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Avanço da Ômicron

RS tem 10 mil novos contaminados em um dia e vive "explosão de casos"; veja gráficos

Apesar de “tsunami” de contaminações, impacto no número de internações ainda é incerto, dizem especialistas

12/01/2022 - 10h01min

Atualizada em: 12/01/2022 - 10h17min


Gabriel Jacobsen
Gabriel Jacobsen
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Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Nos últimos dias, cresceu a procura por atendimento e testes para covid-19 na Capital

 O Rio Grande do Sul vive uma explosão de casos de covid-19, com crescimento exponencial de contaminações que leva a um cenário incerto de segurança sanitária para as próximas semanas. Apenas nesta terça-feira (11) foram confirmados mais 10.121 casos, inclinando ainda mais a íngreme curva de novas contaminações que começou a se formar na semana do Natal.

Com a atualização desta terça-feira, sobe para 5.670 a média móvel diária de casos no Estado (veja gráfico abaixo). Em março, no pior momento da pandemia até aqui, o Estado chegou a registrar uma média móvel de 7.728 casos.

— No início deste ano a gente estava analisando os dados e ainda aguardando para ver se esse crescimento se devia a algum represamento. Mas agora já está consolidado, são realmente casos novos confirmados. A gente já está vivendo no Rio Grande do Sul o que os países do hemisfério norte viveram semanas atrás. É um tsunami de casos. A progressão de infectados vem dobrando a cada dois ou três dias. Isso é típico do crescimento exponencial — avalia Suzi Camey, professora de estatística e epidemiologia da UFRGS.

Em julho de 2021, a curva de casos por data de inclusão chegou a dar um salto pontual, mas o movimento foi antecipado pelas autoridades de saúde e se tratava da inclusão retroativa de dados de meses anteriores.

— O número de casos é explosivo. A Ômicron gera a maior velocidade (de contaminação) que já vimos. Uma explosão de casos no Estado a gente já pode dizer que há, certamente. Com toda a subnotificação que existe, a gente já vê esse absurdo (de novos casos) — endossa a professora Lucia Pellanda, reitora da UFCSPA e epidemiologista.

O indicador de casos confirmados por dia considera a data de inclusão dos novos casos no E-SUS – sistema que ficou fora do ar entre 10 e 23 de dezembro e que apresentou lentidão em outros momentos, por conta do apagão de informações sobre a covid-19 nos bancos de dados do governo federal.

O aumento expressivo desse indicador, contudo, não se deve à publicação atrasada de dados, uma vez que se confirma em um segundo indicador: o de novos casos confirmados por data de início de sintomas. Essa curva não sofre o mesmo impacto do represamento de dados e demonstra o avanço rápido da doença no Estado.

Analisando os números desse indicador, é possível perceber que, em um intervalo de duas semanas, o número de casos subiu ao menos dez vezes no Estado. A penúltima semana de 2021 somou ao menos 2.786 casos, enquanto a primeira semana de 2022 contabiliza ao menos 28.677 casos.

Certeza sobre contaminação, dúvida sobre impacto nos hospitais

Se há certeza da disseminação veloz do vírus, há dúvida sobre o impacto que ele terá nas internações e mortes. Para a epidemiologista Suzi Camey, será preciso aguardar mais alguns dias para compreender a evolução da contaminação, o percentual de casos agravados e o quanto isso pesará no sistema estadual de saúde. Em favor do Rio Grande do Sul está o índice elevado de vacinação.

— O que nos ajuda (a evitar hospitalizações) é a gente ter uma vacinação bastante elevada. Por outro lado, a gente tem esse surto concomitante de influenza. O momento atual preocupa no seguinte sentido: a grande maioria das pessoas, em função da vacinação, tem apenas sintomas leves, e isso acaba dando uma sensação de segurança. Mas precisamos pensar em grandes números. Se tivermos 50 mil contaminados em um dia, poderemos ter um número expressivo de internações simultâneas. O que a gente teria que conseguir agora é frear a escalada exponencial de casos — avalia Suzi.

O impacto que o avanço da Ômicron terá no sistema de saúde gaúcho, acrescenta Lucia, vai depender de série de fatores, como o respeito aos protocolos sanitários. A epidemiologista diz que, hoje, não é possível estimar o reflexo nos hospitais.

— A repercussão desse alto contágio sobre internações e mortalidade é variável. Não quer dizer que seja leve, mas variável. Depende de cada região, de quando houve a última onda, da proporção e homogeneidade da vacinação, além de uso de máscara e adesão da população às medidas de proteção. Acredito que a contaminação vai impactar mais no isolamento do que na mortalidade e internação, embora, hoje, eu ainda não possa garantir isso. Nas próximas semanas temos que olhar com muito cuidado para os indicadores. A gente deve ter atenção e cuidado — avalia Lucia.

Internações sobem, mas mais lentamente que os casos

O número de pessoas com covid-19 internadas em leitos clínicos de hospitais subiu 80,1% nos últimos sete dias. No dia 4, o Estado contabilizava 176 pessoas com confirmação de covid-19 nesses leitos de baixa e média complexidade. No fim da tarde desta terça-feira (11), havia 317 pessoas na mesma situação.

— O crescimento no número de hospitalizados foi bem assustador nos primeiros dias do ano. Agora, parece ter dado uma desacelerada. A hospitalização é um dos nossos melhores termômetros. Esta semana será muito importante para a gente entender a velocidade das hospitalizações — diz Suzi.

Em valores absolutos, o Estado segue com um número reduzido de internados em leitos clínicos pela doença, na comparação com as ondas anteriores. No momento mais grave, em março de 2021, havia 5.435 pessoas com covid-19, nesses espaços.

Nas UTIs gaúchas, o crescimento no total de internados é mais lento. No mesmo período, houve aumento de 16,5%. 


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