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Coronavírus

Com Ômicron, brasileiros devem completar esquema vacinal e privilegiar espaços abertos

Medidas de prevenção não mudam diante da nova variante, mas cuidados precisam ser reforçados, orientam médicos

02/12/2021 - 08h11min

Atualizada em: 02/12/2021 - 08h12min


Marcel Hartmann
Marcel Hartmann
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Antonio Valiente / Agencia RBS

Com a confirmação oficial de casos de covid-19 no Brasil causados pela variante Ômicron, médicos e especialistas da saúde pública destacam que cuidados, talvez relaxados nos últimos tempos, devem ser reforçados — o que inclui usar máscaras em ambiente fechado, privilegiar encontros em espaços abertos e tomar, sem atraso, duas doses da vacina e o reforço. 

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que os cuidados para a Ômicron são os mesmos para as outras variantes, incluindo evitar aglomerações desnecessárias e, principalmente, completar o esquema vacinal — medidas também recomendadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

— Nossos hospitais têm leitos disponíveis, nossas salas de vacinação têm vacinas para vacinar todos os brasileiros que estão aptos para tomar essas vacinas — declarou o ministro.

Médicos ouvidos pela reportagem citam que a população não deve ficar alarmada — ainda há poucas informações sobre os riscos da Ômicron. Esclarecem, ainda, que frequentar ambientes ventilados e testar casos suspeitos são outras estratégias adequadas contra o coronavírus, independentemente da variante.

— Temos que manter o mesmo cuidado em relação à Delta, extremamente transmissível, mas que conseguimos controlar. Meu foco não é tanto na variante, mas no comportamento humano: é mais preocupante não querer testar se tiver sintoma, não completar o esquema vacinal e se aglomerar em ambiente fechado do que a chegada da variante — afirma Cezar Riche, médico infectologista no Hospital Mãe de Deus. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que há indícios de que a Ômicron seja mais transmissível e que é esperado crescimento de casos, o que reforça a necessidade de uso de máscaras em ambientes fechados. 

Não se sabe ainda se a nova variante é mais transmissível do que a Delta. Tampouco há conhecimento sobre se é mais letal: na África do Sul, cresceram as hospitalizações, mas pode ser devido ao aumento de casos em uma área de baixa vacinação — 24% dos sul-africanos estão com duas doses. 

Se diferentes regiões do Brasil discutem desobrigar o uso de máscaras ao ar livre, a piora da epidemia causada pela Delta em países europeus e a chegada da Ômicron devem motivar a manutenção da regra atual, diz a médica infectologista Danise Senna Oliveira, professora de na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). 

— Estamos em situação melhor do que quando surgiu a variante da Amazônia porque a cobertura vacinal é boa. Mas, agora, é hora de dar um passo atrás e reforçar as medidas de proteção. Estávamos avançando para liberar o uso de máscaras ao ar livre. Provavelmente, precisaremos frear. Mesmo países com vacinação mais avançada do que o Brasil tiveram que voltar atrás nessa recomendação. É a hora de manter os cuidados que temos no momento, incluindo máscara, álcool gel e o maior distanciamento possível — diz Danise, coordenadora do estudo da CoronaVac no Hospital-Escola da universidade.

A avaliação de Danise conversa com a declaração do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom — na segunda-feira (28), ele afirmou que “o surgimento da Ômicron é outro lembrete de que, apesar de muitos de nós acharmos que estamos cansados da covid-19, ela não está cansada de nós”.

As farmacêuticas já estão estudando a eficácia de suas vacinas contra a Ômicron. Um executivo da Moderna, imunizante amplamente utilizado nos Estados Unidos, já declarou que a eficácia dos produtos deve cair na comparação com a Delta, mas que a proteção contra casos graves e mortes deve perdurar.

A perspectiva é de que a covid-19 seja reduzida, na maior parte das vezes, a meros sintomas como dor de garganta, coriza e dor de cabeça, o que pode confundir a doença com rinite alérgica ou resfriado. Por isso, a menor alteração corporal deve motivar a busca por teste PCR e o isolamento, sobretudo antes das festas de Natal e Ano-Novo, para evitar infectar pais e avós. 

— Quem tem algum sintoma não pode esperar perder paladar e olfato para achar que está com covid. Se tem tosse, dor de garganta, coriza e desconforto, comunique o empregador e busque a testagem. O momento ideal é do terceiro ao sétimo dia após o início dos sintomas — acrescenta o infectologista Cezar Riche, ressaltando que ceias devem ser feitas ao ar livre ou ambientes bem arejados.

Se uma nova variante está à espreita, hoje brasileiros estão mais protegidos contra a covid-19, seja por vacinação ou pela imunidade adquirida após infecção natural, destaca o médico Airton Stein, professor de Epidemiologia na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Até esta quarta-feira (1º), quase 63% dos brasileiros receberam duas doses ou dose única da Janssen. No Rio Grande do Sul, a cobertura é de 69% e, em Porto Alegre, 72,8%. 

— O sistema imune das pessoas não está mais tão suscetível ao Sars-Cov-2 quanto no início, quando não tinha nenhuma defesa contra esse vírus. A Ômicron não terá tanta facilidade de gerar casos graves, a imunidade é muito maior do que no início da epidemia — diz Stein, ressaltando que a imunidade decai com o tempo, o que exige dose de reforço.

Para quem planeja férias, Stein diz que dá para viajar, mas é prudente escolher um destino com maior cobertura vacinal e curva de casos e de mortes controladas. Também é recomendado privilegiar espaços que exijam passaporte vacinal. 

— É uma proteção. Para outras doenças, temos que fazer vacina da febre amarela para entrar em uma série de países. O contato é mais seguro entre pessoas vacinadas, principalmente com o reforço — diz o médico de família e epidemiologista. 

Quais os sintomas?

A OMS destaca que não há informações atualmente sugerindo que os sintomas causados pela Ômicron sejam diferentes dos gerados por outras variantes. Relatos iniciais apontavam infecções em universitários — portanto, estudantes jovens que costumam ter sintomas mais leves —, mas a entidade destaca que é preciso aguardar mais dias para entender se de fato a nova cepa gera outros efeitos no corpo.


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