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Festas adiadas

Maioria das universidades federais no RS projeta retorno de formaturas presenciais para 2022

UFRGS elaborou plano de retomada das colações de grau, mas depende da apreciação do Comitê Covid para validá-lo

26/10/2021 - 09h00min

Atualizada em: 26/10/2021 - 09h02min


Isabella Sander
Isabella Sander
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Anselmo Cunha / Agencia RBS

Ainda não será neste ano que os alunos das universidades federais gaúchas colocarão togas para receber os diplomas e comemorar com seus familiares a tão almejada graduação. Com planos de retomada gradual das atividades presenciais, a maioria das instituições planeja para 2022 o retorno das formaturas presenciais. A exceção é a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que elaborou um plano que ainda depende de aprovação de um comitê, sem data prevista.

Na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), são realizadas formaturas virtuais mensais, normalmente com estudantes de diferentes cursos simultaneamente. O plano é mudar o cenário no ano que vem.

— Inicialmente, serão somente formaturas externas, em que as turmas já locaram locais maiores. Mais adiante, as turmas menores voltarão às formaturas na UFCSPA — relata a reitora Lucia Pellanda

Devido à limitação de espaço na universidade, formaturas de cursos com muitos alunos, como Medicina, Enfermagem, Fonoaudiologia e Fisioterapia, já aconteciam fora do prédio da instituição antes da pandemia.

Destinada a cursos da área da saúde, porém, a universidade conta com o apoio de muitos estudantes na manutenção, por enquanto, das solenidades no formato remoto. Formado em Biomedicina no dia 25 de agosto, Luís Felipe Castro, 28 anos, preferiu nem mesmo tirar fotos de toga por entender que ainda não era um momento seguro.

— Acho uma atitude prudente da UFCSPA. No momento, acho que é o ideal, porque as nossas condições epidemiológicas ainda não permitem que a gente retome de forma segura. É um passo de cada vez. Com todo mundo se vacinando, vamos começando a retomar a rotina, mas, agora, não se deve voltar — defende o novo biomédico.

Luís Felipe Castro / Arquivo pessoal
Avó de Luís Felipe Castro (d), Sueli Miranda dos Santos (e) pediu que família fizesse uma faixa de parabenização para o formando

Sem a solenidade de colação de grau para marcar o momento, a família de Luís Felipe usou a criatividade para celebrar o diploma do jovem, o primeiro a concluir uma graduação entre seus familiares, o que foi viabilizado por meio de auxílios estudantis e bolsas de iniciação científica. Em outubro, o biomédico foi a Serafina Corrêa, na Serra, pela primeira vez desde janeiro de 2020, para rever sua família. Foi surpreendido com uma faixa na frente da casa, parabenizando pela formatura.

— Minha avó é analfabeta e sempre quis que eu estudasse. Aí, ela pediu para minha mãe colocar a faixa na frente de casa. É algo muito especial ser o primeiro da família a me formar, porque a minha família não teve acesso à educação, então é um peso muito grande — observa Luís Felipe, que espera que seu irmão, de 17 anos, siga o mesmo caminho e também faça uma graduação.

Nesta quarta-feira (27), será a vez de Luís Furtunato, 26 anos, se formar em Medicina pela UFCSPA. O dia não será celebrado como o graduando imaginava.

— É algo que a gente espera bastante, inclusive a família. É como se fosse um rito de passagem. Mas compreendemos também a situação que vivemos e que nem tudo pode ser como esperamos. Vamos nos reunir, eu, minha mãe e minha irmã, e comemorar nós três a ocasião — resume o jovem.

A turma de Luís pretende realizar uma colação de grau presencial quando tudo estiver liberado. Alguns cogitam também fazer festas, plano que não é compartilhado por ele. Mesmo assim, o formando fez questão de participar da prova de toga, para ter em fotos o registro do rito de passagem.

UFRGS

Maior instituição de Ensino Superior do Rio Grande do Sul, a UFRGS elaborou um plano de retorno das colações de grau que prevê a realização de solenidades no Salão de Atos, seguindo uma série de protocolos e com limitação de número de formandos no palco e de convidados na plateia. O documento será analisado pelo Comitê Covid da universidade após a divulgação das novas diretrizes para o retorno gradual das atividades presenciais, o que deve ocorrer nesta terça-feira (26). Não há previsão de quando o comitê se posicionará sobre o plano.

Por enquanto, as formaturas presenciais não estão permitidas. Na conclusão dos semestres de 2020/1 e 2020/2, contudo, foram permitidas cerimônias de formatura de gabinete com até cinco formandos e até dois convidados para cada. No caso de turmas mais numerosas, como a Medicina, para atender a todos os graduandos, as cerimônias se estenderam ao longo de quase um dia inteiro. No semestre de 2020/2, foram permitidos discursos e o uso de beca. Ainda assim, 66% dos estudantes preferiram as colações de grau totalmente virtuais.

Furg

A mais adiantada é a Universidade Federal do Rio Grande (Furg), que prevê a possibilidade de formaturas presenciais, ainda que com uma série de protocolos, já na fase dois do seu plano de contingência, que deve começar no dia 16 de novembro. Os eventos estão sujeitos à avaliação do comitê de monitoramento, de combate e prevenção à covid-19 na instituição.

Unipampa

A Universidade Federal do Pampa (Unipampa) deve publicar nesta semana novas normativas para as colações de grau em 2022. As solenidades deverão voltar a ser presenciais, com cuidados e restrição de público, a partir de fevereiro. Serão quatro modalidades: colação de grau em gabinete virtual, interna presencial (nas dependências dos campi), interna virtual e externa presencial (custeada pelos graduandos e organizada por empresas terceirizadas). As cerimônias em gabinete não serão mais presenciais, permanecendo no formato virtual.

UFSM

Na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), está sendo preparado um plano de contingência do Centro de Convenções, a fim de realizar formaturas presenciais em breve. Atualmente, algumas formaturas de gabinete já ocorrem de forma presencial, mas com restrição de participantes — a formatura oficial segue online.

Para aqueles que se formaram nos semestres afetados pela pandemia, a instituição planeja uma grande formatura no estilo americano, quando os graduados serão chamados ao palco para receber um canudo simbólico. O formato ainda está sendo avaliado pela universidade.

UFPel

A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) segue realizando somente cerimônias online. A instituição estuda realizar uma formatura institucional, que congregue todos os cursos, no formato remoto, entre janeiro e fevereiro. As solenidades presenciais ocorrerão junto ao retorno das aulas presenciais, ao longo de 2022. A data ainda será definida.

UFFS

O Campus Erechim da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) ainda terá uma formatura no modo remoto no dia 3 de dezembro. As seguintes ocorrerão em fevereiro e a perspectiva é de que sejam já presenciais, o que ainda depende de aprovação pelo Conselho de Campus.

Instituições privadas já retomaram

Enquanto isso, as universidades particulares já estão retomando as festividades presenciais. 

Na Unisinos, por exemplo, desde setembro ocorrem cerimônias presenciais em quase todos os finais de semana, ainda que com restrição de tempo, ocupação, uso obrigatório de máscaras e, mais recentemente, obrigatoriedade de apresentação da carteira de vacinação. As solenidades atendem demandas represadas de colação de grau – em setembro, foram celebradas as graduações de quem se formou no semestre de 2020/1. Atualmente, é a vez dos graduandos de 2020/2, e, até setembro, serão festejadas as formaturas das turmas de 2021/1.

Antes da liberação dos eventos, a universidade já oferecia momentos para os graduandos nas formaturas de gabinete.

— Marcávamos, dentro dos protocolos, momentos de 15 a 20 minutos por aluno, para que ele pudesse tirar fotos com o diploma e com dois familiares. Muitos alunos se formaram nessa modalidade e se satisfizeram com isso, mas, para quem disse que queria fazer a solenidade quando possível, está sendo oferecida a recuperação das formaturas da pandemia — relata Luciana Curra, gerente de Serviços da Unisinos.

Primeira pessoa a conquistar o diploma de Ensino Superior em sua família, Leidiana Ferreira, 28 anos, sonhava com o momento de se arrumar, colocar a toga e receber o canudo em frente aos familiares. Por isso, além da colação de grau em gabinete do curso de Enfermagem, ocorrida em outubro de 2020, a jovem fez questão de participar da formatura, celebrada no último sábado (23) na Unisinos de Porto Alegre.

— A cerimônia sempre fez parte de um sonho meu. Consegui me formar com muito sacrifício, levei seis anos e meio e sou a única da minha família a ter Ensino Superior. Quero, com isso, incentivar meus irmãos — revela Leidiana.

Mesmo com tanto tempo de aulas remotas, a turma da nova enfermeira se manteve unida para organizar a formatura. Dos 19 concluintes, 17 se formaram na cerimônia do último sábado — apenas dois desistiram, por motivos de saúde. Em plena pandemia, segundo Leidiana, todos já estão empregados como enfermeiros.

Na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), as cerimônias presenciais serão iniciadas em dezembro, pelo curso de Medicina. Até então, as solenidades foram adaptadas — em 2020/1, eram 100% online. Em 2020/2, muitas já puderam ter um formato híbrido, até que uma nova onda de aumento de casos, em março de 2021, fez com que fossem retomadas as atividades totalmente remotas. A flexibilização foi ocorrendo gradualmente e, em 2021/1, os formandos já podiam convidar até três pessoas para participar da celebração.

— Em agosto, tivemos uma experiência já mais próxima de uma formatura. Tivemos a entrada dos formandos, a entrega de diplomas por familiares e fotos no campus com grupos reduzidos. Para as turmas de 2021/2, nossa expectativa é oferecer cerimônias presenciais — diz Márcia Vieira, coordenadora da área de Relações Comunitárias da PUCRS.

Formandos dos semestres anteriores poderão ser encaixados nas turmas que estão se formando atualmente. Na formatura de Maju Braescher, 24 anos, por exemplo, além dos colegas das Engenharias deste semestre, haverá graduandos de semestres anteriores.

— Mesmo que seja uma comemoração pequena, ter essa oportunidade de comemorar, subir no palco, dá uma felicidade imensa. É muito gratificante poder fazer parte dessa turma que está retomando — revela Maju.

Os 45 formandos, que têm a data da solenidade prevista para 21 de janeiro, tomaram precauções, para o caso de o evento precisar ser adiado. Junto à produtora, assinaram um contrato flexível, que permite o adiamento de todo o pacote adquirido. Mas, por enquanto, tudo tem ocorrido nos conformes — no sábado (30), a turma deve fazer a prova de toga no campus, com a presença de alguns poucos familiares.


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