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Viagem subterrânea

Esgoto de Porto Alegre agora é vistoriado por robôs com câmeras; assista ao vídeo

Equipamentos motorizados exploram encanamento para encontrar problemas; empresa deve vistoriar 36 quilômetros de tubulação no Centro e na Zona Norte

30/09/2021 - 14h58min

Atualizada em: 30/09/2021 - 14h59min


Jéssica Rebeca Weber
Jéssica Rebeca Weber
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Jefferson Botega / Agencia RBS

Há um mês, pequenos robôs motorizados estão explorando a rede subterrânea de esgoto pluvial de Porto Alegre para encontrar problemas de drenagem. Uma empresa contratada pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) deverá inspecionar 36 quilômetros de tubulações no Centro Histórico e na Zona Norte pelo período de até um ano. 

Presas a cabos, as sondas robóticas são dirigidas remotamente pela equipe da empresa Goldman Soluções em Saneamento. Elas são adaptadas com câmeras digitais de 15 megapixels e vão fazendo fotos, ao passo que geram relatórios detalhados sobre o estado das redes, metro a metro.

Assim que a fonte da obstrução da rede é encontrada, usa-se um localizador via radiofrequência que define a posição e a profundidade. Um funcionário acompanha as imagens em tempo real dentro de um laboratório móvel adaptado em um carro, com gerador e laptop dispondo de software especializado.  

Dessa forma, não é necessário quebrar todo o calçamento de uma rua e abrir buracos extensos para encontrar o motivo do problema de algum alagamento. 

— O problema pode estar no primeiro ou no último metro (da rede), assim, se evita grandes obras — diz o diretor do Dmae, Alexandre Garcia.

Ele cita como exemplo uma operação realizada na Rua Padre Chagas, no bairro Moinhos de Vento. A inspeção por vídeo flagrou uma garrafa de cachaça atravessada na tubulação, que trancava a rede inteira. Em vez de quebrar a via inteira, foi possível resolver o problema com sucção a jato de água, que soltou o objeto e fez o sistema voltar a funcionar. 

— A gente tem privilegiado pontos que têm boa estrutura, que não eram para estar alagando — explica.  

Feitos de inox, material que dificilmente enferruja, os robôs são resistentes à água e podem ficar submersos — a mesma sonda utilizada em Porto Alegre já chegou a grandes profundidades no mar. Os robôs são chamados pela equipe da Goldman de RC200 e RC500. 

"Você nunca sabe o que vai achar", diz técnico

Os flagras mais recorrentes são de sujeira, lixo, raízes de árvores e até mesmo vazamentos de água dentro da rede de drenagem. Também podem ser encontrados trincas nos canos, problemas construtivos, operacionais, juntas desalinhadas. 

Não aconteceu em Porto Alegre, mas os funcionários contam que, no Distrito Federal, já foram encontrados pedaços de corpos humanos na tubulação, sendo necessário parar a operação para acionamento da polícia. Animais como gatos, ratos e gambás escondidos no subsolo das cidades são comuns, e fogem assim que enxergam algum dos RC se aproximando. 

Questionado sobre como é a função de investigar o mundo subterrâneo das grandes capitais, o técnico de videoinspeção Thiago Brandão admite que achou “meio esquisito” no começo, mas agora curte:

— É bem interessante, você nunca sabe o que vai achar. 

As primeiras ações ocorreram na Avenida Erico Verissimo, na Rua Damasco e arredores, no bairro Azenha. Nesta terça-feira (29), foi feita inspeção na Rua Voluntários da Pátria. 

O valor contratado pela prefeitura é de R$ 673 mil, ou R$ 18,70 por metro linear investigado.


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