Setembro Dourado
Câncer é a primeira causa de morte por doença entre crianças e adolescentes no Brasil; saiba como identificá-lo
Tumores mais frequentes até os 19 anos são leucemia, linfoma e os que atingem o sistema nervoso central
Menos conhecido do que o Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio, o mês também é marcado pelo Setembro Dourado. A causa é tão importante quanto: alertar para os sintomas e tratamentos do câncer infantojuvenil, que é a principal causa de morte por doença (8% do total) entre pessoas de um a 19 anos no Brasil.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), 8.460 novos casos de tumores em crianças e adolescentes foram notificados em 2020 no Brasil. No RS, a média anual é de cerca de 500. Se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados, porém, cerca de 80% dos casos podem ser curados. Os tipos mais comuns são leucemia, linfoma e os que atingem o sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal).
No Rio Grande do Sul, crianças e adolescentes com câncer têm o apoio do Instituto do Câncer Infantil (ICI). Em funcionamento há 30 anos, a entidade oferece atendimento multidisciplinar aos pacientes e suas famílias e também desenvolve pesquisas científicas. A ONG tem parcerias com hospitais de Porto Alegre, Passo Fundo, Caxias do Sul e Santa Maria, mas acompanha os pequenos mesmo após o fim do tratamento.
— Temos um programa que acompanha os pacientes até os 90 anos — brinca o superintendente do ICI, Algemir Brunetto, que também é oncologista.
O superintendente explica que a manutenção do monitoramento é importante porque o tratamento e a própria doença podem repercutir nas habilidades físicas e emocionais da pessoa. Mais de 3 mil crianças e adolescentes já foram atendidas pelas 18 equipes compostas por médicos, psicólogos, assistentes sociais, fonoaudiólogos e dentistas, entre outras especialidades.
No Setembro Dourado, a maior preocupação é alertar para a importância do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil. Para isso, é preciso estar atento aos sintomas dos diferentes tipos de tumores que podem acometer os pequenos. Na leucemia, por exemplo, pode haver sangramento no nariz ou na gengiva, manchas roxas na pele, anemia e febre prolongadas, cansaço e perda de peso. Nos tumores ligados ao sistema nervoso central, que são o câncer no cérebro e na medula espinhal, a criança ou o adolescente pode se queixar de dor de cabeça por períodos longos e ter náusea e vômito.
— São sintomas muitas vezes confundidos com doenças normais de uma criança. Mas não é comum uma criança ter um sintoma que se prolonga e que repercute na capacidade física, na atividade escolar, faz ela não brincar, não se alimentar bem. Se os sintomas são associados à febre intermitente, há necessidade de consultar — orienta Brunetto.
Quando o paciente demora a ser levado ao médico, a doença acaba sendo diagnosticada em uma forma mais avançada, o que exige tratamentos mais complexos, como a quimioterapia, a radioterapia e a realização de cirurgias maiores, conforme o oncologista. Quando o caso está no início, tende a ser mais leve e, às vezes, uma pequena cirurgia ou a colocação de uma prótese já bastam.
Confira alguns sintomas que podem indicar o câncer infantojuvenil:
- Cansaço e palidez
- Dores de cabeça e vômito
- Perda significativa de peso
- Dor generalizada sem causa aparente
- Febre prolongada sem causa aparente
- Caroços no corpo
- Sangramento do nariz ou gengiva
- Manchas roxas na pele ou sangramento
- Aumento do tamanho da barriga
- Dores nos ossos
- Diminuição da visão ou perda de equilíbrio
- Reflexo branco nas pupilas