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Reforço na imunidade

Perguntas e respostas sobre a terceira dose da vacina contra a covid-19

Ministério da Saúde afirma que vacinação de adolescentes sem comorbidades não será prejudica devido à expectativa de novas remessas nas próximas semanas

25/08/2021 - 22h05min

Atualizada em: 25/08/2021 - 22h05min


Marcel Hartmann
Marcel Hartmann
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Antonio Valiente / Agencia RBS
Aplicação da terceira dose começa em 15 de setembro para idosos acima de 70 anos e imunossuprimidos

O Brasil vai aplicar a terceira dose de vacinas contra a covid-19 em idosos acima dos 70 anos e imunossuprimidos (pessoas com deficiência no sistema imunológico) a partir de 15 de setembro, anunciou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga nesta quarta-feira (25). Adotada em diferentes países, a medida buscará elevar a proteção desses brasileiros e evitar o avanço da variante Delta, altamente contagiosa.

Segundo Queiroga, até 10 de setembro todos os Estados terão recebido doses necessárias para vacinar brasileiros com 18 anos ou mais. Portanto, em 15 de setembro, já haverá tempo para começar a aplicação da terceira dose nos mais idosos e imunossuprimidos sem prejuízo à primeira dose da população adulta.

Ainda conforme o governo federal, a aplicação de reforço não vai prejudicar a vacinação de adolescentes. Veja perguntas e respostas sobre o tema:

Quando começará a aplicação?

Doses para o reforço serão distribuídas aos Estados a partir de 15 de setembro, portanto a aplicação deve começar logo em seguida. Alguns governos estaduais decidiram permitir antes, como Goiás, para idosos em asilos a partir da semana que vem, e São Paulo, para a população acima dos 70 anos a partir de 6 de setembro. 

Quem poderá tomar o reforço?

Imunossuprimidos que tomaram duas doses há 28 dias e idosos a partir dos 70 anos que completaram o esquema vacinal há mais de seis meses. A convocação será gradual, dos mais velhos para os mais novos.

Quem são imunossuprimidos?

São pessoas cujo sistema imune tem problemas. O grupo envolve transplantados, indivíduos com HIV, pessoas com câncer que realizaram imunoterapia e quimioterapia nos últimos seis meses, brasileiros com neoplasias hematológicas, com doenças inflamatórias imunomediadas e mais imunodeficiências, segundo o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO).

Só quem tomou CoronaVac vai precisar de reforço?

Não. Todos os brasileiros acima dos 70 anos e imunossuprimidos precisarão tomar uma nova vacina, seja quem recebeu duas doses de CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer ou quem tomou a dose única da Janssen.

A terceira dose vai ser com qual vacina?

Preferencialmente, com Pfizer, mas, na falta desse marca, também poderão ser usadas AstraZeneca e Janssen.

Por que a preferência será com Pfizer?

Pela logística: é a vacina que mais será recebida pelo governo federal. Das 358,2 milhões de doses a serem distribuídas entre agosto e dezembro, 170,8 milhões serão Pfizer. Além disso, o Ministério da Saúde afirma que a Pfizer é o imunizante que mais teve estudos apontando que o uso cruzado com outras marcas funciona bem.

Por que é preciso tomar a terceira dose? Duas doses são ineficazes?

Não. As vacinas funcionam contra a covid-19, mas estudos vêm sugerindo que, a partir de seis meses, a proteção é reduzida, sobretudo em idosos, cujo sistema imune é mais fraco. Pesquisas também indicam que uma terceira dose reforça as defesas do organismo. 

Além disso, idosos possuem mais doenças crônicas, o que eleva o risco para casos graves de coronavírus. Os imunossuprimidos também têm resposta reduzida pelas deficiências no sistema imunológico. Por fim, pesa na decisão o aumento nas hospitalizações de idosos nas últimas semanas no Brasil.

Quantas pessoas há acima dos 70 anos e imunodeprimidos?

No Brasil, são 13.464.087 idosos acima dos 70 anos. No Rio Grande do Sul, são 976.956 gaúchos e, em Porto Alegre, 144.989. Os dados constam nos planos de vacinação de cada ente, com base nas estimativas para 2020 do DataSUS. 

O Ministério da Saúde, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-RS) e a Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre não forneceram a GZH estimativa de quantos imunossuprimidos há em seus territórios. 

Vai ter vacina para aplicar terceira dose?

O governo federal diz que sim. Tendo em vista as próximas remessas e a perspectiva de vacinar adultos acima dos 18 anos até metade de setembro, será possível avançar aos adolescentes no geral enquanto se aplica o reforço em idosos e a segunda dose em adultos, assegurou o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, nesta quarta-feira (25). 

A pasta estima que 1,1 milhão de brasileiros receberiam o reforço em setembro, 7 milhões em outubro e 1,6 milhão em novembro. Além disso, estimativas do DataSUS apontam que há 30,6 milhões de brasileiros entre 10 e 19 anos – o Ministério da Saúde autorizou que adolescentes entre 12 e 18 anos recebam Pfizer.

Para dar conta da demanda, a previsão é de que o Ministério receba 68,8 milhões de doses em agosto - a maior parte, 37,5 milhões, será Pfizer, imunizante que o Ministério orienta para ser usado na terceira dose e o único liberado a adolescentes. Em setembro, serão mais 62,6 milhões.

Já entre outubro, novembro e dezembro, o governo federal prevê receber 226,7 milhões de doses - para além de 13,4 milhões de brasileiros acima dos 70 anos, há 16,7 milhões entre 60 e 69 anos, segundo o PNO. 

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Como fica a vacinação dos adolescentes sem comorbidades?

O Ministério da Saúde garantiu que, com a quantidade de doses a serem recebidas em agosto e nos próximos meses, será possível aplicar o reforço em idosos e imunossuprimidos enquanto se inicia a vacinação de adolescentes no geral. O governo destacou que os mais jovens devem ser vacinados após todos os adultos acima dos 18 anos terem recebido a primeira dose. 

— Não vai atrapalhar a vacinação de adolescentes — afirmou a secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite. 

O Brasil vai aplicar a terceira dose em toda a população?

Não há nenhum anúncio, mas é possível. Em coletiva na tarde desta quarta-feira (25), a secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite de Melo, afirmou que os estudos atuais sustentam a necessidade de terceira dose na faixa etária escolhida pelo Ministério da Saúde. 

Ao mesmo tempo, a secretária afirmou que, se saírem mais pesquisas indicando a terceira dose para brasileiros abaixo dos 70 anos, o governo federal pode permitir a medida para a população. Ela citou a expectativa pelo estudo conduzido pelo Ministério sobre a duração da proteção da CoronaVac e a intercambialidade com outros imunizantes.

Há países que estão revacinando toda a população por entender que três aplicações oferecem maior proteção contra a covid-19. Israel, mais avançado neste sentido, já oferece para pessoas acima dos 40 anos, grávidas, professores e profissionais de saúde com idade inferior.

— O que a gente tem nesse momento é um anúncio de algo que pode ser interessante para as pessoas. Há evidências favoráveis em termos individuais, inclusive em termos de combinação de vacinas — afirmou Cynthia Molina Bastos, diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul, em entrevista à Rádio Gaúcha nesta quarta-feira

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E no Rio Grande do Sul?

GZH questionou a Secretaria de Estado da Saúde (SES-RS) quando começará a vacinação de adolescentes e se a terceira dose não atrapalhará a aplicação de segunda de adultos, mas não obteve resposta aos questionamentos. O Estado afirmou que “não recebeu orientação oficial sobre a terceira dose”.

Quais países já aplicam terceira dose?

Israel aplica a terceira dose para quem recebeu Pfizer e Moderna. Chile e Uruguai oferecem terceira aplicação de Pfizer para quem recebeu CoronaVac. Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Espanha, França e Rússia também já começaram ou começarão em setembro a aplicar a terceira dose na população. 

É seguro aplicar a terceira dose?

Os estudos feitos até agora vêm apontando que é seguro aplicar a terceira dose. Imunologistas e médicos infectologistas destacam que o sistema imune está acostumado a lidar com diferentes estímulos no dia a dia, o que inclui vacinas. 

Tomar a terceira dose protege mais?

Há cada vez mais estudos apontando que a terceira dose pode ser benéfica, sobretudo na geração de anticorpos. A terceira dose da vacina da Pfizer aumenta em até seis vezes o número dessa proteína de defesa entre idosos acima dos 60 anos e comparação a quem recebeu duas aplicações, mediu estudo de Israel, por exemplo. 

O reforço, no entanto, ainda não é consenso. As principais críticas é que faltam pesquisas com mais voluntários e análises que comparem, fora de laboratório, se a proteção de terceira dose é maior do que com duas aplicações. Também não há muitos estudos mostrando que o aumento de anticorpos eleve a eficácia (em %) das vacinas. 

Em Israel, saiu um dos poucos estudos mostrando que a terceira dose funciona na vida real, fora de análises em laboratório. No país, o reforço é aplicado em idosos acima dos 60 anos desde o fim de julho.

O Ministério da Saúde israelense divulgou no último domingo (22) que a terceira dose da Pfizer aumentou significativamente a proteção contra infecções e casos graves de covid-19 em idosos. Para essa população, a proteção contra infecções gerada 10 dias após a terceira dose foi quatro vezes maior do que após duas doses. Já a proteção contra casos graves e hospitalizações foi de cinco a seis vezes maior também 10 dias após a terceira dose.

A imunologista Cristina Bonorino, professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e colunista de GZH, é contra a aplicação de terceira dose porque diz não haver estudos provando a necessidade. Aliás, observa, pesquisas apontam que duas doses da Pfizer e da AstraZeneca seguem efetivas contra a Delta.

Uma nova injeção sempre estimula a produção de mais anticorpos, mas o contato com o vírus também estimula a produção de proteínas de defesa, diz Bonorino. No caso da CoronaVac, ela observa que eventual queda de anticorpos não deve afetar a proteção. 

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É seguro tomar vacinas diferentes?

Estudos vêm indicando que sim, ainda que parcela dos especialistas diga que seria importante haver mais pesquisas. A tese mais aceita entre médicos e imunologistas é de que imunizantes distintos ensinam o sistema imunológico a se defender de maneiras diferentes contra a covid-19, o que fortaleceria nossas defesas.

— Não existe evento adverso a mais, somente aquele associado à vacina tomada. Cada imunizante tem uma forma de estimular as defesas, então, do ponto de vista de anticorpo, é mais lógico estimular com uma vacina e depois com outra. Estudos de laboratório mostram que a intercambialidade entre AstraZeneca e Pfizer é, no mínimo, tão boa quanto duas delas. E o benefício de tomar CoronaVac e depois Pfizer ou AstraZeneca é superior a CoronaVac mais CoronaVac — diz o médico Eduardo Sprinz, chefe da Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).



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