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Covid-19

Medição de temperatura na entrada de shoppings e supermercados é cada vez menos frequente 

Desde maio, aferir a temperatura de funcionários e clientes não é uma obrigação, além de ser uma medida pouco eficiente para identificar se uma pessoa está com coronavírus, segundo especialistas

07/11/2021 - 13h15min

Atualizada em: 07/11/2021 - 13h16min


Letícia Paludo
Letícia Paludo
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Jefferson Botega / Agencia RBS

 Ao longo de mais de um ano e meio de pandemia, tornou-se habitual a cena de fazer uma paradinha na entrada de supermercados e shoppings e medir a temperatura corporal em totens eletrônicos ou junto a funcionários. Nos últimos meses, no entanto, oferecer o pulso ou a testa para conferir se os termômetros marcam menos de 38°C tem se tornado cada vez menos frequente no Rio Grande do Sul. 

Na Capital, a rede Zaffari, por exemplo, já não faz essa exigência, assim como o BarraShoppingSul, o Iguatemi Porto Alegre e o Praia de Belas Shopping. Em nota, o Iguatemi informou que desde o dia 1º de novembro a aferição de temperatura não é mais realizada no shopping, mas que estão mantidas outras medidas como "o uso obrigatório de máscara e a disponibilização de álcool em gel e de tapetes sanitizantes nas entradas do empreendimento".

O propósito da medição de temperatura é fazer com que pessoas com febre, um dos possíveis sintomas da covid-19, não ingressem em ambientes fechados, onde há maior risco de transmissão. Uma portaria da Secretaria Estadual da Saúde (SES) publicada em 14 de maio de 2020 chegou a determinar que, para acessar shopping centers e centros comerciais, trabalhadores e visitantes deveriam passar, obrigatoriamente, pela medição. A portaria dizia:

"Aferir a temperatura de funcionários, colaboradores, clientes e lojistas, no acesso ao shopping, com uso de termômetro digital infravermelho. Caso a temperatura aferida seja igual ou superior a 37,8 graus, estará impedida a entrada e deverá ser dada orientação sobre o acompanhamento dos sintomas e busca de atendimento em um serviço de saúde para investigação diagnóstica".

A determinação vigorou até 15 de maio de 2021, quando foi revogada por outra portaria (389/21), a qual retirou a obrigatoriedade da aferição de temperatura, mas reiterou a continuidade de medidas como renovação do ar, higienização de superfícies, controle dos fluxos de movimentação em sentido único nas saídas e entradas dos estabelecimentos, entre outras. Mesmo assim, alguns estabelecimentos mantiveram os termômetros na ativa por mais alguns meses, mas a prática está cada vez mais rara.

Em diversas ocasiões, médicos e infectologistas debateram junto aos leitores de GZH que a transmissão do vírus pode partir mesmo de indivíduos assintomáticos, o que faz com que a temperatura não seja o melhor parâmetro para identificar a covid-19. É no que acredita o chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Eduardo Sprinz.

— Sabemos que as pessoas que mais transmitem a infeção não têm sintomas e sinais importantes, como a febre. São assintomáticas ou pré-sintomáticas. Assim, a medição da temperatura deixa de pegar pessoas potencialmente transmissoras, sendo uma medida que não ajuda muito na restrição de novos casos — afirma Sprinz.

André Luiz Machado da Silva, médico infectologista do Hospital Nossa Senhora da Conceição, defende que a medição de temperatura não é danosa de forma alguma à população, mas que, no cenário atual, outras ferramentas são mais importantes no combate à contaminação.

— A grande medida que ainda faz diferença e deve ser mantida e fiscalizada é o uso de máscara. O número de casos da doença está diminuindo, mas nossa taxa de infecção ainda não é irrisória. Por ser uma doença essencialmente respiratória, o uso de máscara associado às estratégias de vacinação da população são as medidas que, de fato, vão continuar a proteger todos — afirma André. 


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