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Efeitos da infecção

Saiba quais são os sintomas mais comuns da variante Delta do coronavírus

Alterações no organismo semelhantes às causadas por gripe comum e resfriado podem contribuir para transmissão

11/08/2021 - 09h03min


Marcel Hartmann
Marcel Hartmann
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Dimitris_Barletis / stock.adobe.com

Após causar estragos em países com cobertura vacinal avançada, a altamente transmissível variante Delta da covid-19 se espalha pelo Brasil. Em meio à tímida vigilância genômica que dificulta mensurar a presença da cepa, médicos pedem que brasileiros atentem para os sintomas diferentes provocados pela Delta em infectados, na comparação com outras variantes do coronavírus.

Tanto vacinados quanto não vacinados podem, nos primeiros dias de infecção, desenvolver alterações no organismo iguais às provocadas por uma gripe ou resfriado comuns – ainda que se saiba que duas doses garantem grande proteção contra hospitalização e morte.

Os sintomas predominantes no início de infecção pela Delta são dor de cabeça, dor de garganta, tosse e febre, explicam três médicos infectologistas entrevistados por GZH. Nariz escorrendo, mal-estar e dor muscular também são relatados. Perda de olfato e perda de paladar são menos frequentes do que o reportado até agora.

Em meio à semelhança de sintomas com a gripe, analistas temem que brasileiros menosprezem as alterações no corpo, mantenham a rotina de frequentar trabalho, bares, restaurantes e academia, e contaminem outros indivíduos. A ciência já sabe que pessoas vacinadas também podem se infectar com a covid-19 e, apesar do menor risco de adoecerem, passar o vírus adiante

— A partir de agora, qualquer sintoma respiratório, até que se prove o contrário, precisa ser tratado como covid-19. Na Inglaterra, essa é a orientação. Se você tiver esse sintoma, precisa reduzir o contato com outras pessoas — afirma a médica infectologista Ana Luiza Gibertoni, funcionária do Serviço Nacional de Saúde (NHS, na sigla em inglês) da Inglaterra e pesquisadora no Departamento de Saúde Populacional da Universidade de Oxford. 

No Rio Grande do Sul, 11% das amostras sequenciadas pelo laboratório estatal na última semana eram da Delta. Na semana passada, o governo do Estado do Rio de Janeiro afirmou que a cepa representava 45% das amostras analisadas na capital e 26% das do Estado. Na Grande São Paulo, o governo estadual divulgou que a Delta estava em 23,5% das amostras analisadas. 

O médico Marcelo Simão, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professor da Universidade Federal de Uberlândia, cita a confusão que ela pode criar entre a população, uma vez que os sintomas podem ser entendidos como de uma gripe. 

— A perda de olfato e paladar, que chamava muita atenção da covid na cepa original, até pode ocorrer, mas é bem menos frequente. A pessoa tem coriza, dor de cabeça, um mal-estar e depois melhora, e aí nem testa. Isso é frequente. A questão é que a característica mais importante da Delta é a alta transmissibilidade. Quem se vacinou pode pegar covid e, apesar de não adoecer, pode passar a outras pessoas, e os não vacinados podem morrer — diz Simão. 

O médico Eduardo Sprinz, chefe do setor de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), destaca que não é possível diferenciar a infecção por covid-19 causada pela Delta de uma gripe comum sem a realização de teste. Por isso, vacinados devem manter distanciamento e uso de máscaras para zelarem pela saúde dos não imunizados.

— Só com teste é possível diferenciar síndrome gripal de covid. A testagem vai ser um divisor. Não podemos dizer ainda que a Delta é mais grave do que as outras. Sabemos que vacinas de RNA mensageiro, como a Pfizer, e de vetor viral, como AstraZeneca, funcionam. Não temos dados ainda sobre a CoronaVac, mas imaginamos que seja protetora também — afirma Sprinz.


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