"Deixa com a gente em Brasília"
Em áudio, Bolsonaro pede para caminhoneiros liberarem estradas
Ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, confirmou autenticidade da mensagem; mobilização foi registrada em ao menos 14 cidades do país
Diante da mobilização de caminhoneiros registrada em ao menos 14 cidades do país na quarta-feira (8), o presidente Jair Bolsonaro gravou um áudio pedindo aos caminhoneiros que liberem as estradas. Na mensagem, Bolsonaro trata os caminhoneiros como "aliados" e diz que a ação "atrapalha a economia". As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
"Fala para os caminhoneiros aí, que são nossos aliados, mas esses bloqueios atrapalham a nossa economia. Isso provoca desabastecimento, inflação e prejudica todo mundo, em especial, os mais pobres. Então, dá um toque no caras aí, se for possível, para liberar, tá ok? Para a gente seguir a normalidade", disse o presidente.
"Deixa com a gente em Brasília aqui e agora. Mas não é fácil negociar e conversar por aqui com autoridades. Não é fácil. Mas a gente vai fazer a nossa parte aqui e vamos buscar uma solução para isso, tá ok? E aproveita, em meu nome, dá um abraço em todos os caminhoneiros. Valeu", completou.
O ministro de Infraestrutra, Tarcísio de Freitas, também fez um apelo aos caminhoneiros e publicou um vídeo nas redes sociais para tentar desmobilizar os manifestantes. No material, ele confirma o áudio gravado pelo presidente.
"Esse áudio (do presidente Bolsonaro) é real, é de hoje, e mostra a preocupação do presidente com a paralisação dos caminhoneiros. A paralisação ia agravar os efeitos na economia, que ia impactar os mais pobres, os mais vulneráveis. Já temos hoje um efeito no preço dos produtos em função da pandemia", disse Tarcísio na gravação.
Os bloqueios começaram durante as manifestações do Sete de Setembro, convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro. A movimentação é de natureza política e não está associada a entidades da categoria. Ainda que exista a intenção de alguns de dar seguimento aos bloqueios, a categoria diz estar "confusa" e apresenta divisão. Grande parte dos representantes da classe com quem GZH conversou disse que não recomenda a participação nos atos e que a orientação para a iniciativa vem do setor do agronegócio e de lideranças políticas.