Segurança Sanitária
Passaporte vacinal estreia com estabelecimentos divergindo sobre exigência de documento com foto
Rede de cinemas com unidades na Capital e na Serra afirma que decreto estadual não obriga apresentação de RG com comprovante de vacinação
A segunda-feira (18) marcou a estreia da obrigatoriedade da carteira de vacinação contra a covid-19 para acesso a cinco grupos de atividades com alto risco de contaminação no Rio Grande do Sul. Para conferir o primeiro dia do chamado passaporte vacinal, GZH esteve em estabelecimentos na Capital e na Serra. A maioria dos locais está cumprindo a regra, mas há divergências na interpretação do decreto estadual.
Valem tanto a caderneta física quanto a certificação digital do aplicativo ConecteSUS. Em ambos os casos, afirma a Secretaria Estadual da Saúde (SES), é necessário mostrar documento com foto para confirmar a identidade do frequentador.
Em Porto Alegre, foram visitados seis estabelecimentos (quatro cinemas, um teatro e um parque infantil). Em todos, o comprovante foi solicitado, mas em dois não se exigiu documento com foto. Foi o caso do GNC Cinemas do Praia de Belas Shopping e o Shopping Iguatemi. No GNC Praia de Belas, GZH comprou o ingresso em um totem de autoatendimento. O comprovante vacinal foi questionado ao se entrar na sala, sem cobrança de identificação com foto. No Iguatemi, a situação foi similar.
O GNC informou que está cumprindo "rigorosamente o que determina o Decreto Estadual 56.120, que não obriga a apresentação de documento com foto, e sim o documento da vacinação". Segundo o diretor de Operações, Ricardo Difini Leite, a maioria dos clientes, inclusive, apresenta o certificado do seu próprio aplicativo Conecte SUS.
O diretor do Departamento de Auditoria da SES, Bruno Naundorf, manifestou estranheza com essa argumentação.
— Causa estranheza essa argumentação. Como conseguem identificar que aquele documento é daquela pessoa? Tendo em vista a necessidade de identificar o portador e a faixa etária, há de ser feita a apresentação de documento de identificação — reforçou.
Ainda no Iguatemi, na atração Vem pro Play — espaço com brinquedos para crianças —, a reportagem flagrou um casal argentino com os dois filhos sendo barrado por falta da carteira. Para a entrada, foi pedido comprovante e identidade. Já no Cineflix, do Shopping Total, a atendente informou que a carteira e a identidade tinham que ser fornecidas na compra e antes de ingressar na sala. No Cinemark do BarraShoppingSul, a comprovação foi requerida na bilheteria e antes de entrar na sala — para quem adquiriu ingresso via internet.
Ainda na Capital, o Theatro São Pedro quase lotou no começo da noite desta segunda (18) para a ópera O Engenheiro. Assim como no domingo, o comprovante e a identidade com foto foram cobradas na entrada. O ingresso, por sua vez, era entregue no foyer. A instituição mantém o distanciamento entre assentos, além de ordenar a saída por setores e fileiras ao final da apresentação.
Divergência entre estabelecimentos na Serra
Na serra gaúcha, GZH visitou sete locais, entre cinemas e parques temáticos. Em Caxias do Sul, o Cinépolis, no Shopping Bourbon San Pellegrino, e o GNC Cinemas, no Shopping Iguatemi, cobram os comprovantes. Entretanto, assim como em Porto Alegre, o GNC não solicita documento com foto.
Dos cinco parques temáticos em Gramado e Canela, dois não solicitavam a carteira de vacinação. Dos três que pediam, apenas um não cobrou documento com foto. Em Gramado, o parque Salão Super Carros não solicitou o comprovante, e funcionários responderam que não era necessário. Um homem que se apresentou como responsável, mas que não quis se identificar, limitou-se a dizer que o espaço vai aderir ao decreto nos próximos dias.
O Mundo a Vapor, em Canela, também permitia o acesso sem questionamento sobre a vacinação. Segundo o supervisor comercial, Paulo Porti dos Reis, a exigência ainda não era cumprida porque o local não concluiu o treinamento para a abordagem dos turistas. Segundo ele, o espaço irá se adequar a partir desta terça-feira (19).
— Reconhecemos que já deveríamos estar cobrando a vacinação, mas ainda estamos alinhando internamente. Entendemos ser necessária uma capacitação interna para que não ocorra nenhum tipo de problema com os visitantes— justificou.
Em outros três parques, o comprovante era exigido antes da compra do ingresso ou no momento da aquisição do bilhete. No Mini Mundo, um funcionário orientava na entrada e uma placa também informava as regras. Na chegada, ele não pediu documento com foto. Depois de questionado, passou a solicitar.
Nos parques Terra Mágica Florybal e Caracol, em Canela, a identificação com foto foi solicitada pelos atendentes. Nesses locais, segundo funcionários, também era comum visitantes não saberem da exigência, mas logo apresentavam o documento de forma online. No Caracol, houve filas e lentidão de motoristas e passageiros que não tinham o comprovante em mãos.