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Alerta

RS tem pelo menos 2 mil casos em surtos de doença que causa diarreia aguda; saiba como prevenir

Contaminação está associada à ingestão de água, mas também pode ocorrer por alimentos ou de pessoa para pessoa

10/10/2021 - 13h34min

Atualizada em: 10/10/2021 - 13h35min


Isabella Sander
Isabella Sander
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Pornchai Soda / stock.adobe.com

Ao menos 2 mil casos em 25 municípios gaúchos já foram confirmados da doença diarreica aguda (DDA) desde o final de agosto. Em nove dessas cidades, o norovírus foi identificado com causador da enfermidade. A principal suspeita é de que a contaminação esteja associada à ingestão de água infectada, mas a transmissão também pode ocorrer por alimentos, superfícies ou de pessoa para pessoa.

O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) está investigando a causa da doença, em parceria com os municípios e as Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS). Há casos confirmados em diferentes regiões do Estado, em especial em cidades da Serra e do Vale do Rio Pardo. Além dos 25 municípios com surtos confirmados, em outros três – Novo Hamburgo, Sagrada Família e São Pedro da Serra – há suspeitas de surtos. É considerado surto quando há pelo menos dois casos no mesmo local, com o mesmo quadro clínico e vínculo epidemiológico entre si.

Segundo a especialista em saúde do núcleo de Doenças de Transmissão Hídricas e Alimentares do Cevs Lilian Borges Teixeira, ainda que muitos agentes etiológicos possam causar diarreia aguda, foram observados padrões entre os surtos, o que gera a suspeita de que todos os casos sejam de norovírus. Equipes do Cevs estão recolhendo amostras de água nos locais dos surtos.

— Como as fontes de consumo de água são diversas, iniciamos uma investigação, querendo saber de onde vem a água de cada município, se é tratada e, a partir disso, cada surto será avaliado de acordo com a realidade local, já que não existe um padrão na forma de abastecimento da água — pontua Lilian.

O primeiro município com casos confirmados foi Santana do Livramento, que já teve 214 notificações. As cidades com mais confirmações de casos foram Bento Gonçalves (394) e Santa Cruz do Sul (374).

Conforme a especialista, o aumento nos surtos é fruto da maior circulação de pessoas, diante do arrefecimento da pandemia. Muitas das notificações de surtos envolvem escolas, e ocorreram após o retorno das atividades escolares presenciais, em agosto.

As amostras clínicas de pessoas com sintomas são encaminhadas para o Laboratório Central do Estado (Lacen), em Porto Alegre. Também já foram coletadas amostras de água em alguns desses municípios, que aguardam resultado da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.

Capital monitora a situação

Nesta sexta-feira (8), a prefeitura de Porto Alegre divulgou nota afirmando que   foi confirmado um surto, envolvendo três pessoas, no mês de setembro, em ambiente hospitalar. Todos os diagnosticados já estão bem.   Outra suspeita, em uma escola de Educação Infantil, foi notificada nesta sexta e envolve duas pessoas. A situação é acompanhada pela  Equipe de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde. 

A nota ressalta, ainda, que a água distribuída no município é de qualidade. "De acordo com a área técnica do Dmae, o tratamento de água inclui uma etapa de desinfecção. Nesta etapa é realizada a aplicação de cloro, que promove a inativação de microrganismos que possam existir na água e que poderiam transmitir e provocar enfermidades", diz o texto.

Prevenção e sintomas

A principal orientação à população é o consumo de água somente de fontes seguras e tratadas, que tenham processo de desinfecção por cloro ou outra tecnologia. Também é importante realizar periodicamente a limpeza de caixas d’água.

— Esses tipos de ocorrências reforçam essas medidas preventivas em relação à água, que devem ocorrer de forma permanente por toda população, independentemente da ocorrência ou não desses surtos — comenta Lilian.

A especialista também orienta a higienizar com água tratada ou fervida as superfícies, equipamentos e utensílios antes de usá-los para o preparo e o consumo de alimentos. É importante, ainda, higienizar as mãos com água e sabão, especialmente após usar o banheiro, trocar fraldas, cozinhar ou se alimentar.

O principal sintoma apresentado nesses casos é a diarreia. O aumento do número de evacuações pode ou não ser acompanhado de dor abdominal, náusea, vômito e febre. O surto ocorre a partir de dois casos, com o mesmo quadro clínico e vínculo epidemiológico entre si. Em caso de sintomas desse tipo, é recomendado repouso e aumento na ingestão de líquidos para evitar a desidratação, principalmente em crianças e idosos. Havendo sintomas graves, é preciso procurar a unidade de saúde mais próxima.

Cidades com surtos em investigação e número de casos:


  • Barra Funda* – 26 casos
  • Bento Gonçalves* – 394 casos
  • Carlos Barbosa – surtos identificados (sem informação de número de casos)
  • Caxias do Sul – surtos identificados (sem informação de número de casos)
  • Colorado* – 19 casos
  • Dois Irmãos* – mais de 200 casos
  • Esteio – 144 casos
  • Garibaldi – surtos identificados (sem informação de número de casos)
  • Horizontina – 69 casos
  • Lavras do Sul – 174 casos
  • Mato Leitão – 50 casos
  • Monte Belo do Sul – surtos identificados (sem informação de número de casos)
  • Morro Reuter – cerca de 20 casos
  • Pinto Bandeira – surtos identificados (sem informação de número de casos)
  • Porto Alegre* – 3 casos
  • Saldanha Marinho – 228 casos
  • Santa Cruz do Sul* – 374 casos
  • Santa Maria – surtos identificados (sem informação de número de casos)
  • Santana do Livramento* – 214 casos
  • Santa Rosa – 28 casos
  • Santo Cristo – 14 casos
  • São Marcos – surtos identificados (sem informação de número de casos)
  • Sarandi* – 49 casos
  • Tucunduva* – 33 casos

*Cidades que já tiveram ao menos duas amostras clínicas de pessoas confirmadas para o norovírus

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