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Transporte público

Melo diz a rodoviários da Carris que vai negociar projeto de privatização por 10 dias

Funcionários realizam manifestação nesta segunda-feira contra venda da estatal e retirada de cobradores dos veículos

24/08/2021 - 10h35min


Samantha Klein
Samantha Klein
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Ronaldo Bernardi / Agencia RBS

Após uma manhã de transtornos para usuários das linhas da Carris, o prefeito Sebastião Melo se reuniu, na tarde desta segunda-feira (23), com o Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre para discutir o projeto de privatização da estatal. No encontro, os rodoviários pediram a retirada da pauta da Câmara de Vereadores, que está pronta para ser votada em plenário. Os trabalhadores apostam em um programa de demissão voluntária (PDV), que está sendo elaborado pela companhia, e será lançado no começo de 2022. 

Melo disse que não vai retirar a pauta do radar de votações no Legislativo, mas concedeu prazo de 10 dias para negociações. A proposta de privatização ou liquidação da Carris não tramita em regime de urgência na Câmara, mas já completou as etapas para ir à votação.  
– Se vocês vieram somente para pedir a retirada do projeto, daí, não dá! É necessário que haja propostas mais ambiciosas. Hoje recebem em dia, têm emprego garantido. Vão aceitar atraso na folha, por exemplo? Além disso, somente Porto Alegre tem uma companhia estatal de transporte. Isso é realmente necessário? – disse Melo no encontro. 

— Nosso objetivo é a retirada do projeto que pretende tirar os cobradores dos coletivos e da proposta de privatizar a Carris, que é fundamental para a cidade. Vamos ver o que é possível nesses 10 dias — afirmou Alessandro Ávila, vice-presidente da entidade sindical.  

Melo agendou nova reunião na próxima quinta-feira (26) com sindicalistas e vereadores da oposição para apresentar dados relativos ao projeto. Também reafirmou que cortará o ponto dos trabalhadores que paralisaram as atividades nesta segunda-feira. 

O Executivo publicou, no começo da noite, um decreto que permite a requisição de funcionários, além de vans e lotações de outras empresas para suprir eventuais motoristas e cobradores que não comparecerem ao trabalho. O Sindicato dos Rodoviários se reunirá com os trabalhos ainda nesta noite para informar os resultados do encontro.  

O presidente da Carris, Maurício da Cunha, confirmou que há um PDV em elaboração. A proposta será lançada com perspectiva de adesão de 400 funcionários. A folha da companhia hoje é de aproximadamente R$ 7 milhões.  

— Esse valor é maior do que a arrecadação da empresa, que é de R$ 6,5 milhões mensalmente. Adicionalmente, estamos retirando de circulação cerca de cem coletivos, aqueles mais antigos — informou. 

Conforme Cunha, a Carris, que é deficitária, já solicitou cerca de R$ 48 milhões ao poder público para manter suas atividades e pagar a folha trabalhista.

A proposta de privatização da Carris integra o pacote da mobilidade urbana. A pauta inclui ainda a retirada de cobradores dos ônibus da Capital e a redução das isenções tarifárias e dias de passe-livre.

Paralisação  

Rodoviários ligados à Carris realizaram um ato que afetou a circulação dos coletivos da companhia nesta segunda-feira. O grupo é contrário ao projeto apresentado pela prefeitura à Câmara de Vereadores que propõe a desestatização da empresa. 

A técnica de enfermagem Adriana da Rocha estava em uma parada de ônibus da Avenida João Pessoa, próximo ao Palácio da Polícia Civil. Ela utiliza o coletivo da linha T5 para se deslocar ao trabalho, na Avenida Independência. Questionada pelo repórter Eduardo Paganella, ela informou que, neste final de tarde, o atraso do coletivo foi de aproximadamente meia hora.  

— Geralmente tem ônibus entre 18h5min e 18h10min. Mas agora são 18h40min e nada — lamentou.  

A EPTC informou ao longo da tarde que outros consórcios assumiram as linhas da Carris durante o dia, mas reconheceu que ainda havia atrasos e prejuízos aos usuários no começo da noite desta segunda. 


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