Não deu certo
Contêineres de cor verde, para lixo reciclável, são retirados de ruas do Centro Histórico
Instalação dos equipamentos começou em 2018, mas, segundo o DMLU, não houve adesão da população, que seguiu realizando descarte irregular de resíduos orgânicos nos recipientes
A partir desta segunda-feira (24), os contêineres de cor verde, destinados ao lixo reciclável, serão retirados das ruas do Centro Histórico de Porto Alegre. A instalação dos recipientes começou em novembro de 2018, mas a falta de adesão da população levou a prefeitura a desistir do projeto-piloto.
Em um primeiro momento, os contêineres verdes foram instalados em uma região mais movimentada da região central, nas imediações das avenidas Borges de Medeiros e Salgado Filho. Sem sucesso, foram transferidos para uma área residencial do bairro, entre as ruas Riachuelo, Duque de Caxias e Washington Luiz, mas os resíduos seguiram sendo descartados de forma incorreta.
No lugar dos recipientes verdes, serão colocados 50 contêineres de cor cinza, da coleta automatizada de resíduos orgânicos e rejeito.
Conforme o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), durante o período de testes, constatou-se que os equipamentos verdes estavam sendo usados para descarte de lixo orgânico e rejeito, apesar das ações educativas implementadas. Desta forma, os resíduos perdiam o potencial reciclável.
A prefeitura diz que não tentará replicada a iniciativa em outros bairros.
— A remoção dos contêineres verdes é uma tentativa de qualificar a coleta de resíduos recicláveis, especialmente na região central, onde há grande volume deste tipo de material por conta das lojas. Os equipamentos destinados à coleta de recicláveis estavam sendo usados da forma errada e, por isso, pensamos numa estratégia para recolher os resíduos de forma mais segura e destiná-los a quem mais precisa, que são as famílias que trabalham nas Unidades de Triagem — explica o secretário municipal de Serviços Urbanos, Marcos Felipi.
Conforme GZH mostrou em outubro do ano passado, Porto Alegre diminuiu em um terço a coleta seletiva de 2015 para 2021 — provocando efeitos visíveis nas 16 unidades de triagem de material conveniadas à prefeitura, de onde cerca de 600 pessoas retiram sustento: a escassez de material leva centros a funcionarem apenas em alguns dias da semana e a realizar um revezamento entre os trabalhadores. Segundo dados do DMLU, apenas 4,5% do lixo coletado é reciclado na Capital atualmente.
Nova estratégia
A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb), por meio do DMLU, lançou em novembro do ano passado um programa de "busca ativa" de recicláveis. A ação tem atuação pela Coleta Tri — uma parceria da Cooperativa de Trabalhadores Autônomos das Vilas de Porto Alegre (Cootravipa) com a prefeitura de Porto Alegre —, que funciona por meio de um aplicativo desenvolvido pela cooperativa.
Nesta ferramenta, são cadastrados os estabelecimentos que aceitam entregar o resíduo reciclável regularmente para a coleta seletiva. O sistema acompanha a frequência de coleta dos resíduos entregues pelos grandes geradores.
Até o momento, já estão cadastrados no projeto 174 condomínios e 319 estabelecimentos comerciais.
Produção: Guilherme Gonçalves