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"Batinvasão"

Secretaria do Meio Ambiente confirma maior atividade de morcegos na Capital; veja o que fazer caso entrem em casa

Centro Histórico lidera número de avistamentos; migração, calor e chuva explicam comportamento

21/01/2022 - 08h48min

Atualizada em: 21/01/2022 - 08h49min


GZH
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Bianca Aveline / Smamus
Estagiária de Biologia da Smamus, Nassara Belling Melo segura um dos animais, de hábitos insetívoros, na sede da secretaria nesta quinta-feira (20)

No auge do verão, a população da Capital tem recebido visitas mais frequentes de morcegos em suas casas e apartamentos. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) confirmou o aumento na atividade dos animais — explicado pelo comportamento migratório e pelo calor e pela chuva recente no RS —, acompanhada de uma maior procura da população por orientações.

De acordo com a Equipe de Fauna Silvestre da Smamus, as espécies que aparecem nesta época do ano são de hábitos insetívoros — ou seja, comem baratas, cupins e mosquitos —, e não hematófagos, que vivem em cavernas e se alimentam de sangue. Elas possuem um comportamento migratório, chegando à cidade em outubro, devido à maior quantidade de alimentos disponíveis na área urbana. As fêmeas já se estabelecem grávidas, e têm seus filhotes em dezembro. Em janeiro, eles estão crescidos e aprendendo a voar.

O aumento na visualização desses animais em janeiro se deve a uma conjunção de fatores. Com os filhotes aprendendo a voar, muitas vezes eles erram o caminho de volta para a colônia e adentram janelas. Além disso, as altas temperaturas deixam os animais mais ativos e agitados. Já períodos de chuva no final da tarde — horário de saída dos morcegos dos abrigos — faz com que molhem o pelo e acabem perdendo a capacidade de voo, podendo entrar em casas e apartamentos. No entanto, já em fevereiro, as colônias começam a abandonar a cidade, rumo ao norte, pois seu ciclo de cria de filhotes já se encerrou.

O Centro Histórico lidera no número de avistamentos, devido à grande quantidade de prédios antigos, com telhados sem vedação, mas as visualizações ocorrem em toda a cidade. No entanto, a bióloga Soraya Ribeiro, chefe da Equipe de Fauna da Smamus, acredita que, embora estejam recebendo mais ligações sobre os morcegos, eles diminuíram em número na cidade.

— Não ouvimos ou constatamos grandes colônias desses animais. Sempre são ligações de locais com poucos indivíduos. Isso preocupa, pois, na ausência de morcegos, aumentarão os insetos na cidade — destaca.

O órgão ressalta que os morcegos são animais silvestres importantes no equilíbrio ambiental, pois regulam a população de diversos insetos, alguns deles vetores de doenças. Como todo animal silvestre, também são protegidos pela Lei nº 9.605/1998, chamada de Lei de Crimes Ambientais, que enquadra atos como matar animais silvestres. Não se deve eliminar morcegos, pois, além de incorrer em crime ambiental, a pessoa se expõe a riscos ao fazê-lo — se o animal estiver doente, pode haver contato direto com fluidos, como sangue, levando a problemas de saúde.

— As pessoas não têm paciência, têm medo e matam. E, aí, têm contato com o sangue, o que é muito pior, o risco aumenta muito mais — explica a bióloga.

Em relação à raiva, Soraya ressalta que os morcegos acometidos pela doença geralmente aparecem mortos ou debilitados. O órgão alerta, portanto, que morcegos mortos podem ser indício de alguma doença, que deve ser investigada. Neste caso, deve-se procurar a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre. Já aqueles que voam, entram nas casas e ficam pendurados, são saudáveis.

Dicas do que fazer caso entrem em casa

Os morcegos passam o dia dormindo e têm fotofobia (se incomodam com a luz). Eles saem por volta das 20h para se alimentar e, em seguida, retornam aos telhados. Se o morcego entrou na casa durante a noite, a secretaria aconselha isolar a peça. Ele ficará o dia todo em algum local, pendurado. 

A recomendação é afastar pets e, no início da noite do outro dia, abrir todas as janelas e apagar as luzes — ele só sairá quando o sol se põe, para se alimentar. Se for necessário removê-lo, pode-se utilizar uma caixa ou algo semelhante e colocá-lo na rua, em uma árvore ou um local alto para que consiga voar — jamais com contato direto com o morcego.

A bióloga não recomenda o uso de dispositivos de som, cheiro ou luz para evitá-los ou espantá-los:

— Eles não se mostraram eficazes. É preciso esperar a migração e, depois, vedar telhados. A época da migração já está próxima.

Quem tem animais de estimação deve mantê-los vacinados contra a raiva. A população também pode buscar orientações no telefone 156. O órgão não envia equipe até o local para remover morcegos.

Produção: Fernanda Polo


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