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Nova variante

Quais são as principais dúvidas envolvendo a Ômicron e as vacinas

Laboratórios aceleram testes para descobrir se imunizantes atualmente em uso são capazes de combater cepa identificada na África

30/11/2021 - 11h35min

Atualizada em: 30/11/2021 - 11h35min


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Jonatan Sarmento / Arte GZH

Classificada como variante de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Ômicron é o mais novo e urgente desafio de cientistas ao redor do mundo. Entre os principais enigmas a serem desvendados, está o de saber se as vacinas atualmente em uso são capazes de combater essa nova apresentação do sars-cov-2 original, repleta de mutações.   

Nesta segunda-feira (29), a OMS declarou que o risco global é “muito alto” se a Ômicron conseguir driblar as vacinas e se provar altamente transmissível. O elevado número de alterações na proteína Spike (relacionada à capacidade de entrada do coronavírus no organismo humano) torna a Ômicron “preocupante”.   

 Especialistas pedem que a população não entre em pânico enquanto não for possível obter as primeiras respostas — o que pode levar algumas semanas. O importante, agora, é manter a vacinação em dia e continuar utilizando máscara bem ajustada ao rosto, preferindo ambientes ao ar livre ou bem ventilados, guardando distanciamento de quem não habita o mesmo domicílio e higienizando com frequência as mãos.  

 Confira, a seguir, algumas das principais dúvidas envolvendo imunizantes e a recém-descoberta variante do coronavírus.   

As vacinas atualmente em uso são eficientes contra a variante Ômicron do coronavírus? 

Esta é uma das principais dúvidas de cientistas de todo o mundo, além de saber se a variante é mais transmissível e capaz de provocar doença mais grave. É provável que as vacinas disponíveis ofereçam, sim, alguma proteção contra a variante sequenciada na África do Sul — resta saber exatamente qual é o tamanho e a força dessa barreira. 

O que é possível fazer para se proteger neste momento? 

A recomendação de especialistas é que todos aqueles que estão habilitados a se vacinar procurem as unidades de saúde e mantenham seu esquema vacinal em dia. No Brasil, a terceira dose está disponível para idosos, profissionais de saúde, imunossuprimidos (com fragilidades no sistema imunológico) e todos aqueles que tomaram a primeira injeção há pelo menos cinco meses.  

É preciso manter ou reforçar as medidas não farmacológicas cientificamente comprovadas como eficazes para a redução do risco de infecção: uso de máscara bem ajustada ao rosto, manter ambientes bem ventilados e distanciamento de pessoas que não moram na mesma casa, higienizar frequentemente as mãos.  

— Todas essas medidas continuam sendo extremamente importantes até que tenhamos uma cobertura vacinal suficiente no mundo todo — destaca a médica brasileira Mariângela Simão, diretora-geral assistente para Medicamentos, Vacinação e Fármacos da OMS. 

O virologista Fernando Spilki, professor da Universidade Feevale, descreve a vacinação como “um acordo de grupo, social”, que funciona melhor conforme mais pessoas são imunizadas. 

— Cada indivíduo vai tendo uma proteção individual melhorada na medida em que o vírus circula menos — apontou Fernando Spilki, coordenador da Rede Corona-ômica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, nesta segunda-feira (29). 

Quais laboratórios estão testando a eficácia de suas vacinas contra a nova variante? 

As farmacêuticas americanas Pfizer e BioNTech, que fabricam em parceria a vacina Comirnaty, já deram início às testagens e anunciaram que a previsão é ter uma resposta em duas semanas. Caso o imunizante não se prove eficaz, é possível, de acordo com as empresas, desenvolver uma nova versão em cerca de três meses. O passo seguinte seria, então, submetê-la à aprovação dos órgãos regulatórios.  

A Moderna, com imunizante de mesmo nome aplicado em grande escala nos Estados Unidos, entre outros países, informou ser possível, caso se prove necessário, reformular sua vacina para o começo do ano que vem. A empresa informou já estar focada em três possibilidades de vacina contra a Ômicron. Pfizer/BioNTech e Moderna utilizam a plataforma chamada de RNA mensageiro, considerada de última geração — e capaz de permitir modificações de forma mais célere.  

Andrew Pollard, cientista britânico que liderou as pesquisas para o desenvolvimento da vacina de Oxford/AstraZeneca, que tem como parceira no Brasil a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), disse que é possível criar um imunizante contra a Ômicron muito rapidamente “porque os processos de desenvolvimento de uma nova vacina estão cada vez mais robustos”. Pollard, entretanto, acredita ser “altamente improvável” a forte propagação dessa cepa entre a população que já está devidamente imunizada com as doses necessárias até aqui. 

Qual a previsão para a divulgação dos primeiros achados científicos?  

Possivelmente, algumas respostas devem ser dadas ainda na primeira quinzena de dezembro. O virologista Fernando Spilki prevê novidades para breve: 

— É necessário tempo de laboratório e de análise. Isso deve estar mais consolidado entre esta semana e a próxima. 



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