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Honestidade

Funcionário de mercado acha R$ 700 no chão e devolve para cliente: "Dinheiro é mérito de quem trabalhou por ele"

Montante pertencia a uma empresária do município de Dois Irmãos

17/02/2022 - 15h09min

Atualizada em: 17/02/2022 - 15h15min


Tiago Boff
Tiago Boff
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Tiago Boff / Agencia RBS
Wesley da Silva dos Santos trabalha há menos de um mês como supridor em estabelecimento no Vale do Sinos

Algumas frases de senso comum, como “achado não é roubado”, não se aplicam ao jovem Wesley da Silva dos Santos. Supridor de um mercado de Dois Irmãos, no Vale do Sinos, ele colocou em prática a educação aprendida em casa e na escola: encontrou R$ 700 caídos no piso do corredor de produtos de limpeza, chamou a gerência e alertou sobre o achado. 

— Sempre me foi ensinado: o que não é teu, não mexe. Dinheiro é mérito de quem trabalhou por ele. Não pensei em ficar (com a quantia) pra mim porque foi assim que eu aprendi — explica.

Com apenas 18 anos, Wesley se mostra tímido com os elogios. Trabalha há menos de um mês no Unisuper do centro da cidade. O montante devolvido representa metade do seu salário, a mesma média do que ganham os familiares em sua casa — Wesley vive com o pai, o cunhado e a irmã. Há cinco anos, após o divórcio dos pais, perdeu contato com a mãe. Quando ela soube do caso, mandou mensagem para o filho, parabenizando pelo ato.

 — Pode ser um recomeço — acredita o jovem.

Nas ruas do acolhedor município, a história se espalhou, em especial depois que foi contada pelo repórter Gustavo Foster, do portal G1. No mercado, o rapaz virou exemplo.

— Maravilhosa a história. Honestidade — define a funcionária Hedi Beress, 53 anos.

—  Ele é um guri bom. Sou de Porto Alegre, e lá é muito raro isso acontecer. Uma vez perdi a carteira, busquei nos Correios e encontrei só a carteira (vazia) mesmo —diz a caixa Camila Castro, 38 anos.

O gerente do mercado, Matias Follmer, 34 anos, vive na Região Metropolitana. É responsável pela unidade de Dois Irmãos há apenas seis meses, e conta que nessa área de subida para a Serra os costumes são diferentes dos que estava habituado.

 —  Na primeira semana que eu tava aqui, encontrei uma carteira em cima da mesa de um restaurante. Chamei o garçom e avisei, preocupado. Ele disse que é normal, que as pessoas deixam pra reservar o lugar. Se fosse na Região Metropolitana, acho que levariam tudo  —  compara.

O dinheiro foi perdido por uma empresária da cidade há uma semana, em 10 de fevereiro. Em contato com a reportagem, ela pediu para não ser identificada. Contou ter ido a estabelecimentos comerciais da região, mas só se deu conta que estava sem o maço de notas horas depois.

— Refiz o trajeto e lembrei do mercado. Fiquei eufórica, mas de nervosa, sabe? Fiz contato, me avisaram, aí voltei lá pra retirada. Dessa vez eufórica de felicidade, não de desespero —relembra.

A empreendedora agradeceu, se disse feliz e aliviada pela decisão do trabalhador. A gravação de voz com elogios foi enviada à reportagem de GZH, e veiculada no programa Gaúcha Hoje, da Rádio Gaúcha, nesta quinta-feira (17).

—  Foi uma sensação de alívio. Infelizmente, em situações parecidas, as pessoas não fazem o mesmo que o Wesley fez. Por isso fica mais uma vez meu agradecimento e minha gratidão — reitera.

A resposta, ao vivo na rádio, demonstra a inocência do garoto:

— Agradeço a mensagem dela, mas que cuide melhor do dinheiro pra não deixar cair no chão de novo.

Ouça as entrevistas na Rádio Gaúcha: 



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