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Estoques voltando ao normal

Hospitais gaúchos atualizam atendimentos após retomada da produção de insumos para tratamento de câncer

No meio de setembro, instituto federal responsável por fabricar 85% dos radiofármacos usados no país parou de produzir por falta de matéria-prima

06/10/2021 - 09h06min

Atualizada em: 06/10/2021 - 09h07min


Leandro Rodrigues
Leandro Rodrigues
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Genaro Joner / Agencia RBS

Hospitais da Capital e do Interior consultados por GZH nesta terça-feira (5) deram uma boa notícia para pacientes e familiares que lutam contra o câncer. Os estoques dos radiofármacos necessários para diagnóstico e tratamento da doença começaram a voltar ao normal no começo deste mês.

No meio do mês passado, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), responsável por fabricar 85% desses insumos no Brasil, suspendeu a produção por falta de verba para importar a matéria-prima necessária. O órgão importa radioisótopos de produtores na África do Sul, Holanda e Rússia, além de adquirir insumos nacionais para produção de radioisótopos e radiofármacos utilizados no diagnóstico e tratamento do câncer .

Dias depois, o Ministério da Economia liberou R$ 19 milhões em crédito suplementar para o órgão voltar a comprar o material importado. Entretanto, até os efeitos dessa liberação fazerem diferença, hospitais gaúchos tiveram de reagendar e cancelar procedimentos, especialmente na semana passada. Nesta terça, instituições da Capital afirmaram estar colocando em dia procedimentos adiados na semana passada.

Os estoques estão voltando ao nível anterior à crise no Instituto do Cérebro (InsCer), ligado à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) — que atende pacientes do Hospital São Lucas —, no Hospital de Clínicas, Conceição, Moinhos de Vento, Hospital Santa Rita (Santa Casa) e no Hospital Regina, de Novo Hamburgo.

— Nós tivemos problemas na semana passada, quando os radiofármacos faltaram. Tivemos de reagendar procedimentos e exames. Mas deveremos colocar em dia tudo nesta semana e na próxima. Acredito que, pelo menos até o final do ano, não deveremos sofrer mais falta desses produtos — afirma Eduardo Vilas, médico do Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Conceição.

O presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), Celso Cunha, chegou a considerar a crise grave e temeu por um apagão no tratamento de câncer no país. Ele explica que o Ipen não está conseguindo importar um mineral chamado molibdênio, que serve de base, após processado pelo Ipen, para a produção de vários produtos.

O governo federal confirmou que os R$ 19 milhões devem regularizar a situação até o final de 2021. Conforme nota divulgada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, busca-se a recomposição total do orçamento do instituto. É aguardada a aprovação de um projeto de lei no Congresso Nacional que vai disponibilizar R$ 34 milhões ao Ipen. Depois, será necessária a aprovação de um novo projeto no valor de R$ 55 milhões.

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