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Carteirinha em dia

Câmara de Porto Alegre avalia barrar acesso de vereadores, funcionários e visitantes sem vacina contra a covid-19

Exigência de "passaporte vacinal" está em debate na Mesa Diretora

12/08/2021 - 09h01min


Gabriel Jacobsen
Gabriel Jacobsen
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André Ávila / Agencia RBS
Aplicação de doses da vacina contra covid é registrada em carteirinha específica em Porto Alegre

A mesa diretora da Câmara de Vereadores de Porto Alegre avalia instituir como obrigatória a apresentação da carteira de vacinação contra a covid-19 para acesso às suas dependências. O tema gerou debate acalorado na manhã desta quarta-feira (11), com a maioria dos vereadores da Mesa Diretora defendendo a criação do passaporte vacinal.

A apresentação do certificado de vacinação valeria para vereadores, servidores, funcionários terceirizados e público externo. Só ingressaria no local quem estivesse com a proteção contra covid-19 em dia.

Com os ânimos exaltados de parte dos vereadores, não houve avanço no detalhamento da proposta. Assim, não foi indicado, por exemplo, se seria exigido o esquema parcial ou completo de vacinação e qual a regra para aqueles que ainda não têm idade para se vacinar.

A proposta de exigir a proteção vacinal na Câmara surgiu após um servidor da área médica do Legislativo relatar a existência de oito suspeitas de contaminação entre funcionários. Os casos serão avaliados ao longo da semana e a Mesa Diretora deve decidir o assunto na próxima quarta-feira (18).

Defensor da exigência da vacina, o vereador Cláudio Janta (Solidariedade) diz que o direito à saúde coletiva se sobrepõe ao direito individual.

— É um direito da pessoa pegar um revólver e fazer uma roleta-russa. Mas a pessoa não tem o direito de pegar um revólver e sair atirando nos outros ao deus-dará. Para conviver com os outros, tem que tomar a vacina. Não posso defender abertura de estádios, de espetáculos e não querer que as pessoas tomem vacina. É uma coisa de doido, para não dizer de irresponsável — afirma Janta, que também é autor de um projeto de lei para instituir o passaporte vacinal para espaços de grande concentração de pessoas.

Voz contrária à proposta na Mesa Diretora, a vereadora Comandante Nádia (DEM) diz que a opção pela vacinação é um direito individual.

— Sou pela liberdade. Não podemos criar subcategorias no município. As pessoas podem, sim, decidir suas vidas. Quem vai ter problemas (de saúde) é quem não quis se vacinar. E quem já teve a covid-19? Quem teve covid-19 e não quer se vacinar está (com anticorpos) na mesma faixa de quem se vacinou. Não posso admitir obrigatoriedades. Sou a favor da vacina, mas para quem quiser — defende Nádia.

Proteção coletiva, alerta especialista

Há dois pontos principais apontados pelos estudiosos que indicam que a vacinação tem efeito coletivo. O primeiro deles é que a vacinação, dependendo do vírus e da cepa, pode reduzir a carga viral. Assim, uma pessoa vacinada, se for infectada, pode ter menos capacidade de espalhar a doença para outras pessoas.

— A grande maioria de internações e mortes por covid-19 acontecem em pessoas não-vacinadas. As vacinas estão protegendo para formas moderadas e graves da doença. Isso quer dizer que a carga viral é mais baixa. Com carga viral mais baixa, diminui a possibilidade de transmissão de vírus — diz o presidente da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), Juarez Cunha.

O outro efeito coletivo da vacinação diz respeito à ocupação de hospitais. Como as vacinas comprovadamente reduzem as chances de internações por covid-19, cada pessoa que se vacina ajuda a evitar colapsos no sistema hospitalar e, portanto, ajuda a garantir leitos para outras pessoas, com todas as enfermidades.

O presidente da entidade também afirma que a proteção com a vacina é superior à imunização natural obtida por quem teve covid-19 e se recuperou.

— O que é relatado pela literatura científica é que a resposta imune é maior nos vacinados do que nas pessoas que já tiveram covid-19. Além disso, quem já teve covid-19 e se vacina responde melhor ainda à vacinação — aponta o médico.


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