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 Centro Histórico

Estudo aponta qual pode ser o futuro do "Esqueletão"

Análise de startup indica instalação de empreendimentos voltados à educação, mas também de atividades como café, mercado, petshop, entre outras

06/10/2021 - 09h12min

Atualizada em: 06/10/2021 - 09h13min


Marcelo Gonzatto
Marcelo Gonzatto
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Mateus Bruxel / Agencia RBS
Destino da estrutura deverá ser definida nos próximos meses pela prefeitura

Visto como símbolo da deterioração do Centro Histórico, em Porto Alegre, um prédio inacabado que de tão feio recebeu o apelido de “Esqueletão” agora pode se transformar em ícone da tentativa de revitalizar a região. 

Um estudo realizado por uma startup gaúcha revela que o ponto onde se localiza a estrutura tem potencial econômico superior às médias da zona central e até mesmo da cidade, podendo funcionar como indutor de desenvolvimento de uma área hoje degradada.

A análise indica que a localização seria especialmente favorável à instalação de empreendimentos voltados à educação, mas também de atividades como café, mercado, petshop, entre outras (veja lista completa no infográfico mais abaixo). 

Até o momento, o destino do espigão de tijolos à mostra ainda é incerto. O Laboratório de Ensaios e Modelos Estruturais (Leme) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) fará uma avaliação de sua estrutura. As conclusões vão ajudar a prefeitura a decidir se opta pela desapropriação e demolição ou se será reformado para evitar riscos de desabamento ou incêndio. 

Qualquer que seja a escolha, há indícios promissores. O trabalho, feito de forma voluntária pela startup Space Hunter, que atua na área de estudos econômicos e urbanísticos destinados a assessorar empresas em busca de locais para se instalar, destaca que o endereço do "Esqueletão" é um dos mais propícios para novos negócios em toda a região – e mesmo em comparação à média da Capital. 

O prédio, localizado na esquina das vias Marechal Floriano e José Montaury, está em uma área que vem perdendo força econômica nas últimas décadas. Como resultado, menos de 20% dos empreendimentos no entorno são novos negócios. Mas, quando se analisa um raio de um quilômetro a partir do prédio inacabado, os especialistas em urbanismo percebem uma série de fatores favoráveis.

Nessa região mais ampla, vivem cerca de 34 mil pessoas com potencial econômico superior a R$ 104 milhões (total de gastos ao longo de um mês), fora a multidão que circula diariamente por ali. 

— Uma das zonas quentes que ainda restam no Centro, como são definidos locais capazes de concentrar uma grande quantidade de pessoas, é justamente ali, nas proximidades do Mercado Público e da José Montaury — afirma o arquiteto Francisco Maraschin Zancan, diretor geral da Space Hunters.

Para avaliar o potencial de empreendimentos em cada local, é utilizada uma fórmula matemática que leva em conta fatores como quantidade de moradores no entorno, renda média, potencial de consumo e comportamento da população. Isso resulta em uma escala de zero (menos viabilidade) a 10 (mais viabilidade). 

O endereço do edifício erguido nos anos 1950 alcança média de 7,22 para negócios ligados à educação, contra patamares de 6,77 no Centro em geral e 6,59 na média de toda a cidade para esse setor especificamente. De 14 setores econômicos analisados pela startup, o entorno do "Esqueletão" apresenta potencial superior à média municipal em nove.

— A presença do Mercado Público e das paradas de ônibus nas proximidades, levando em consideração que 80% das pessoas que vão ao Centro se deslocam de ônibus, potencializa esse desempenho — complementa Zancan. 

O estudo não avalia a condição estrutural do edifício, que pode ser fundamental na decisão sobre manter a estrutura de concreto e tijolos ou substituí-la por uma construção nova. O arquiteto avalia que, se forem mantidos em igualdade outros fatores, como índice construtivo, poderia ser vantajoso erguer um prédio novo em vez de reformar o atual. 

— É um prédio antigo. Se fosse feita uma construção a partir do zero, seria possível fazer um projeto mais moderno e bonito, aproveitando melhor questões como iluminação, ventilação, preparo para receber splits, uma série de coisas — observa o arquiteto. 

Mas, qualquer que seja o futuro do "Esqueletão", que recentemente se despediu de seus últimos moradores, uma reforma ou a construção de um novo edifício tem potencial para promover um efeito benéfico em toda a região. 

— Estamos falando de um prédio muito bem localizado, abandonado há décadas, que por esse motivo causa um impacto negativo. Só de resolver isso, a autoestima da população já melhoraria. Além disso, há um grande potencial para novos negócios, que também podem ajudar a revitalizar toda a região — diz Zancan.


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