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Imunizantes contra a covid-19

SES identifica 877 aplicações de vacinas registradas fora do prazo de validade no RS

Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, a maioria dos casos se deve a erro de digitação. Em caso de dúvida, público pode ser contatado para confirmar se houve injeção de imunizantes vencidos

06/07/2021 - 09h58min

Atualizada em: 06/07/2021 - 09h58min


Karine Dalla Valle
Karine Dalla Valle
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Antonio Valiente / Agencia RBS
Doses vencidas de AstraZeneca podem ter sido administradas no Brasil, segundo levantamento do jornal Folha de S. Paulo

A Secretaria Estadual da Saúde (SES) conferiu o sistema da vacinação contra a covid-19 no Rio Grande do Sul e identificou 877 doses da AstraZeneca/Oxford registradas fora do prazo de validade e aplicadas em 75 municípios gaúchos, de acordo com relatório divulgado nesta segunda-feira (5). Segundo a pasta, a maioria dos casos se trata de erro de digitação.

Um documento com o nome de cada uma das 877 pessoas foi enviado às 18 Coordenadorias Regionais de Saúde. A partir de agora, as prefeituras ficam responsáveis por revisar o próprio sistema da vacinação. Se for identificado que a falha foi no momento de registrar a dose, a pessoa não deverá ser contatada. Em caso de dúvida sobre a data da aplicação, o vacinado será acionado e deverá apresentar a carteira de vacinação para que os dados sejam conferidos.

No caso de uma pessoa realmente ter recebido uma vacina vencida, ela será imunizada novamente, como explica a a chefe da Divisão de Epidemiologia do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Tani Ranieri:

— Se a dose vencida for a primeira, a pessoa terá que iniciar o esquema de novo. Se for identificada que a dose vencida foi a segunda, a pessoa tem que esperar 28 dias para tomar novamente, segundo o Ministério da Saúde. 

Envolvida na checagem das informações, Tani sustenta que a maioria desses registros é resultado de um erro no momento de registrar a dose da vacina, fazendo confusão com o lote a que pertence. É possível, por exemplo, que a equipe de um determinado posto de saúde, na hora de registrar as vacinas aplicadas no sistema, tenha se atrapalhado com os números dos lotes:

— Desses 877 registros, a grande maioria já foi identificada como erro de registro, erros de variadas formas. O ato da vacinação não ocorre no mesmo momento do registro. As equipes não registram na hora, é sempre posteriormente. Quando tu abres o sistema para digitar, aparecem vários lotes disponíveis de uma determinada vacina, e se a pessoa não olhar exatamente o lote, pode clicar em outro. E nós observamos isso — diz.

Um dos erros verificados no pente fino feito pela SES foi de um mesmo lote constar tanto na primeira dose quanto na segunda de uma mesma ficha de vacinação — o que, segundo a chefe da Cevs, não é possível acontecer com o imunizante AstraZeneca, cujo intervalo entre aplicações é de três meses. 

A revisão nas vacinas aplicadas no Estado ocorre após uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo denunciar que pelo menos 26 mil doses do imunizante produzido pela Fiocruz foram administradas no Brasil quando o prazo já havia expirado.

A conferência das doses aplicadas no Rio Grande do Sul foi além do levantamento do jornal e abrangeu todo o período da campanha de imunização no Estado, desde que a primeira vacina foi administrada, em 18 de janeiro, até o momento. As que constam como vencidas pertencem a três lotes: 4120Z005, com validade de 14 de abril e distribuído em 25 de janeiro; CTMAV520, com validade em 31 de maio e distribuído em 26 de março; e 4120Z026, com validade de 22 de junho e distribuído em 25 de fevereiro. 

Juntos, esses três lotes somam 313.630 doses, sendo que as 877 que podem ter sido aplicadas fora do prazo de validade correspondem a 0,27% do total distribuído. 

— Vamos atrás para corrigir, é o que estamos fazendo. Temos certeza de que esse quantitativo não foi aplicado vencido. Agora, alguma dose pode ter acontecido. Erros podem acontecer — diz Tani. 

De acordo com a SES, alguns municípios já confirmaram que as doses vencidas foram erro de digitação no sistema. A pasta aguarda a resposta de todas as prefeituras para dar um resultado oficial de quantas doses com prazo expirado de AstraZeneca foram aplicadas, o que deve ocorrer até o fim desta semana.


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