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No bairro Azenha

Polícia cumpre reintegração de posse de imóvel da União usado por projeto que serve refeições gratuitas 

Local usado pelo "Cozinha Solidária", do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), foi retomado pelo governo federal nesta quarta-feira

13/10/2021 - 15h24min

Atualizada em: 13/10/2021 - 15h35min


Tiago Boff
Tiago Boff
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Lauro Alves / Agencia RBS

Um prédio público da União, que estava abandonado e foi ocupado para preparo de refeições distribuídas gratuitamente, teve a propriedade retomada pelo governo federal na manhã desta quarta-feira (13) em Porto Alegre. Determinada pela Justiça Federal, a reintegração de posse contou com agentes da Polícia Federal e da Brigada Militar. 

O edifício fica na Avenida da Azenha, esquina com a Rua Barão do Triunfo, no bairro Azenha. A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) orientou o trânsito durante a ação, com bloqueios durante a primeira metade da manhã. 

Desde 26 de setembro, funcionava no local a "Cozinha Solidária" do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Em pouco mais de duas semanas, o projeto serviu próximo de 3 mil refeições — 200 por dia — no horário do meio-dia. 

O almoço atendia não apenas a população de rua da região, segundo Eduardo Osório, membro do MTST e integrante do grupo. 

— Aqui vinham entregadores, pessoal que trabalha nas lojas, desempregados e muita gente que não tem como pagar o almoço. Por isso queremos continuar no bairro — defende. 

Enquanto a polícia desocupava o espaço, pedestres lamentavam o ocorrido.

— Estava tudo abandonado. Com a chegada deles ficou mais seguro, limparam tudo — lembra a diarista Marta Bessa.

No início do dia, quando o oficial de Justiça chegou ao local com o efetivo, a fim de cumprir a ordem, uma mobilização foi iniciada para que o fornecimento de marmitas não seja interrompido. Uma vizinha da Avenida da Azenha abriu as portas de casa para que o grupo usasse fogão, botijão de gás, mesas, entre outros utensílios.

— Vamos dar um jeito, improvisado, mas vai ter almoço hoje — garantiu Osório.

A logística para preparo e entrega das refeições ainda não foi definida pelos voluntários.

Na última segunda-feira (11), o vice-governador do Estado, Ranolfo Vieira Júnior, se reuniu com os voluntários da iniciativa e propôs a oferta das refeições no PopRua RS, serviço com intuito semelhante, localizado no bairro Praia de Belas. A distância, no entanto, afastaria parte do público, principalmente os trabalhadores informais e desempregados que não teriam como bancar os custos de deslocamento, reforça o MTST.

Em nota, o governo gaúcho esclarece que, como a ação é movida pelo Executivo federal, o estadual "não é parte do processo" e que a intenção é evitar "que o serviço de alimentação prestado para cerca de 200 pessoas seja interrompido".


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