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Do terreno a pintura das casas: conheça o grupo de mulheres que criou loteamento em Nova Santa Rita

Grupo participou de oficina de pintura predial com outras moradoras do município na ocupação com 179 residências construídas por meio do antigo programa Minha Casa Minha Vida (MCMV)

03/11/2021 - 05h00min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Mateus Bruxel / Agencia RBS
Jocelaine (E), Ana (C) e Lídia (D) fazem parte do grupo que ocupou o terreno em 2011

O sonho de uma década está bem próximo de ser coroado para um grupo de quase 180 famílias de Nova Santa Rita. Moradores de uma área ocupada em 2011, os residentes conquistaram não só a posse do espaço, como também um financiamento por meio do antigo programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), do governo federal. Com a verba, foi possível adquirir e área e custear a construção das residências, com auxílio de uma cooperativa contratada pelos moradores.

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O ponto que se destaca no loteamento Maria Bonita é a força feminina. A ocupação foi iniciada com a chegada de oito mulheres e suas famílias no terreno, que era uma área privada. Por meio de movimentos na Justiça, elas conseguiram adquirir a área e iniciar o loteamento. Mais famílias chegaram, totalizando as 179 residências que estão sendo construídas hoje. Parte da verba do projeto do MCMV tinha foco social. A ideia é que fosse oferecida algum tipo de qualificação para famílias da área e também de outros espaços de Nova Santa Rita.

Oficinas

Por escolha do próprio conselho do loteamento, formado por 10 mulheres, a decisão foi a área da pintura, permitindo não apenas uma formação que possa gerar uma fonte de renda para as participantes, mas também auxiliar na finalização das casas do loteamento. A Organização Não-Governamental (ONG) Mulher em Construção foi procurada. O grupo atende a mulheres em situação de vulnerabilidade social que pretendem se qualificar para trabalhar na área da construção civil — o Diário Gaúcho mostrou a iniciativa em março deste ano, no Dia Internacional da Mulher.

Sabrina Backer, assistente social da CooperHabitar — cooperativa contratada pelos moradores para cuidar do processo de aquisição da área e construção das casas —, conta que foram 30 vagas disponibilizadas para as oficinas teóricas e práticas de preparação de paredes e pintura predial:

— Temos moradoras aqui do loteamento, mas também disponibilizamos vagas para o município, que encaminhou mulheres interessadas em participar.

Economia em mão de obra

Umas das participantes da oficina é a técnica em logística Ana Paula Warttmann, 36 anos. Ela faz parte do grupo de oito mulheres que ocuparam o espaço em 2011. Destas, seis ainda vivem no loteamento. 

Atualmente, 137 casas estão construídas e passando por finalização. Os valores liberados pela Caixa Econômica Federal (CEF) em 2019, depois de luta na Justiça por parte das mulheres, estavam desatualizados, ainda baseados em preços de uma décadas atrás. 

Agora, a luta é para conseguir um complemento na verba que possibilite a construção das 42 casas restantes. As famílias também fizeram alterações no projeto para economizar e permitir que mais casas sejam construídas.

— Com a oficina de pintura, também vamos poder converter essa economia em mão de obra, pois nós mesmas faremos essa parte — comemora Ana.

Formatura no próximo sábado

Ontem, as mulheres integrantes de oficina tiveram o último dia de oficinas com aula prática de pintura predial. A reportagem do DG acompanhou o trabalho no loteamento Maria Bonita. Agora, elas se preparam para a formatura. O evento será no próximo sábado, às 10h. O próprio loteamento em Nova Santa Rita será palco da cerimônia que vai reconhecer o empenho das 30 mulheres que participaram da ação organizada pela ONG Mulher em Construção.

— São mulheres guerreiras. Conquistaram desde o terreno e, agora, elas mesmas finalizam suas casas — diz Bia Kern, presidente da ONG Mulher em Construção.

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