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Imunização contra a covid-19

Quase 37 mil pessoas não voltaram para a segunda dose da vacina na Região Metropolitana

Levantamento do Diário Gaúcho com prefeituras mostra número de vacinados que já deveriam ter retornado para tomar segunda dose em 10 cidades, mas não o fizeram

14/08/2021 - 05h00min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Anselmo Cunha / Agencia RBS
Proteção máxima só é garantida após a imunização completa

Um levantamento feito pelo Diário Gaúcho com 10 prefeituras Região Metropolitana mostra que ao menos 36.995 pessoas não retornaram para aplicação de segunda dose da vacina contra o coronavírus. O número é baseado em dados de Porto Alegre, Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Eldorado do Sul, Esteio, Gravataí, Guaíba, Novo Hamburgo e São Leopoldo, obtidos junto às prefeituras entre os dias 5 e 9 de agosto. A reportagem entrou em contato também com Sapucaia do Sul e Viamão, mas o número de pessoas com segundas doses atrasadas nestes locais não foi encaminhado.

Mesclando os atrasados enviados pelas prefeituras com informações da Secretaria Estadual de Saúde (SES-RS) sobre a vacinação no Rio Grande do Sul, é possível dimensionar quais locais têm, proporcionalmente, mais pessoas que não retornaram para tomar a dose que completa o esquema vacinal. Isso no caso dos imunizantes de duas doses, como AstraZeneca e CoronaVac. 

A cidade que lidera o atraso na aplicação complementar é Eldorado do Sul. Por lá, 1.800 pessoas já poderiam tomar a segunda dose, mas não o fizeram. Proporcionalmente, o número de atrasados representa 19% do total de pessoas com segunda dose pendente. Bem a frente da segunda colocada, Guaíba, onde os atrasados representam 10% do total de pacientes com a segunda aplicação por fazer.

Números

O menor índice de “inadimplência vacinal” da Região Metropolitana é Alvorada. A prefeitura da cidade estima que cerca de 500 pessoas estão com a segunda aplicação atrasadas. Isso representa 0,9% dos que estão com a segunda dose pendente. 

Depois, aparece São Leopoldo, onde os atrasados somam 2,33% entre aqueles com doses pendentes. As cidades estão abaixo da média de atraso da Região Metropolitana. Somando os números das 10 cidades, o percentual médio de atrasados dentro daqueles que estão com a aplicação complementar pendente representa 4,53%. No conjunto de municípios, foram aplicadas 2.657.965 doses – sendo 1.947.190 primeiras doses e 1.008.052 segundas doses ou doses únicas. Cerca de 815 mil pessoas estão à espera da segunda aplicação – o número real é um pouco menor, pois o RS já recebeu a vacina da Janssen, que é de dose única. Os dados da SES-RS não especificam exatamente quantas destas já foram aplicadas. Somente a prefeitura de Porto Alegre encaminhou os números de doses da Janssen aplicadas na cidade, que foram subtraídas do cálculo integral.

Na Capital, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) estima que 10 mil pessoas estão com suas segundas doses atrasadas. Isso representa 3,12% do total de pessoas com segunda aplicação pendente. Em Cachoeirinha, Canoas, Eldorado do Sul, Esteio e Novo Hamburgo, os atrasados representam entre 4% e 5% das aplicações pendentes.

Medo de reações e fake news

A reportagem questionou as cidades sobre que motivos os municípios têm encontrado para que as pessoas não retornem para tomar a segunda dose. A maioria dos municípios cita o medo de reações, principalmente, depois de terem algum desconforto com a primeira dose. Entretanto, é sabido que os efeitos são passageiros, durando menos de 48 horas. A prefeitura de Eldorado do Sul acredita que “a disseminação de fake news também assusta pessoas e afasta quem deveria procurar a segunda dose. São Leopoldo aponta para a necessidade de que se reforce a população “a necessidade de concluir o esquema vacinal com as duas doses”. 

Outras situações, como o intervalo de 12 semanas entre as doses para imunizantes como AstraZeneca e os atrasos nas doses de CoronaVac no primeiro semestre também são citados como razões que acabam fazendo com que alguns pacientes esqueçam do momento certo de retornar aos locais de vacinação.

Natan Katz, epidemiologista e professor da faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), pontua que só se pode garantir que uma pessoa está protegida se ela tomar as duas doses, no caso dos imunizantes que funcionam com duas aplicações. Por isso, o médico reforça a necessidade que se volte na data adequada para fazer a aplicação adicional.

– Uma vacina obtém o melhor resultado quando se segue na aplicação aquilo que se observou nos estudos dela. A maioria das vacinas que temos no país ainda é de duas doses. Assim, só vamos conseguir reduzir a circulação do vírus e ter menos casos graves se as pessoas tomarem estas duas doses – explica Natan.

Cidades com doses atrasadas

Veja quantas pessoas estão com segundas doses atrasadas segundo as prefeituras de 10 cidades da Região Metropolitana e quanto isso representa entre as pessoas com doses pendentes nestes locais.


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