, na economia, na área militar e na cultura. Essa competição à época ajudou no desenvolvimento de tecnologias que levaram os seres humanos à Lua.

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Quais as diferenças entre os dois projetos?
Os Estados Unidos pretendem enviar a primeira mulher e a primeira pessoa negra à Lua em 2024. Uma das inovações é que, desta vez, a missão tentará chegar ao lado oculto do satélite, aquele que não conseguimos ver quando olhamos a Lua aqui da Terra. Ao lado dos americanos, estão, por enquanto, outras 11 nações – Austrália, Canadá, Itália, Japão, Luxemburgo, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido, Coreia do Sul, Nova Zelândia, Ucrânia e, desde o dia 15, o Brasil. Rússia e China querem criar uma estação científica na Lua.

Há algo mais em jogo?
Sim. A disputa por quem voltará primeiro à Lua é apenas parte de uma guerra maior. O espaço é a nova fronteira estratégica para conflitos – em caso de guerra, um país pode destruir satélites de outro e, com isso, interromper a internet e outros mecanismos de comunicação do inimigo, por exemplo. A preocupação é tanta que os EUA criaram até uma Força Espacial focada na guerra no espaço.

E o Brasil, o que tem a ver com isso?
O país foi convidado a participar do projeto americano em outubro de 2020. Primeiro, a parceria pode reforçar o Programa Espacial Brasileiro em termos de cooperação entre pesquisadores. Ao optar pelo projeto americano – e não chinês-russo –, o Brasil tomou um lado da corrida à Lua. A escolha do lado americano também sinaliza posição possível diante dos interesses chineses em outras questões, como a rede 5G, que EUA e China disputam para ver que tecnologia o Brasil vai adotar. O passo brasileiro é também, de certa forma, uma continuidade de outro acordo estratégico já fechado com os Estados Unidos que permite aos EUA o lançamento de foguetes e satélites a partir da base de Alcântara, no Maranhão.

O ingresso no programa americano significa que podemos esperar o envio de um ou uma astronauta brasileira à Lua?
Não é bem assim. O primeiro voo, previsto para 2024, só incluirá astronautas americanos. Mas países integrantes poderiam, no futuro, integrar missões com seus próprios astronautas.


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